Em tempo de férias, cinema, filmes da Disney e outros que tantos, há que relembrar a importância de mostrar aos mais novos, os clássicos da 7ª arte. Mostrar-lhes que para além dos efeitos especiais, das criaturas fantásticas e das paisagens maravilhosas, sempre houve no cinema motivo de encanto.

Porque entreter é bom, ensinar é óptimo e mostrar do que é feito a Humanidade é sem dúvida, melhor ainda. As escolhas que farão, que sejam antes de mais as suas. Mas que nunca nos digam que não sabiam que havia mais por onde escolher.

O Grande Ditador

Em 1940 Charlie Chaplin apresenta ao mundo O Grande Ditador, aquele que viria a tornar-se o seu maior sucesso comercial.

Numa sátira mordaz, condenando os regimes fascistas da Europa de então, a genialidade de Chaplin revela-se uma vez mais em toda a produção do filme, e brilha de forma impar neste discurso.

Sim, em nossa casa, por vezes, voltamos aos clássicos… Uns mais clássicos e outros nem tanto. Mas sempre com um sentido.

O Grande Ditador é um dos clássicos presente na lista de filmes a apresentar à Patrícia. É só dar-lhe tempo…

E vocês? Vão mostrar os clássicos aos vossos filhos?

Sim, que isto de ser pai, tem muito que se lhe diga… E como ser pai não é só receber mimos e beijos doces, pareceu-me uma altura tão boa como qualquer outra para exercer outra das funções de pai: a de educador.

Confesso que já não sei porquê, mas esta manhã, ao entrarmos para o carro, referi a expressão Crazy Train. Daquelas coisas que eventualmente não teria qualquer sentido considerando que, nem de perto nem de longe, falávamos de comboios.

Pergunta-me a Patrícia:

“Pai, de que é que estás a falar? O que é o Crazy Train?”

Ora bem, este é um daqueles momentos verdadeiramente estranhos mas que podem (e certamente acontecem) acontecer na vida de qualquer pai. Chegou a hora de explicar à Patrícia o que é o Crazy Train.

São 8 da manhã. Pai que é pai faz aquilo que tem que ser feito. Saca do telefone, vai ao Youtube e…

“Filha, este “avozinho” continua a dar música a muita gente. Importante é aprender que, independentemente do tipo de música pela qual se tem preferência, há boa música em todo o lado, em todos os géneros. Esta por exemplo, é uma boa música.”

A explicação sobre a paranóia da Guerra Fria, as armas nucleares, o Nash equilibrium e o John von Neumann ficam para mais tarde, com tempo.

Ainda assim, fiquei com muita vontade de propor à nossa filha uma sessão de cinema caseiro este fim de semana: Cobertores, pipocas e Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb.

Depois de um primeiro poster promocional de Vingadores: A Era de Ultron, onde a Viuva Negra aparecia meramente como personagem de suporte, eis que a Marvel lança uma série de novos posters de promoção ao filme, destacando cada um dos Vingadores.

Viuva Negra em Vingadores: Era de Ultron - Pedro Rebelo

O poster da personagem interpretada por Scarlett Johansson, Natasha Romanova para os fãs mais aguerridos, tem sido no entanto tema de debate na Internet, uma vez que a Viuva Negra aparece com um novo fato, mais electrizante, de alguma forma recordando os desenhos do personagem na década de 70 do século passado, onde esta tinha braceletes dourados nos pulsos, a partir dos quais lançava os seus “ferrões”.

Este “upgrade” ao visual do personagem em Vingadores: A Era de Ultron, deixa uma vez mais os fãs esperançosos de que esteja para breve algo mais, quem sabe um filme da Viuva Negra, mas tudo aponta para que a próxima grande estreia da Marvel com um personagem feminino à cabeça seja Captain Marvel em Novembro de 2018.

Até lá, para todos que como eu, são fãs da Viuva Negra, resta-nos as participações do personagem neste Vingadores: A Era de UltronAvengers: Infinity War Part 1 a estrear em Maio de 2018.

Quanto aos posters, vejam todos na página da Marvel no Facebook.

O que é verdadeiramente ser humano? Quais as consequências morais de fazer o papel de Deus? E quando nos esquecemos delas, quais as implicações disso na nossa vida?

Blade Runner - O inicio

No inicio do séc. XXI, a TYRELL CORPORATION levou a evolução dos robots até à fase NEXUS – um ser virtualmente idêntico a um humano – conhecido como Replicante. Os Replicantes NEXUS 6 eram superiores em força e agilidade, e eram pelo menos iguais em inteligência, aos engenheiros genéticos que os criaram. Os Replicantes eram usados fora da Terra como mão-de-obra escrava, na perigosa exploração e colonização de outros planetas.

Depois de um sangrento motim de uma unidade de combate de Replicantes NEXUS 6 numa colónia fora da Terra, os Replicantes foram declarados ilegais no planeta – sob pena de morte. As unidades especiais de polícia – Unidades de Blade Runners – tinham ordens para atirar a matar, assim que detectassem qualquer Replicante transgressor. A isto não era chamado de execução. Era chamado de reforma. Los angeles 2019.

