Em altura de eleições, esta é uma pergunta que se ouve com alguma regularidade: O Facebook influencia a opinião nas eleições?

Sim, o Facebook passou a ser mais um dos membros do Conselho Consultivo de cada família, de cada instituição. Cada vez mais parece ser um elemento fundamental na formação da opinião, principalmente, da opinião pública.

No debate A estratégia digital dos partidos políticos portugueses, promovido pela Restart – Instituto de Criatividade, Artes e Novas Tecnologias, essa foi uma das questões levantadas. O Facebook influencia a opinião nas eleições? Terá o poder de mudar o sentido de voto?

Facebook Influencia eleições - Fotografia de Hugo Fernandes
Fotografia descaradamente retirada do feed do Hugo Fernandes. Visitem-no em imhugo.com

Os departamentos de Comunicação e de Ciências Políticas e Relações Internacionais da Universidade de Delaware, publicaram esta semana no Journal of Experimental Political Science um estudo intitulado Interactivity between Candidates and Citizens on a Social Networking Site: Effects on Perceptions and Vote Intentions onde comprovam que, quando os utilizadores do Facebook vêem comentários favoráveis sobre um determinado político, as suas opiniões são influenciadas positivamente e, quando vêem comentários negativos sobre determinado político, existe um efeito negativo.

Mas afinal, o Facebook influencia ou não?

Este estudo parece ser somente um comprovar científico de um quase lugar comum, o de que nos deixamos influenciar pela opinião dos outros, mas se levarmos à letra a questão do estudo ou seja, o efeito Facebook, se o Facebook influencia a opinião nas eleições, sobre um determinado político, ou seja, se não pensarmos na nossa opinião mas sim no que o Facebook pode fazer (e note-se, eu digo “pode” e não “faz”), então esse estudo é realmente pertinente, mais ainda, em época de eleições.

À pergunta colocada ontem no debate, sobre o poder do Facebook, sobre se o Facebook influencia efectivamente ou pode influenciar a intenção de voto, eu respondi que antes de mais deveríamos repensar a questão ou seja, deveríamos perguntar se a nossa opinião poderá mudar, ser formada, considerando as opiniões e informações em geral difundidas no Facebook.

Dizer que o Facebook tem poder para o fazer, é admitir que está para além das nossas mãos, que a decisão não seria nossa. No entanto, deixei igualmente a nota: Sim, o Facebook tem poder para tal. O Facebook pode influenciar a opinião nas eleições. Recordei o estudo Experimental evidence of massive-scale emotional contagion through social networks” sobre o qual escrevi aqui, onde um equipa de cientistas do Facebook manipulou o conteúdo recebido por cerca de 700.000 (setecentos mil) utilizadores da rede para comprovar até que ponto estas manipulações iriam influenciar o estado emocional dos utilizadores.

Na altura perguntei:

Se é possível o Facebook manipular o feed de noticias de 700.000 utilizadores, o que o impede de manipular o feed de noticias de 5 milhões (aproximadamente o numero de utilizadores do Facebook em Portugal) ou de todos os utilizadores?

E agora pergunto:

Se nós sabemos já que é possível controlar o que aparece no feed e se sabemos também que a opinião, nomeadamente a opinião política, é mutável em conformidade com a informação que recebemos nesse mesmo feed então, o que impede o Facebook de literalmente nos dizer em quem votar?

Se quiserem, o Facebook influencia!

Aqui sim, nesse cenário (que está longe da ficção, que está longe da teoria da conspiração) o Facebook influencia efectivamente a opinião nas eleições, aqui sim, o Facebook tem poder.

Como já referi acima, eu não digo que o Facebook o faz. Deixo só a nota para que nos lembremos que o Facebook o pode fazer.

Pois é, o Notes no Facebook está de volta e acabei de ver no meu perfil que está agora mais actual, mais visual, mais sexy… Pois é, agora o Notes no Facebook parece-se mais com os blogs.

Notes no Facebook Pedro Rebelo

Mas ainda existe o Notes no Facebook?

A ultima vez que usei a funcionalidade de Notes no Facebook foi em Março de 2011. Na altura, usava o Notes no Facebook para replicar os meus posts aqui no browserd.com. Fazia um post aqui e publicava automaticamente um novo post no Facebook, com o mesmo conteúdo, através do Notes. Resultado disto? Os comentários deixaram por completo o site e mudaram-se de armas e bagagens para o Facebook. Os leitores não tinham qualquer necessidade de ir ao site pois todo o conteúdo estava ali, no mesmo sitio onde eles estavam.

