Já é a segunda vez em muito pouco tempo que encontro por acaso, um artigo do Lourenço Medeiros, editor de Novas Tecnologias da SIC. Desta vez ele diz que, “A quadratura dos putos não se faz à pancada“. E diz muito bem. Refere-se à coqueluche dos noticiários da TV nacional (confesso que ainda não vi nenhuma reportagem sobre o assunto. Ao que parece é bem representativo de quanta televisão nacional vejo) e logo, alastrou que nem virús à Internet: A “caça às bruxas” do MP3. Já há não sei quantas “queixas-crime contra utilizadores da Internet que usem serviços ilegais de partilha de ficheiros de música”. E vai ser por causa desta noticia que quem os tem os vai apagar. Sim. Ok. Voçês são capazes de ter razão e de grão a grão enche a galinha o papo. O problema é que quando as galinhas não papam o grão, morrem de fome. E desiludam-se os senhores que pensarem que, quem tem ficheiros mp3 nos discos e os apaga por receio que lhe entrem em casa, vai de imediato a correr comprar os equivalentes albuns na discoteca mais próxima. Não vai. Não vai porque não tem tempo, porque não gostava assim tanto da música, porque não tem sitio onde guardar tantos cd’s e, em última análise, porque não tem 15, 20 ou 25 euros para dar por cada um dos não sei quantos mil albuns que tem lá em casa…

O dinheiro não chega para tudo e há prioridades. Confesso que já ouvi muito mp3 mas quem me conheçe sabe que tenho uma carrada de albuns dos Depeche Mode e alguns em edições especiais que nunca nenhuma capa feita em casa vai conseguir imitar. E quem diz Depeche diz todos os discos de que eu realmente gosto. E sabem que mais? Muitas vezes ouvi um album em mp3 (que sem saber como me apareceu em cima da mesa) e logo de seguida passei ali pela FNAC e pimba, lá ficaram 20 ou 25 euros. E chego ao trabalho e ainda me chamam de ótário porque comprei um album de Hector Zazou … Se fossem mais baratos, comprava mais. Não são, não compro. E algora digam-me lá, as editoras vão à falência porquê? Porque eu não comprei o album. E eu não comprei porquê? Porque era caro. E é caro porquê? Porque a editora assim o quer. Assim sendo… Sabem aquela do silogismo? Se A = B e B = C logo A = C…

p.s. Sim, coqueluche deveria ser um galicismo e sinónimo de tosse convulsa. No entanto, coqueluche enquanto expressão representativa de pessoa/coisa por quem se nutre especial estima e simpatia, já se encontra dicionarizada e como tal, é neste sentido correcta.

4 thoughts on “A coqueluche e o mp3.

  1. Escrevi lá no meu tasco que não vou argumentar sobre esta questão…, e não vou. É verdade que os CDs de música são relativamente caros, mas um mal não se corrige com outro; é verdade que a divulgação «livre» por mp3 é uma boa forma de ter acesso a música, para a conhecer e eventualmente comprar…, ou não; acredito que a maioria não usa o download ilegal de mp3 como forma de se enriquecer culturalmente, no sentido de fazer as aquisições acertadas; simplesmente faz o download das músicas, e está feito.
    Só tenho pena de não haver o mesmo esquema com livros, e particularmente livros técnicos; isso é que era, haver uma alma caridosa que digitalizasse página após página e começasse a disponibilizar em P2P a mais variada bibliografia…, ok ok, eu fico calado.

  2. O João, dá lá uma voltinha pelos tais programas de P2P e vais ver que encontras muito livro técnico… Muito… Então no que toca às novas tecnologias nem se fala. Desde que as editoras (gráficas) apanharam a mania de lançar cd’s com as versões em PDF dos livros…

  3. …pois, é por isso que me calo. E esforço-me por resistir à tentação. E resisto. Já a minha força de vontade fosse assim tão boa para conseguir deixar de fumar e perder 30 Kg.

  4. Quanto à parte dos 30 kg admito que também me dava imenso jeito… Até era capaz de tirar uns fatos antigos do armário…

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