E agora que até estou numa de falar de blogs , eis que escrevo sobre o aborto, quer dizer, desculpem, o Abrupto. A sério que nunca entendi a fixação no blog do Pacheco Pereira.


É um blog por amor de Deus. Ele não manda nem é a referência pela qual se devem orientar todos os outros blogs. É um blog.(ponto). Como muitos outros. E já agora, porque carga de agua escrevem blogue em vez de blog? Blog vem de Web Log certo? Ora a tradução à letra de tal coisa para português não teria piadinha nenhuma e assim sendo, para melhor nos enquadramos na cibercultura universal adoptamos o termo blog certo? Então porque raio escrevemos agora (pelo menos o Pacheco Pereira escreve) blogue e blogues??? Àh e tal e coiso mas é um blog famoso. Pôrra! Famoso é o Pacheco Pereira. Aquela página onde ele escreve é um blog.(ponto).

Dei-me ao trabalho de dar uma voltinha por alguns (muitos) blogs que por regra não visito mas que apresentam um link para o Abrupto. Tenho a certeza (mas daquelas mesmo tipo, ponho a mão no fogo e não me queimo) de que os autores da maior parte deles nunca leram um post completo no Abrupto. O blog do Pacheco Pereira, esse sim, que todos conhecem.
Vem esta conversa toda a propósito de um post (notas sobre a “cultura de blogues” 3) do referido Pacheco Pereira em que escreve:

A “cultura de blogue” aplica-se a uma geração que segue os “assuntos correntes” pelos blogues, e que apenas a complementa por sítios na Rede que fornecem informação mais estruturada para interesses específicos (por exemplo, sobre futebol, sobre sexo).
Seguindo os “assuntos correntes” pelos blogues, secundariamente pela televisão, e só depois e nalguns casos, pelos jornais, a agenda resulta muito diferente: é mais conflitual, e tende a criar um mecanismo de arregimentação e pertença, nem que seja a grupos de blogues “amigos”. A tribalização da blogosfera é prévia à dos seus leitores, mas fomenta militantismo e causas e é mais eficaz para posições mais extremas do que para o “meio” moderado.(…) Quem se forma numa “cultura de blogues” tende a achar normal a radicalização dos debates e a acentuar paixões tribais e clubísticas, mas também tende a ser mais mobilizado por causas públicas. Este sentimento de envolvimento é tanto maior quanto certos mecanismos (como as caixas de comentários) geram uma ilusão de participação igualitária.

Ó Pacheco Pereira, sinceramente. Passa-se alguma coisa? Tem por ai algum ressentimento antigo? Não poderá ser a “cultura de blog” (desculpem lá mas blog é blog) um complemento nessa geração que fala? Já agora, sabe que a leitura dos blogs é gratuita certo? Sabe que a televisão também? Sabe quanto custa um jornal diário? Talvez não os pague mas a tal geração quando os quer tem que os pagar. E o pior é que, para poder apreender da pluralidade de opiniões terá que desembolsar muito dinheiro (capa do DN “Nomeações para Oscares quase sem supresas” e capa do Público “Oscares Uma Caixa de Supresas“). Mas o valor do seu português, esse ninguém lho tira. A classe com que reduz a tal geração que refere a um movimento de sentimentos (já não falo da categoria destes, de paixões tribais e clubisticas) ao invés de razão (que triste ficará o Sócrates) para logo depois lhe atribuir o louvor do interesse pelo bem geral, é de mestre.

Mas deixe que lhe diga, e a todos os outros quantos por aqui passam: não se devem confundir a obras primas do mestre com as primas do mestre d’obras. O Abrupto é um blog.(ponto). Só mais um. A alimentar a “cultura de blog”.

nota: Eu já tinha escrito este post há algum tempo atrás mas por alguma razão não tinha saído da caixa de coisas a publicar. Foi desta.

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