Mas o browserd.com é o meu espaço, o meu personal playground, o sitio onde eu escrevo o que quero e como quero. Em ultima análise, o sitio que estará sempre aqui, sempre enquanto eu assim o desejar. Poderia dizer o mesmo do Facebook? Não.

Foi nesse mês de Março de 2011 que decidi deixar de usar o Notes no Facebook. Continuaria a publicar os links para cada novo artigo que escrevesse mas, quem o quisesse ler, completo, deveria vir ao blog.

Nem por isso os comentários voltaram ao blog. As pessoas continuaram a comentar no Facebook, desta feita, nos links que lá deixava. Sim, as visitas ao browserd.com aumentaram mas aumentaram de igual forma o numero de comentários de quem claramente não tinha lido os posts por completo, de quem claramente só lera o titulo ali no Facebook e tal bastara para deixar a sua opinião, muitas vezes, para destilar o seu veneno.

Mas há muito que não se fala do Notes no Facebook

Curiosamente, foi mais ou menos a partir dessa altura que deixou de se falar do Notes no Facebook. Notoriamente os interesses ou pelo menos a forma de navegar na Internet pareciam ter mudado. As pessoas liam cada vez menos. Interagiam. Isso sim. Interagir é a regra de ouro. Like para cima e para baixo, share a torto e a direito. Like ao quê? Share do quê? Isso agora não interessa nada. Faz ai mais um like se faz favor. Partilha lá isto que tem piada.

Os anos passaram e de repente alguém diz que estamos na Era do Conteúdo. Por esse mundo fora, quase silenciosamente, os blogs vão renascendo, página a página, post a post, blogs de moda, blogs políticos, blogs de desporto, blogs de estrelas e personalidades… Blogs, blogs, blogs por todo o lado. Diacho, até o Linkedin, aquela rede cinzenta, séria e profissional (dizem) de um momento para o outro diz “venham cá e escrevam posts, façam disto o vosso blog“.

Conteúdo, conteúdo, conteúdo… O mundo é feito de texto, seja ele palavras ou imagens. E o Facebook sabe disso. Durante anos não lhe ligou nenhuma. Para quê? Estão todos encantados, entretidos a fazer likes e shares, uns atrás dos outros, sem ler… Mas de repente acordou.

Sim, o Notes no Facebook voltou!

Venham, venham, temos Notes no Facebook outra vez, e desta feita em grande. Ponham imagens, imagens de cover, imagens no body, ponham muitas imagens que a malta gosta disso. E por falar em body, apliquem-lhe as regras do bom html, façam o vosso trabalho de SEO, apliquem H1’s e H2’s, apliquem listas e citações, esforcem-se e em breve, o vosso conteúdo do Notes no Facebook dominará os primeiros lugares nas pesquisas do Google. Não é isso que vocês querem?

Bem, falo por mim. Não, não é isso que eu quero. Quero os primeiros lugares nas pesquisas do Google sim mas, quero-os a apontar para o meu espaço, para o meu site, para o meu blog. Quem sabe quanto tempo durará o Facebook? Quem sabe quanto tempo durará qualquer uma das redes que estão agora tão em voga?

O browserd.com já cá está desde 2001. Já viu nascer e morrer muitas redes, gigantes que pareciam ter conquistado o mundo e de repente… Mas o browserd.com ainda cá está.

É por essa razão que o regresso do Notes no Facebook não me convence. Sei que mais uma vez serei eu contra o mundo mas ainda assim, prefiro continuar no meu espaço, a partilhar com todos vós aqui, no Facebook e em todas as outras redes.

 

Apagar posts no Facebook não é uma boa prática. Há muito que se sabe. A tinta que já correu sobre esse tema. E não é só quando se fala de grandes marcas, de gente famosa. A regra é a mesma quando de fala do Zé Costa. Não sabem quem é o Zé Costa? É um jovem que gosta de apagar posts no Facebook.

O Zé Costa andou a apagar posts no Facebook

Ó Zé, ninguém te disse que é “má onda” apagar posts no Facebook? Quando isso acontece, seja nas tais grandes marcas, seja com gente famosa ou, bem, contigo, apagar posts no Facebook dá assim uma ideia de que não se sabe bem o que se faz.