Um pequeno grupo de Replicantes (ciborgues artificialmente criados através da engenharia genética, mais próximos dos clones do que dos robôs e banidos da terra depois de uma revolta sangrenta), liderado por Roy Batty, regressa à Terra em busca do segredo da vida, algo que lhes permita ultrapassar o limite de 4 anos com que os seus corpos são programados. Nessa altura, um antigo Blade Runner (policias especialmente treinados como detectives e caçadores de recompensas), Rick Deckard, é chamado para voltar ao activo e reformar (do inglês retiring) de vez, os Replicantes rebeldes.

A cena inicial do filme mostra-nos bocas-de-fogo que explodem sem parar numa noite de luzes. A associação a uma realidade pós-apocalíptica é imediata, sem necessidade de expressa declaração. As ruas da cidade mostram-se imundas, repletas de sub-gente (como lhes chama Bryant, chefe da Unidade Blade Runners quando diz a Rick Deckard ‹‹You know the score, pal. If you’re not cop, you’re little people.››).

Sabemos que tem que haver quem viva outras vidas pois as sensações de sufoco e atrofio que as imagens dos prédios em volta nos dão só podem vir de mais gente, que imaginamos parada, nos sofás, frente e ligada a máquinas. No entanto, não entendo nisto uma construção da tecnologia como sendo por natureza maléfica. Deckard diz aliás em certa altura:

Replicants are like any other machine. They can be a benefit or a hazard.

Como entende Jyanni Steffensen em Decoding Perversity: queering cyberspace, a crescente dificuldade em destrinçar os humanos dos Replicantes vai minando a dicotomia positivo/negativo de natureza/tecnologia.

Olhos. Janelas da alma

Blade Runner - Olhos Janelas da Alma

Um olho gigantesco faz a ponte para a cena seguinte mas serve ao mesmo tempo para nos chamar à atenção desde logo, para a importância do globo ocular no desenrolar da história. Se no Frankenstein de Mary Shelley, o olhar da criatura mostra a sua inumanidade, em Blade Runner é  através do olhar que a mesma pode ser comprovada.

Os Replicantes são detectados através de uma máquina, Voight-Kampff,  que mede algumas das emoções humanas através de respostas biológicas como a dilatação involuntária da íris, uma versão reminiscente da máquina de Turing. Os Replicantes usam os olhos só para ver enquanto os humanos expressam por eles algumas das suas emoções. A ausência de tais emoções, particularmente, as provocadas pelas memórias, é a confirmação da chamada condição inumana.

A condição inumana e a representação de humanidade

A condição inumana dos Replicantes é talvez a maior representação de humanidade no filme. Os Replicantes colocam questões filosóficas sobre a sua existência. Querem, de certa forma como os humanos, saber quem são e o que fazem aqui. Marcel Danesi em Messages, signs, and meanings: a basic textbook in semiotics and communication diria que é  uma consciência do Eu a despontar.

Também o surgir das emoções, memórias e até as fotografias que as sustentam, elevam a névoa na distinção entre homem e máquina. Veja-se o caso de Rachel, a Replicante femme fatale , ícone da problemática Replicante, nunca sendo o que parece, por quem Deckard acaba por se apaixonar. Rachel não tem conhecimento de ser um Replicante. É na relação com Rachel que Deckard se interroga pelo contrário. A sua falta de sentimento, a sua frieza para com a função que lhe foi incumbida, de “reformar” os Replicantes, será porventura sinal dele próprio estar além da humanidade.

Mais humanos que os humanos

Também a representação dos humanos como menos humanos do que seria de esperar não é inocente. Veja-se quando de entre os humanos temos Gaff o polícia, que é coxo, Chew o fabricante de olhos, que parece saído de um livro fantástico ou J.F. Sebastian, o engenheiro genético que sofre de envelhecimento acelerado (para não referir novamente as criaturas mutantes que controlam as ruas).

É entre os Replicantes e não entre os humanos, que se visualiza um conceito de família. Eles sofrem uns pelos outros, na perca e na paixão que os leva a agir em busca do seu objecto de desejo: vida.

Mas ao mesmo tempo que estes Replicantes parecem ser verdadeiros humanos, eles parecem ser também, paradoxalmente “Mais humanos que os humanos” (More human than human é o slogan, a assinatura da Tyrell Corporation, criadora dos Replicantes.) principalmente o seu líder, Roy Batty.

A ver vamos se amanhã continuamos a conversa.

p.s. Se eu podia escrever sobre qualquer outra coisa hoje? Podia. Mas não seria a mesma coisa…

A nossa ideia de ver todos os filmes de James Bond até à estreia de Skyfall já foi por agua abaixo… Bem, já vimos um, o primeiro, James Bond, Dr. No. É um começo certo?

James Bond Skyfall no browserd.com

Como já estou certo de que tão cedo não temos disponibilidade para ver mais, ao menos que nos calhe o dito Skyfall e se tudo correr bem, pode já ser no próximo fim-de-semana que não me importo nada…

Há já muito que um trailer de James Bond não me causava grande impacto ou pelo menos, não me despertava tanto interesse. Com Skyfall parece haver um back to basics, um James Bond mais negro?

A ver vamos se o filme cumpre o prometido.