Já é sabido que o Japão exerce sobre mim um estranho fascinio (tendo em conta a minha aversão a povos que tendem a exagerar no uso do chinelo de enfiar no dedo). E a estranheza continua. A nova moda social das grandes cidades aparece sendo anunciada como forma de combater um mal ascentral da sociedade japonesa: O assédio sexual no local de trabalho. O ambiente empresarial tradicionalmente mantido na sociedade japonesa não deixa as mulheres muito tempo no trabalho, fazendo com que estas trabalhem só alguns anos logo após terminarem os estudos e que entretanto casem com algum colega no trabalho sendo assim forçadas a abandonar o emprego (por regras que não permitem casais a trabalhar juntos). Estes trabalhos são muitas vezes trabalhos secundários e sem futuro dentro das organizações e as jovens mulheres que os ocupam ganham a designação de “office lady” (senhora do escritório em tradução selvagem). Estas jovens são muitas vezes vitimas de assédio sexual por parte dos seus empregadores mais velhos mas, cultura e sociedade l’oblige, estas situações raramente são denunciadas…

Em Novembro do ano passado abriu em Tokyo um novo restaurante com um novo conceito. OL Shabu Shabu Shomuni não inova na comida pois é mesmo um “tudo quanto possas comer por preço certo” mas inova noutro aspecto. Trata-se de um restaurante direccionado para um publico masculino e executivo onde todas as empregadas estão vestidas como office ladys. Estão a imaginar a menina dos cafés? Pois é mais ou menos isso. Todas as empregadas do restaurante (cerca de 10 com a idade média de 21 anos) estão vestidas de uniforme tipo menina dos cafés e à ordem do cliente despem toda a farda até ficarem nuas e depois vestem uma fantasia (cosplay) à escolha do cliente. Isto tudo é passado durante a refeição e essa é servida à boca pelas mãos das empregadas… Sim, neste restaurante japonês não há pauzinhos. A juntar a isto há ainda o detalhe de ser dado a cada cliente um pequeno espelho de mão de forma a permitir que o cliente possa ver de todos os angulos a empregada que o está a servir…

Tudo isto por cerca de 5.000 yens ou seja qualquer coisa como 35 ou 40 euros por hora.
Uma das empregadas do OL Shabu Shabu Shomuni disse à Shukan Post “Gostariamos que os executivos que normalmente não podem ser “dirty” (pervertidos / ordinários) no seu escritório viessem até cá apreciar uma refeição connosco”.

Li sobre esta assunto no Mainichi Daily News e no Tokyomango.

E vós caros visitantes e habituais da casa? Que vos apraz comentar sobe o assunto? Ainda que não seja meu habito tais pedidos de intervenção este tema parece-me ser polémico o suficiente para despertar alguns acesos comentários? Defensores das culturas ancestrais? Onde estão voçês? Mulheres livres e “soutiens para a fogueira já”, digam de vossa justiça. Querem a minha opinião? Venha de lá a vossa desta vez.

p.s. É de referir, tal como o fez um leitor da Wired que, apesar do Japão ser produtor da mais depravada pornografia que se encontra por esse mundo fora, os crimes de indole sexual são quase inexistentes neste pais.

2 thoughts on “As meninas do café…

  1. Eu cá acho máximo. Na verdade não é muito diferente do conceito da casa de chá tradicional. Só que com fatiotas mais actuais. A cada um a sua paranóia!
    A exploração das mulheres como objecto não é recente. O que é diferente, hoje em dia, é que a maioria das mulheres que trabalha em sítios e em negócios legítimos está a fazê-lo porque quer, ou pelo menos tendo o controlo do que faz. E mais. Muito pior é a exploração de miúdas de 12 anos, muitas vezes anorécticas, nas revistas, nos anúncios e nas passerelles. Para além de ser mau para as raparigas é mau para a sociedade que vai procurar ter sempre aspecto de um pau de virar tripas de 12 anos. Isso sim é belíssimo!

  2. Lindo… Alguem opina. Boas gigi…
    Sabes que nós por cá já pensámos mais do que uma vez em abrir uma casa de chá… Também li algumas opiniões sobre o assunto e que se referia a exploração das mulheres… Tal como referes (e não se fala aqui de situações menos claras) há muito boa gente que faz este tipo de coisa porque quer e parece ser o que se passa aqui neste bar…

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