  • Apagar posts no Facebook dá ideia de que não se percebe nada do Facebook;
  • Apagar posts no Facebook dá ideia de que não se percebe nada de Internet.
  • Apagar posts no Facebook dá ideia de que não se percebe nada de comunicação;
  • Apagar posts no Facebook dá ideia de que não se confia no que se faz;
  • Apagar posts no Facebook dá ideia de que não se sabe fazer.

E convenhamos, quem não sabe fazer, o melhor que faz é aprender pois caso não aprenda, faz asneira, da grossa, tipo apagar posts no Facebook.

O Zé Costa é alguém que escreveu ontem um post no Facebook dizendo que o meu texto “Pessoas com filhos vs pessoas sem filhosé um texto estúpido. Aliás, escreveu o Zé Costa antes de se dar a essas tropelias de apagar posts no Facebook que, e passo a citar, o texto estaria ótimo, se não revelasse ignorância e estupidez.

O Zé Costa parece ser (escrevo parece pois não o conheço) uma daquelas pessoas capazes de dizer que o arroz doce estaria ótimo se não estivesse tão salgado ou que o tornedó de vitela estaria ótimo se não soubesse a peixe… O Zé Costa (o tal que escreveu que o meu texto é estúpido antes de se pôr a apagar posts no Facebook) deveria reler o que escreve antes de carregar no botão de publicar. Isso, possivelmente evitaria que depois fosse apagar posts no Facebook.

Mas não é só na escrita que o Zé Costa parece ter problemas de entendimento. Bem, é óbvio que também os tem no que se refere a presenças na Internet e publicações nas redes sociais. Se assim não fosse, não se punha a apagar posts no Facebook. Mas o problema, na minha opinião, ainda mais grave, é a leitura.

Ao que parece, algures no meu post, o Zé Costa entendeu que eu estava a escrever sobre a opção de vida de ter ou não ter filhos. E tal entendimento levou-o a avaliar a minha pessoa como pobre de espirito. Ora, como bem sabemos, é o entendimento que fazemos das palavras dos outros que define a riqueza que lhes vai na alma. Espero que o Zé Costa tenha a capacidade de compreender a sátira e o humor que estão subjacentes a esta minha frase.

Ó Zé Costa, então? E depois de tudo isso, de uma escrita tão efusiva e inspirada, pões-te a apagar posts no Facebook? E logo aquele post? Diacho (sim, eu digo diacho), não é todos os dias que eu vejo um post no Facebook em que me chamam sumo detentor da verdade. Sabes? Estou quase a citar-te na minha Bio do Twitter.

Fiquei triste confesso. Estive eu com tanto gosto a responder-te e de repente, estou a distribuir o link para o teu post entre amigos e pimba, “só dá Sorry, this page isn’t available” diziam eles… Foste apagar posts no Facebook e apagaste este também… Fizeste mal. Ainda eras capaz de ganhar uns quantos likes

Eu acredito que não tenhas feito por mal, são coisas que acontecem, apagar posts no Facebook. Também já aconteceu com a EDP sabes?

Mas não te preocupes. Eu já ando por cá há uns anos e sei o que a casa gasta. Assim que vi o teu post pensei “Diacho, este post está tão bom que mais hora menos hora alguém se lembra de apagar posts no Facebook e este desaparece“. Como não tinha grande interesse nas tuas palavras (vá, sei ser irónico e coisa e tal mas pedir-me que seja cínico já é demais) apressei-me a fazer print screen dos meus comentários… Tonto não? Deveria ter percebido que uma pessoa que gosta de apagar posts no Facebook não se ficaria por ai. Só então vi que tinhas escrito quase a mesma coisa aqui, nos comentários do meu post.

Apagar posts no Facebook dá nisto. Comentários apagados

Como disse, não te preocupes. Sempre que queiras lembrar o dia em que foste apagar posts no Facebook, passa por aqui, pelo meu espaço, onde a tua opinião será sempre uma recordação..

Uma equipa de cientistas ao serviço do Facebook publicaram recentemente um estudo na revista Proceedings of the National Academy of Sciences que comprova ser possível estar o Facebook a manipular emoções dos utilizadores desta rede. E como comprovaram eles tal facto? Manipulando-as.

Facebook a manipular emoções?

