Tal como diz o Nuno Markl, isto não é um murro no estômago. É um tareão. Voo 93 ou no seu original United 93 é mais um daqueles filmes que me parecem estrear na data errada. Agosto e uma bomba destas? Enfim, são escolhas que não as minhas. Voltando ao filme, meninos e meninas, é um filme a não perder. Havia na sala quem estivesse desiludido e é natural. Ali perderam a ilusão de que iam ver uma hora de acção terpidante à lá Van Dame ou passageiros tipo Steven Seagal a liderar uma Bounty dos ares… Não. Nada disso. Quando o filme terminou, após a última cena em que o chão chega vertiginosamente ao vidro do cockpit, um silêncio como há já muito não ouvia numa sala de cinema (estranho não?).
Ainda que na primeira meia-hora a coisa tenha custado um pouco a digerir (está a ficar habitual mas vou atribuir culpas ao facto de estar cansado e a precisar urgentemente de férias), a história do único dos 4 aviões sequestrados a 11 de Setembro de 2001 que não alcançou o objectivo dos sequestradores (fosse o Capitólio como nos mostra o filme ou qualquer outro) aqueçe bastante assim que o avião levanta voo. Vamos ver terroristas e passageiros, ao mesmo tempo, a acreditarem. Vamos ver decisões tipo “perdidos por 100 mas nunca por mil”. A coragem que se calhar só se pode ter quando sabemos que já só nos resta fazer algo pelos outros. Ao mesmo tempo vemos a Terra. Vemos a terra deles, a América. Pânico. Não pelo mal que lhe fazem mas por não saberem como impedir que lhe façam mais. A loucura de uns, prontos a arriscar tudo, e a ordem que não chega… Não se sabe bem quem manda. O filme não para. E o mundo também não. Já todos sabemos que ninguem sobreviveu à queda. Este filme é uma bela homenagem a todos quantos cairam. Ali e noutros sitios.
E como se escreve no site Window to the Movies:
The story will become myth and legend; and, when done well in a film like United 93, pure power.
Shame it’s all a lie.
Porque nos chamarão alguns de “teóricos da conspiração”???
Nem sei como é que a Karyatis ainda não disse nada…
Moi? Ainda não vi o filme :)
Falando delicadamente acho muitas coisas do 9/11 um bocado mal contadas – sobretudo a do Pentágono e do United 93. Aquelas fuselagens completamente desaparecidas… hummm…
Ainda hoje vi uma foto do Pentágono com o buraco estreito – asas, motores, cauda etc. foram parar onde?
O United 93 ter sido abatido por USAF é outra história – teria sido uma decisão racional, dolorosa mas racional. Se foi ainda outra conspiração – não sei. No próprio dia achei penosa a falta de resposta americana, qualquer resposta – aquilo sim foi um verdadeiro murro no estómago duma nação, que se diz a mais poderosa do mundo.
Grande, grande filme, mesmo.
Agora convenhamos que o Seagal ali resolvia a questão à estalada e não havia explosões para ninguém :)
OK, o filme foi bom, em boa parte porque não teve nenhum final feliz-americaníssimo-patriótico-bandeirinhas a esvoaçarem-ugh! (Vejam “Private Ryan” por exemplo).
Outra parte foi assustadora, a muitos níveis.
Partindo do princípio que era esta a verdade os terroristas foram dum amadorismo atroz e mesmo assim bateram forças conjuntas da USAF e FAA por 3:1, e o 1 para os tipos da casa foi uma espécie de autogolo dos árabes…
O que me fez rir mais no meio disso tudo foi o tipo a tentar guiar o avião com foto do Capitólio a frente. Pelo amor de Alá! Um gajo que vai em missão suicida devia ter o mapa e a imagem gravados no cérebro de tanto repetir a sequência do ataque. Eu sei que em 2001 não havia o Google Earth, mas por favor…
É um bocado a par do Spielberg mostrar o Mossad à nora na Europa a pagar pelas informações de fontes obscuras… (em “Munich”). Um dos melhores se não o melhor serviço secreto do mundo. Right.
@Karyatis: Talvez a cena da foto fosse mesmo só para o espectador fora de onda saber que o presumivel alvo do voo 93 era o Capitólio… Vamos dar essa de barato… Independentemente disso também achei que os terroristas foram representados como amadores demais. Principalmente quando sabemos que este tipo de missões não são montadas em cima do joelho… Além do mais, a tentativa de “humanizar” um dos terroristas (IMHO) com hesitações e aparentes segundos pensamentos não me pareceu a melhor via. São homens. Já sabemos. Mas quando chegam aquele ponto, teoricamente, estão para além das meras emoções outras que não cumprir um designio: Aquele que ali os levou. Fico-me por aqui. Gostei. Há questões a apontar, mas gostei.
Nota: Deixei o meu espirito conspiracionista em casa nessa noite e fui ver o filme de coração aberto.
@Rui: Também já me tinha falado no Van Dame mas concordo contigo. O Segal tinha muito mais estilo e juntaria à estória o seu ar de Cowboy Armani que serviria para denotar ainda mais o verdadeiro espirito do Oeste selvagem…
Eu por acaso, logo no próprio 9/11 estava a espera de alguma coisa bombástica como defesa/retaliação que não veio acontecer.
Como herói vi mais o Bruce Willis, experiente com arranha-céus e aviões. Como retaliação imaginei umas dezenas de stealth bombers a caminho dum alvo algures no Médio Oriente. No entanto – nem uma coisa nem outra. Ando a ver filmes a mais.