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Especial

Um "Especial" mais não é aqui do que uma entrada de log, sem estar no log por ser demasiado extensa.
Desta vez trata-se de uma observação sobre a segurança em que se encontram as nossas máquinas e o onde acaba a confidencialidade nos dias que correm. Como mote, a detenção do filho de um suposto "mafioso" pelo FBI graças a uma nova forma de espionagem altamente técnologica.

 

"No way Jose". Como disse um amigo meu quando me liguei pela primeira vez à IGN (IBM Global Network agora vendida à AT&T), não há máquinas seguras.

Segundo a FoxNews e a BBC, o FBI usou uma nova forma de espionagem para "apanhar" o filho do alegado mafioso Nicodemo "Little Nicky" Scarfo. Os registos do caso em tribunal afirmam que Nicodemo foi alvo de uma nova e mui sofisticada forma de vigilância electrónica, usada pelo Bureau e que permitiu a este, através de um "log", repetir no teclado todas as teclas que eram utilizadas no computador em que alegadamente se encontravam os registos de uma actividade de jogo ilegal. Ao que consta, em 1999 o FBI já tinha "revistado" a máquina em questão com um mandato de captura mas não conseguiram quebrar o código de encriptação que Nicodemo usava (para proteger os seus ficheiros pessoais. Este ano, entre Maio e Junho, os investigadores deste caso terão recebido um novo mandato para revistar a casa de Nicodemo e terá sido nessa altura que o tal "keyboard bug" foi instalado. Nos finais do mês de Junho, o escritório de Nicodemo foi invadido, ele preso e o computador levado para os laboratórios do FBI.

Apesar do New Jersey News afirmar que um juiz quer que o FBI detalhe a operação, esta força não quer referir que sistema usaram para montar esta operação. Sabe-se porém que só existem 3 tipos de soluções deste tipo de vigilância: Por software (não foi o caso), por um Plug-in instalado junto ao cabo do teclado ou então através do "bug"... Ainda segundo este jornal, de todos os cerca de 27.000 funcionarios do FBI, somente 30 conhecem o dispositivo e sabem como este funciona. O FBI ameaça que, se for muito pressionado, não hesitará em invocar o "CLASSIFIED INFORMATION PROCEDURES ACT", uma lei federal que poderá garantir um julgamento sem qualquer observador ou informação para o exterior.

O "bug", segundo o chefe de segurança da Granite Island Group (uma empresa de vigilancia e segurança electrónica dos EUA), é o mais eficaz (e menos provavel de ser descoberto) sistema de "keyboard logging" que existe. Com as dimensões aproximadas de um cubo de açucar e com poucas gramas de peso só desmontando a máquina e procurando especificamente por algo deste género poderiamos encontrar o dito. Suportado por pilhas e capaz de se auto-recarregar a partir da energia do PC, um destes aparelhos podem gravar até cerca de 32 milhões de "inputs" num teclado.

Esta situação veio uma vez mais atear a acha da privacidade e da falta de legislação sobre o Cyberespaço e a Cybercultura. Segundo os registos deste caso, o mandato judicial emitido para esta operação garantia que não poderia haver qualquer escuta ou comunicação oral ou electronica capturada (observando assim os direitos do cidadão) mas ao mesmo tempo autorizava que fosse instalado hardware, software ou firmware que monitorassem os dados entrados no computador de Nicodemo, gravando a combinação de teclas usadas nesse computador à medida que estes fossem sendo introduzidos... Não há Lei que o proiba...

Uma vez mais, tal como no caso do sistema Carnivore, o FBI está a utilizar tecnologia que está muito para além de qualquer Lei actualmente existente...

E isto é um caso público (porque se trata do que se trata). Em quantos outros casos, menos públicos e muito mais delicados, não serão usadas técnicas que, tal como esta, não sejam facilmente detectadas? Se se tratassem "sómente" de altos segredos de estado, porque haveria o FBI de dizer que tinha sido desta ou daquela forma? Aliás, porque haveria o FBI de dizer o que quer que fosse?

O Big Brother não é só um programa de televisão duvidoso nem tão sómente um romance de Orwell. O Big Brother é o mundo em que vivemos. O Big Brother é esta máquina em que escrevo este texto enquanto tambem dele faz parte a camara que ali ao canto está a filmar todos os meus movimentos. O Big Brother é tudo isto do qual eu, orgulhosamente, faço parte.

"Lá estão novamente os americanos com a mania das perseguições..." estarão alguns de vós a pensar... Desiludam-se (à boa maneira de Heidegger). A Europa, não só foi palco das maiores cenas de espionagem como continua a ser produtora, realizadora e óptima actriz nesse filme que agora mais que nunca produz sequelas a um ritmo Hollywodesco mas essas ficam para amanhã...