E podia ficar aqui a escrever sobre a pequena maravilha tecnológica que é o filme “Como treinares o teu dragão“, podia escrever que o 3D é soberbo, de uma fluidez fantástica, uma cor brilhante… Podia.

Também podia escrever que a Dreamworks é bem capaz de ter renascido com este filme. Podia.

Como treinares o teu dragão

Mas essas coisas não interessam para nada. O que verdadeiramente interessa é que, não só são quase duas horas de diversão como, e igualmente importante (principalmente para quem tem filhas de 5 anos), são quase duas horas de uma muito boa história.

“Ah e tal, o tema é batido, o amigo dos inimigos… Afinal os inimigos não são maus mas são sim,  verdadeiras vitimas do sistema opressor…” Uuppps… Tempo a mais na esplanada da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Stop. Esqueçam lá isso. É mesmo uma boa história. Mesmo quando está a roçar o “eu já vi isto…”, vem uma cena no ar ou um diálogo daqueles e, é mesmo um filme espectacular.

Fica aqui o trailer para quem não sabe do que falo…

Vampiros estão na moda. Vampiras sempre estiveram na moda. Em inglês não é problemático dizer o que fazem os vampiros e as vampiras: They suck. Já em Portugal, dizer que as vampiras chupam talvez não vá soar assim tão bem. Isto levanta o tema: Como se irá chamar o filme “Suck” quando chegar a Portugal? E é bom que chegue. Depressa.

Suck, o filme, juntos, Alice Cooper, Iggy Pop, Moby. Com musica de Bowie, Lou Reed, Stones… Tudo isto e a Jessica Paré como vampira?

Este filme tem quase tudo o que é preciso para se tornar rapidamente, um filme de culto.

Nota: Esta review de Avatar foi escrita por um grande amigo, o Carlos António, conhecido nestes mundos virtuais como @predasilver. Não é à toa que aqui a publico. É efectivamente a primeira vez que publico um texto de alguém e faço-o no entendimento de que gostei do que li e com a permissão do Carlos, o quero partilhar com o resto do mundo. Espero ter a oportunidade de mais vezes vos mostrar a magnifica prosa deste jovem mas até lá, apreciem vocês e teçam as vossas considerações.

 

Como voltar a contar uma história que já nos foi apresentada vezes e vezes sem conta no cinema? Deixem que James Cameron vos diga como.

Doze anos passaram desde que James Cameron realizou e escreveu um filme para o cinema, doze anos desde o mega-sucesso Titanic. Quatro anos em preparação do seu grande regresso aos cinemas, doze anos de expectativa transformados em quatro de antecipação e ansiedade por descobrir o que o realizador de obras de culto como Titanic, Aliens ou os dois primeiros filmes do Terminator iria apresentar-nos desta vez.

Confesso que durante muito tempo tanta expectativa passou-me ao lado. Conheço muitos dos filmes trazidos até nós por este monstro do cinema, mas desconhecia que era ele a força por detrás de todos eles, talvez por terem sido todos realizados numa época em que a minha paixão cinéfila não tinha ainda despertado em todo o seu esplendor. Foi por isso que, quando pela primeira vez ouvi falar de Avatar, a única coisa que me ocorreu foi: Então este senhor foi logo chamar Avatar ao filme, obrigando o caído em desgraça M. Night Shyamalan a nomear os filmes baseados na série de animação “Avatar: The Last Airbender” simplesmente “The Last Airbender”? Ok, uma preocupação frívola, admito, mas dêem-me um desconto, pois só então começava eu uma viagem que culminou na passada terça-feira dia 15 de Dezembro de 2009, na ante-estreia de Avatar no Vasco da Gama.

Avatar the movie

Foi quando o filme começou a chamar-me a atenção por mérito próprio que tomei finalmente conhecimento do extraordinário regresso que estava para acontecer.

Foi-nos prometido um filme revolucionário, uma nova era cinematográfica, a tecnologia mais avançada e os melhores efeitos, depois de Avatar nada mais seria como antes! Quando saiu o primeiro trailer, a sensação foi agridoce. Enquanto o filme parecia estar interessante, com um mundo belo e vibrante, repleto de personagens estranhas, parecia ao mesmo tempo ter sido tudo tirado de um jogo de computador, bastante belo mas ainda assim longe do realismo prometido. O ânimo inicial esmoreceu, e até ao próprio dia do filme, em que fui informado do convite que tinha ganho num passatempo, o sentimento era de espera cautelosa, uma curiosidade a medo de saber o que ia dali sair.

