Com os recentes anúncios televisivos da Planeta DeAgostini a Galáctica voltou a ser noticia em Portugal. Battlestar Galactica já era muito falada mas por um grupo restrito de fans devotos (mais à frente veremos porque devotos é o termo certo) que acompanharam a série à medida que esta ia sendo exibida por esse mundo fora e, mais recentemente, através das edições em DVD á venda em Portugal e principalmente no estrangeiro.

Apesar de Battlestar Galactica ser uma série nova, para as pessoas da minha geração será quase impensável não referir a série original mais ainda porque a série actual transporta consigo muito do espírito que elevou a série original ao estatuto de série de culto.


Galáctica nasceu como uma estrela num firmamento que crescia na altura. Com o sucesso de Star Wars em 1977, a ficção cientifica estava a tornar-se mais popular saindo do nicho de “estranhos” a que até então pertencia. Surge Galáctica. Contando com um elenco de luxo como Lorne Greene como Comandante Adama (comandante da Galáctica e Presidente do Conselho), Richard Hatch como Apollo (filho de Adama, lider do Esquadrão Azul), Dirk Benedict como Starbuck (tenente no Esquadrão Azul, melhor amigo de Apollo), Herbert Jefferson Jr. como Boomer (também membro do Esquadrão Azul e o génio da electrónica), Terry Carter como Coronel Tigh (o segundo na cadeia de comando da nave) e Maren Jensen como Athena (filha de Adama e também piloto) entre muitos outros, Galactica garantia desde a génese ser um sucesso. O episódio piloto é o mais caro episódio de televisão feito até então. Foram duas horas de estrondoso sucesso alcançando ratings como poucas vezes tinham sido vistos.

Aquilo que estava inicialmente previsto para ser uma série de 3 tele-filmes rapidamente evoluiu para uma série televisiva mas que mesmo assim estreou nos cinemas do Canadá, do Japão e em muitos países da Europa. Só para o Canadá a Universal comprou 80 cópias do episódio piloto estreando Galáctica em mais salas de cinema do que “Tubarão” que tinha na altura cerca de 50 ou 60 cópias em distribuição. No Japão Galáctica ultrapassou “Brilhantina” nas salas de cinema.

O episódio piloto estreia na ABC a 17 de Setembro de 1978 e os espectadores tiveram acesso a algumas cenas extra que não constavam das versões para cinema. Seguiram-se 20 episódios no total de 24 horas que foram transmitidos durante os 8 meses seguintes.

Apesar de toda esta grandiosidade e de um orçamento de 1 milhão de dólares por episódio as audiências diminuiram logo durante a primeira temporada e a série acaba por ser cancelada em 29 de Abril de 1979 com o último episódio “A mão de Deus”. Ironia do destino, nesse mesmo ano Galáctica ganha o prémio da melhor série dramática. Sobre o tema, Dirk Benedict (Starbuck) escreveria mais tarde no seu livro “Confessions of a Kamikaze Cowboy”:

… fosse por que razão fosse. Battlestar Galáctica não foi capaz de acompanhar o seu lançamento como blockbuster. Os níveis de audiência baixaram e finalmente estagnaram num nível que teria sido suficiente para qualquer outra série televisiva se manter no ar. Mas não para um projecto que tinha escrito “Numero Um” na testa e que era como tal considerado por todos ainda meses antes do seu lançamento. Qualquer coisa que não o topo era próximo demais do fundo e logo não era suficientemente bom.

Também Glen Larson disse numa outra ocasião:

Penso que nós (com o cancelamento) demos um gigantesco passo atrás para a ficção cientifica. Nós tínhamos a rara oportunidade de verdadeiramente abrirmos a fronteira e falar sobre o que poderá acontecer lá fora no espaço. Não tem que ser tudo sobre robots e máquinas voadoras.

Esta primeira série fez desde o inicio fans fervorosos que não ficaram nada satisfeitos com a decisão da ABC. Tanta foi a pressão sobre a estação que em 1980 vai para o ar Galáctica 1980 mas esta só dura 10 episódios. Pouco empenho da estação e uma produção muito fraca terão sido os principais motivos. Ainda assim, o culto estava para ficar. A Galáctica estava destinada a não desaparecer.

Entre aqueles que mais defendiam o espírito da Galáctica estava Richard Hatch o actor que desempenhava na série o papel de Apollo filho do Comandante Adama. Para tentar convencer potenciais investidores e os estúdios de televisão norte-americanos, Richard Hatch produziu um filme que, com a ajuda dos principais intervenientes da série e com espectaculares efeitos especiais, veio criar mais uma lenda deste verdadeiro novo Universo. Ainda assim, a série não regressaria aos canais de televisão.

Mas qual seria o segredo de Galáctica para causar tão fortes paixões? O que estaria por detrás daqueles cenários, naves e robots que não deixava que se perdesse um episódio?

13 thoughts on “Battlestar Galactica – Parte I

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