O estudo, intitulado “Experimental evidence of massive-scale emotional contagion through social networks” (Prova experimental do contagio emocional em larga escala através das redes sociais – tradução minha) mostrou que esta equipa de cientistas do Facebook manipulou o conteúdo que apareceu no feed de noticias de cerca de 700.000 (setecentos mil) utilizadores da rede de forma a determinarem até que ponto tais manipulações influenciariam o estado emocional dos utilizadores em questão.

O Facebook é nos dias que correm uma das principais fontes de informação para muita gente. É sabido que grande parte do tempo online é actualmente passado nesta rede e é comum ouvir dizer “Vou ao Facebook para saber das novidades, ver o que se passa”. O feed de noticias é o ponto central de toda esta interacção, o local onde vemos os updates que todos quantos seguimos vão fazendo, textos, imagens e vídeos.

Foi precisamente sobre o feed de noticias que a equipa de cientistas do Facebook actuou e, durante uma semana, alteraram os algoritmos da rede de forma a controlarem o que cerca de 700.000 utilizadores recebiam no seu feed de noticias fazendo com que determinados utilizadores vissem essencialmente posts contendo termos alegres e positivos enquanto outros utilizadores veriam mais conteúdo com termos negativos e que denotavam tristeza.

Conceitos de Psicologia aplicados ao Facebook

Há muito que os psicólogos sabem que a exposição constante a estados emocionais mais presentes que outros tende a levar à adopção desses mesmos estados.

Com a alteração ao algoritmo da rede, a equipa de cientistas verificou que, ao final de uma semana, os utilizadores que tinham sido expostos a posts essencialmente positivos, faziam eles próprios mais conteúdos positivos ao passo que os utilizadores que viram no seu feed de noticias mais posts negativos escreviam também com maior negatividade.

Prova-se assim que o efeito contagioso dos estados emocionais funciona de igual forma online, e desta forma comprova-se também a possibilidade de ter o Facebook a manipular emoções.

Antes de mais desenvolvimentos, duas questões:

Se é possível o Facebook a manipular o feed de noticias de 700.000 utilizadores, o que o impede de manipular o feed de noticias de  5 milhões (aproximadamente o numero de utilizadores do Facebook em Portugal) ou de todos os utilizadores?

Comprovado ser possível estar o Facebook a manipular emoções dos utilizadores, o que é que isto significa para as marcas?

Diz a Forbes que o Facebook é o melhor laboratório de pesquisa humana de sempre. Sim, literalmente quer com isto dizer que o Facebook tem nos seus utilizadores um gigantesco e fantástico grupo de cobaias humanas. Gigantesco pelas razões óbvias. Grande parte da população humana, cruzando raças e credos, está presente nesta rede. Fantástico pois, contrariamente a outros laboratórios científicos, o Facebook não precisa de pedir aos seus utilizadores que concordem com cada uma destas experiências mais ou menos éticas que a rede resolva promover pois cada utilizador já concordou com a política de utilização de dados da rede onde é claramente expresso que concorda que a sua utilização da rede possa ser usada para efeitos de pesquisa.

As questões éticas sobre a utilização da informação para efeitos de pesquisa levantam-se aqui (na minha opinião, distraindo um pouco da verdadeira questão, mais do que a utilização da informação, a manipulação da mesma) mas a equipa do Facebook apressa-se a comunicar que, não só a pesquisa só durou uma semana (ou seja, foi pouco tempo e por isso não faz mal) como nenhum dos dados tratados terá sido associado a um determinado utilizador. Segundo a revista The Atlantic a expressão usada terá sido “Não há qualquer tipo de recolha desnecessária de dados pessoais nestas iniciativas de pesquisa e todos os dados são guardados de forma segura.”.

Adam D. I. Kramer, um dos cientistas do Facebook que participou no estudo, afirmou na sua página desta rede social:

“No fim do dia, o verdadeiro impacto nos utilizadores envolvidos nesta experiência foi o mínimo necessário para ser estatisticamente detectável. (…) Tendo eu mesmo escrito e desenhado esta experiência posso dizer-vos que nunca foi o nosso objectivo incomodar alguém…”

“Nunca foi o nosso objectivo incomodar alguém…”. Pergunto-me se não terão incomodado. Pergunto-me se, considerando a importância dada à rede em questão e o facto desta representar para tanta gente a sua presença online, ter o Facebook a manipular emoções, por leve que seja a manipulação, não será incomodativo? Que resposta menos simpática terá dado um certo utilizador por só ter visto posts carregados de negatividade durante uma semana? Que post, eventualmente alegre demais, terá colocado um outro utilizador na página da empresa pela qual é responsável, por ter estado num constante estado de boa disposição durante uma semana?

