… pai, para tu ficares melhor. Já estás melhor? Estás?

Foi assim que a Patrícia chegou a casa ontem. Claro que estou melhor. Fiquei logo muito melhor. Depois de amanhã volto à médica pois apesar de já ter passado o período da febre (começava já a alucinar), ainda nenhuma das borbulhas formou crosta e olhando para o espelho a visão não é de forma alguma a mais agradável. O ridículo da coisa é que, usufruindo de dois dos melhores subsistemas de saúde privados do pais, tenha que me dirigir ao Centro de Saúde da minha área de residência para que o meu médico de família me possa passar um atestado de incapacidade temporária de trabalho (a baixa). Ora para conseguir uma consulta com o meu médico de família (que desde que o é me viu 3 vezes) tenho que ir literalmente acampar para a porta do referido Centro de Saúde logo pelas seis, seis e quinze da manhã o mais tardar de forma a que quando as portas do Centro abram (às oito da manhã) eu tenha direito a uma das poucas senhas diárias que dão acesso aos tais médicos. Se o conseguir então posso ir para casa descansado já com a consulta marcada para um dos médicos do turno da manhã o que significa (segundo o meu talão comprovativo de marcação de consulta) que tenho consultada marcada para a uma da tarde. Como vou estranhar a hora vou questionar a senhora que me passa o referido talão sobre o assunto ao que ela me vai responder: “Não se preocupe. Não é preciso vir tão cedo. Basta estar aqui lá para a uma e meia um quarto para as duas”. Mas sabendo que a varicela é uma doença contagiosa e que não devo ter contacto nem com ar aberto nem com exposição solar até à ultima fase da doença vou querer despachar a coisa o mais rápido possível e como tal vou estar novamente presente no Centro de Saúde à uma da tarde em ponto. Perguntarei quantos doentes estão à minha frente para o meu médico de família ao que me irão responder com um sorriso nos lábios: “Todos. A doutora ainda não chegou.”.

À pois e querias o quê? Deves pensar que és mais que os outros não? Vais p’á fila que te lixas como toda a gente… Não. Não sou mais que os outros mas os tais subsistemas de saúde não deveriam ter autonomia para passar os referidos atestados?

p.s. A situação relatada, apesar de ser apresentada como uma previsão do que poderá acontecer na próxima Segunda-Feira, nada mais tem de ficcional sendo que é a descrição mais fiel possível do que se passou comigo na passada Terça-Feira.