Ficavam então duas perguntas no ar:
Conseguiria Cameron cumprir a promessa de revolução cinematográfica, além das expectativas criadas por doze anos à espera? Sim e não, mas já lá vamos.

Antes disso, a outra questão, aquela que iniciou esta review: Como contar uma história já antes contada inúmeras vezes no passado?

Avatar apresenta-nos a típica história de opressores e oprimidos, de conquista e ganância desmesurada que não olha a meios para atingir os fins, com uma forte mensagem de ecologia e de união com a natureza lá pelo meio, e tudo isso é apenas o mote, o invólucro, o pretexto para um filme que acabar por ser muito, muito mais.
Avatar transporta-nos para Pandora, uma lua de um planeta que não nos é apresentado. Nela habitam os Na’vi, um povo humanóide que vive em perfeita harmonia e equilíbrio com a natureza, venerando-a, de certa forma, como a Deusa Mãe de todas as coisas. Logo por azar, como sempre acontece neste tipo de histórias, os Na’vi habitam numa zona cujo subsolo é rico num minério muito precioso para nós, os humanos, que estabelecemos uma base nessa lua e tentamos, a bem ou a mal, obter o dito minério a todo o custo. Familiar, não é? Como a atmosfera de Pandora é nociva para os humanos, as forças terrestres criaram os Avatar, hibridos entre humanos e Na’vi, embora com a total aparência destes últimos, que são controlados através de uma transferência de consciência, se assim lhe quisermos chamar, do nosso corpo para o Avatar. Esses Avatares têm como objectivo integrarem-se na dita tribo de Na’vi, ensiná-los, educá-los, aprender também com eles, mas principalmente convencê-los a saírem antes de um prazo já estabelecido, findo qual as forças terrestres irão partir para a ignorância. E é ai que entra Jake Sully (Sam Worthington), ex-fuzileiro sem mobilidade do corpo das pernas para baixo. Jake Sully irá encorpar um Avatar, e será através dele e da sua inadvertida entrada no seio dos Na’vi, que iremos travar conhecimento com o magnifico mundo de Pandora. Mais importante, é quando Jake Sully inadvertidamente se infiltra na aldeia dos Na’vi, e em particular na vida da princesa da tribo, Neytiri (Zoe Saldaña), que a viagem realmente começa.

Todo o contexto deste filme parece ser apenas um pretexto para que James Cameron nos apresente um novo mundo, e com ele uma ideologia, um novo (velho) pensamento, um sonho de um mundo melhor. Para isso, o filme recorre à tecnologia 3D e a todo um mundo e respectivos habitantes criados pelo computador, e ambas as “features” requerem a sua habituação.

Em vez de nos atirar com coisas à cara, como muitos dos filmes em 3D fazem, Avatar opta por introduzir-nos mais profundidade ao filme (passo em redundância), apresentando-nos uma verdadeira noção de fundo e perspectiva que é perceptível desde o início do filme. Pouco habituado a estes efeitos, quando o filme começa custa a focar o que se está a passar no ecrã, com o que está mais próximo a distrair-nos e a fazer-nos fugir o que está mais distante, parecendo que de toda a imagem conseguimos apenas ver o que se passa imediatamente à nossa frente. No entanto, com tempo e habituação, essa é uma dificuldade rapidamente ultrapassada.

O primeiro encontro de Pandora e dos seus nativos com as personagens reais também não é fácil, com o visual, embora deslumbrante e realista, a parecer ainda assim criado no computador. Com o tempo, também esse obstáculo é superado.

Não me parece, a mim, possível poupar os elogios ao visual de Pandora, e depois de passarmos tanto tempo a acompanhar o Avatar de Jake Sully na companhia dos Na’vi, começa a parecer que são os breve regressos ao lado dos humanos que não são reais, de tão pobres que são em comparação. Quando no final os dois mundos se misturam, já nada consegue separar o real do imaginário de James Cameron, e já tudo nos parece o mais verdadeiro possível.