“Provavelmente ninguém foi levado ao suicídio” foi o bem humorado comentário que um professor fez no Twitter referindo-se a esta experiência do Facebook onde acrescentou a hashtag #jokingnotjoking. Pois, quem sabe?

Tweet sobre Facebook a manipular emocões

Podem  estados de euforia ou tristeza ser causados por uma miríade de outras circunstancias e factos? Sim, claro. Mas não é essa a questão que se me coloca como problemática. O problema na minha opinião, está na possibilidade de o Facebook propositadamente induzir a tais estados e, para além das questões éticas sobre as formas como o estudo terá sido conduzido (e que estranhamente parece ser a maior preocupação dos media), as possibilidades menos éticas que esta recentemente tornada pública possibilidade (e sim, esta utilização das palavras não é em mim inocente, de todo) vem abrir, principalmente a todos quantos possuírem a capacidade de influenciar quem controla o Facebook.

Facebook controla o conteúdo que disponibiliza aos utilizadores

Não é novidade, ainda que raramente referido pelos Media e menos ainda pelos marketers, que o Facebook controla o feed de noticias dos utilizadores em conformidade com o seu interesse. Lembre-se a gigantesca campanha (mesmo que não assumida) de aproximação aos Media online quando em 2013  grandes sites noticiosos começaram a ter um aumento inexplicável de visitas vindas do Facebook. “Ligeiras” alterações ao algoritmo do Facebook, modestamente anunciadas, levaram a um repentino e nunca visto aumento de tráfego em sites como o Gizmodo, Buzzfeed ou The Wire…

Definir que conteúdos, de entre os cerca de 1500 possíveis, vão aparecer no feed de noticias de um utilizador, tendo como critério interesses próprios e não declarados já é grave. Mais grave ainda será a possibilidade do Facebook  manipular as emoções dos utilizadores através da escolha desses mesmo conteúdos.

Como costumo dizer, não devemos esquecer que o Facebook é uma empresa e, como muitas outras, tem como uma das suas principais prioridades, ganhar dinheiro.

The Painter of (another) Modern Life by Pedro Rebelo

Existem no mundo, e mesmo no mundo dos artistas, pessoas que vão ao museu do Louvre, que passam rapidamente, e sem sequer lhes conceder um olhar, diante de uma multidão de quadros muito interessantes, embora de ‘segunda ordem’, e se plantam sonhadores diante de um Ticiano ou de um Rafael, um desses que a gravura mais popularizou; saem depois satisfeitas, dizendo algumas delas de si para si: ‘Conheço este museu’. Existem também pessoas que, tendo lido um dia Bossuet e Racine, aceitam estar na posse da História da Literatura.

Baudelaire in O Pintor da Vida Moderna

“Deixem-me em paz… Estou de sabática…” Ouvia-se ontem em alto e bom som, ao final da tarde,  numa sala quase vazia, de uma academia lisboeta… Mas que raios, obrigam-me a escrever… E eu que estava ali tão sossegado.

Sobre o Direito de Autor e as imagens no Facebook

A partir do momento que fazemos upload de uma imagem para o facebook, perdemos os direitos sobre ela…

Errado. Ao colocar uma fotografia no Facebook nós não perdemos os direitos sobre a imagem. Nós só damos alguns direitos ao Facebook, não invalidando de forma alguma os nossos.

O Facebook pode usar a minha fotografia? Pode claro. Eu permiti ao aceitar que “you grant us a non-exclusive, transferable, sub-licensable, royalty-free, worldwide license to use any IP content that you post” (o uso dos termos em inglês deve-se à chamada de atenção do próprio Facebook relativamente a prioridade desta lingua sobre qualquer dúvida que possa surgir proveniente das traduções).

Non-exclusive. Onde está a dúvida? Não é exclusivo.

A atribuição de direitos de imagem ao Facebook não retira os direitos ao autor da mesma.

… a imagem passa a ser propriedade do facebook, logo os direitos que tens sobre a utilização da mesma vão à viola.

Errado. Já ficou esclarecido não vos parece?  Os Termos de Serviço do Facebook são claros. A grande questão que aqui se coloca é: Quem disse “… perdemos os direitos sobre ela…” percebeu os TOS? Ou melhor, chegou a ler os TOS?

