Ontem fui ao Casino do Estoril. “Foste ver as gajas” foi a primeira coisa que me disse pela manhã um dos meus colegas. Não fui. Fui com a Susana (não que fosse impedimento para ir ver “as gajas”.
Tenho a sorte de ser casado com uma mulher de bom gosto e que também sabe apreciar “gajas”.) ver o espectáculo Four: Espírito dos Elementos e sinceramente, vale bem a pena. Mas vamos por partes que a noite não começou ai. Ainda não eram bem nove da noite e chegávamos ao famoso Gordinni na Marginal do lado do mar. Tal como nos tinha sido dito ao telefone quando a Susana tentou fazer reserva, há sempre mesas a vagar mas ainda bem que não fomos 10 minutos mais tarde pois a fila de espera crescia ao minuto. A sala de baixo estava lotada e a de cima estava quase mas mesmo assim arranjámos uma boa mesa junto à janela. É precisamente na sala que o Gordinni peca. Tem mesas a mais tornando o ambiente um pouco pesado mas mesmo assim é compensado.
A refeição começa com duas caipirinhas que o calor apertava. Há muito que não bebíamos umas assim tão carregadas de cachaça mas estavam realmente boas e frescas. De entrada pedimos pão de alho com mozzarella. A sério, dispensem. Ficaria óptimo se tivesse um hamburger no meio mas aquelas duas metades de pão redondo não convenceram. Já o mesmo não se pode dizer dos pratos. Fetuccinii com picanha Alla Chefe que é como quem diz, salteado com cogumelos frescos, alho e camarão. Boa consistência, típica apresentação e farta dose. O sabor, excelente. Veio também um Fetuccinii Alla Giacomo, igualmente bem servido e muito saboroso apresentou-se também salteado no azeite, com brócolos, gambas, alho e salsa. Estávamos satisfeitos. A noite continuava quente (mais uma vez a sala cheia ajudava a tal) e novas caipirinhas foram companhia de toda a refeição. Terminou com um cheesecake com uma textura diferente da habitual mas muito saborosa pecando porém por não estar fresco o suficiente. Ficou marcado e merece segunda volta.
Aproximavam-se as onze da noite e chegávamos já ao Casino. À porta os pais que gostavam de entrar com os filhos mas mesmo acompanhados os menores de 18 ficam de fora. Salão Preto e Prata. Recebidos à porta, confirmada a reserva somos levados à nossa mesa. Muito bem situada (três ou quatro mesas nos separam do palco) merece o atendimento esperado num casino de tal classe. Não é todos os dias que nos empurram a cadeira. Aos dois. O espectáculo começa em breve é de pedir uma bebida. A Susana ficou-se pelo Vodka Limão (que veio laranja mas nem por isso se chateou) e eu pedi uma garrafa de vinho BSE branco. Junto ao palco anda já um personagem, mistura de mimo e maestro, que animava em silêncio algumas mesas com truques de ilusionismo enquanto ao fundo se ouvia já uma música diferente. O espectáculo estava para começar. Não demorou que o mimo fosse engolido pela coreografia que surgia de todos os lados (e ai entendemos que o mimo é o suporte de cada elemento, ora é ar, fogo, agua e finalmente será terra).
O ar é quem primeiro invade a sala e tudo vibra. Termina essa invasão com uma notável exibição de elegância e força quando uma jovem apresenta um sensual espectáculo de voo suspenso que mostrava uma mestria incrível para se enrolar e desenrolar no ar. Era o vento que a levava e trazia sempre de volta. Segue-se a exuberância visual do fogo. Dado à extravagancia, o fogo é a cor viva e é assim muito bem representado pelos artistas que usam o fogo vivo quase como uma extensão de si próprios. A agua é o terceiro elemento e fluía. Começando com corpos que ondulam e passando por uma cascata em palco, finaliza com um espectáculo de elevação em aro feito por duas jovens que deixou toda a gente de boca aberta. O ultimo elemento foi a terra e com ela veio o Homem e foram precisamente homens que mostraram a força numa exibição incrível a dois enquanto por trás ressoava a batida do Kodo (tambor japonês) quase que imitando um coração.
Tudo isto é suportado ainda por gigantescas projecções em pano de fundo que dão o envolvimento a cada uma das acções como se fossem telas onde se vai pintando o ciclo da vida. Four: O espirito dos elementos não é o tradicional espectáculo de casino ou pelo menos, aquele a que associamos a ideia de espectáculo de casino. Não vive das mulheres esculturais (mesmo que quase todas o sejam) e quase nuas de salto alto brincando com plumas. Aqui cerca de 40 artistas conjugam várias artes circenses com o canto e com a dança dando origem a uma mistura vibrante que nos faz querer voltar.
Ao sair do espectáculo ainda tivemos a oportunidade de ver e ouvir um concerto de Paulo Gonzo que se estava a realizar no Du Arte Lounge do Casino do Estoril mas o som estava tão mau que resolvemos não manchar a magnifica experiência que tínhamos acabado de ter. Fomos para casa que já era muito tarde.
Casino do Estoril
Tel.: 214 667 700
Fax: 214 667 965Ristorante Gordinni
Av. Marginal, 7191 – 2º Andar
2765-248 Estoril
Tel. 214672205