Se podem ser usadas pelo facebook, podem ser usadas por todos, porque o facebook somos nós. Estamos a entrar num admirável mundo novo onde muita coisa terá de ser redefinida, a começar pelos direitos de autor. Se ainda existem é na teoria, porque na prática já lá foram há muito tempo.

Deusas, esta merece um apurado trabalho de decomposição…

Onde está escrito que os direitos do Facebook são os direitos de todos nós? Não vou entrar pela retórica retorcida do “o facebook somos nós”. Eu não me lembro de já me terem sido creditados dividendos das acções do Facebook e enquanto tal não acontecer…

Ora vejamos, se o autor destas palavras (as que se encontram entre aspas) for à minha conta do Flickr, fizer o download de uma fotografia e posteriormente, o upload da mesma para o Facebook, quem lhe deu permissão para tal?  Aliás, segundo o próprio Facebook, “You will not post content or take any action on Facebook that infringes or violates someone else’s rights”.

É preciso ser mais claro? Diz o Facebook: “Não publicarás conteúdo ou tomarás qualquer acção que infrinja ou viole os direitos de outra pessoa.”.

E se eu não lhe der permissão para usar a minha fotografia, ele está efectivamente a violar os meus direitos (e numa conversa mais informal esta seria a altura em que eu diria “só se me derem beijinhos no pescoço”). E quando essas coisas acontecem, há problemas… O caso da página do Cool Hunter diz-vos algo? 788.000 Likes era quanto valia aquela página.

Lembro-me do dia em que a dita página publicou no Facebook uma fotografia do meu amigo Pedro Moura Pinheiro… Lembro-me também de não terem feito qualquer referência ao autor. Lembro-me ainda da quantidade absurda de comentários que foram colocados nessa mesma fotografia referindo o autor e o quão injusto era o Cool Hunter não o identificar. E sabem do que é que me lembro mais?

788.000 Likes e o Facebook fechou a página por violação de direitos de autor!

“Se ainda existem é na teoria…” Vão lá ao Cool Hunter perguntar-lhe o que ele pensa da teoria…

This account has been disabled due to repeat copyright infringement under our terms and the account has been removed from the site accordingly.

Sim, foi a resposta oficial do Facebook. Esta conta foi encerrada devido a repetidas infrações aos direitos de autor, blá-blá-blá, blá-blá-blá…

Enquanto pessoas que vivemos no digital (passamos aqui grande parte, a maior parte das nossas vidas) temos o dever, a obrigação, de esclarecer quem não sabe sobre o tema. Enquanto profissionais, devemos ser regidos por um qualquer sentido ético que nos leve a acreditar que, quanto melhor tratarmos os nossos Clientes, melhor será para todos. Enquanto, por exemplo, Gestores de Comunidades, podemos ser evangelistas de um medium onde ainda há muito por explorar mas sem esquecer que há igualmente necessidade de regular.

O que não podemos é escrever barbaridades como “Já não há Direitos de Autor”!

Uma das razões que me levou a Ciências da Comunicação foi o desejo de poder falar com maior propriedade, autoridade, sobre alguns temas e termos que, sempre entendi, serem muitas vezes levados com demasiada leviandade. E garanto-vos, como gosto quando tenho uma oportunidade de dar por bem empregue o tempo que tenho dedicado a ser um estudioso da comunicação.

Antes de Aldous Huxley, um outro senhor, Shakespeare de seu nome, já se tinha referido a um Brave New World e, tal como na obra deste fez Miranda, perante ignóbeis figuras que via, também na obra de Huxley, John, o “Sr. Selvagem”, disse “Oh, admirável mundo novo, que encerra criaturas tais!”.

Agora, é preciso ler Admirável Mundo Novo, ou pelo menos A Tempestade, para reconhecer a ironia de tal frase…

p.s. Tenho o Admirável Mundo Novo em papel, numa edição da Colecção Dois Mundos. Infelizmente não o tenho aqui comigo mas sei que, caso precise, não deve ser difícil de encontrar um qualquer ficheiro com a obra na Internet. E não me envergonho nada se tiver que o ir buscar ok?

p.s.2 O post esteve para se chamar “Os Direitos de Autor, o Facebook e o Francisco” mas depois pensei: Há para ai tanta gente a quem isto pode interessar…