Para mim, tudo isso é conseguido graças ao maravilhoso mundo que é Pandora, e não me refiro apenas a paisagens, já de si deslumbrantes.

James Cameron escreveu, “criou” e realizou um mundo vivo, quase ele uma personagem de tão rico que se apresenta. Da fauna mais fantástica à flora mais ricamente estonteante, tudo parece tão vivo e vibrante que se torna difícil de acreditar que não estamos verdadeiramente ali, em Pandora, e esse é o grande feito de James Cameron.

Portanto, respondendo à pergunta que ficou no ar, na minha opinião: SIM! James Cameron conseguiu cumprir a sua promessa. Já li criticas ao filme na internet de pessoas que, apesar de terem gostado do filme, acharam que a revolução prometida por Cameron ficou aquém, ainda mais face ao que já nos é apresentado noutros filmes, mas para mim Avatar encontra-se num patamar nunca antes alcançado. Nunca antes vimos um mundo ser criado do nada como James Cameron o criou, nunca antes vimos um mundo de fantasia tão belo, a pulsar de vida, povoado de criaturas fantásticas num ecossistema quase real, mágico e com uma forte mensagem ecológica de harmonia com o ambiente que nos rodeia. Apesar de se passar no espaço, Avatar encontra-se mais perto da fantasia do que da ficção-cientifica, e é a sua capacidade de me arrebatar e fazer sonhar que mais me cativou. E à medida que a história se vai desenrolando, por entre algumas cenas fantásticas de acção, momentos comoventes e até convincentes, e uma relação entre as diferentes personagens que não destoa do resto, é todo o mundo de Pandora que se assume como protagonista do filme, como um todo com os seus locais e os seus habitantes, e me cativa profundamente. Para mim, Avatar apresenta-se como uma fábula intemporal, uma história banal recheada de beleza e magia tanto visual como conceptual, e que vale apena descobrir.

Podia aqui contemplar e aprofundar alguns detalhes da história e das restantes personagens, muitos dos quais introduzi apenas como contexto, mas sendo a narrativa que dá mote ao filme já tão nossa conhecida, prefiro deixar os restantes pormenores para serem descobertos aquando do visionamento desta magnifica viagem a um mundo alienígena, tão rico e pormenorizado que parece real, tão belo e deslumbrante que me dá vontade de o visitar novamente, e de me deixar mais uma vez encantar.

É verdade. Ele voltou. O mais famoso neurótico de Nova Iorque voltou à sua cidade num registo típico. Típico mas ainda assim, exacerbado. Whatever Works é real quanto baste para ser tão paranóico e desta feita, misantropo. Muito.

whatever_works

Woody Allen passa desta vez a batata quente do personagem para aquele que alguns dizem ser uma espécie de alter-ego de Allen, até talvez, uma espécie de Mr. Hyde: Larry David. Metade está dito.

A neurose deixa de ser quase introspectiva e passa para o mundo num registo quase violento. Allen enquanto Allen dificilmente é imaginado a rebaixar à ignorância (ainda que ela exista) quem a tem em evidência, de uma forma aberta, publica, sonora. Larry David é exímio em tal. Tanto que chega a irritar, a enervar, a dar vontade, de que a próxima vez que ele se virar para a câmara, lhe possamos dar um par de estalos.

Mas aqui ninguém bate em ninguém. Ao fim e ao cabo, trata-se de passar um bom bocado e nitidamente é isso que Allen quer que aconteça.


Whatever Works conta a história de Boris, auto-intitulado génio da Física, que a certa altura da vida, acredita conhecer já o sentido da mesma e que como tal, mais vale desistir. Tenta matar-se mas falhando tal tarefa, opta pela auto-exclusão, afirmando-se como um “outsider” e fazendo com que a sociedade o veja também como tal.

A vida corre-lhe bem (dentro do possível para quem acredita que pior não pode ser e enquanto tal, feliz) até ao dia em que lhe aparece à porta uma jovem loira de olhos azuis que lhe pede guarida para uma noite. Sim, pois. Esqueçam lá a originalidade do tema que isso agora não interessa para nada.

Melody St. Ann Celestine (Evan Rachel Wood), é um exemplar daqueles que em português de rua seria chamado em primeira análise de “loira burra”. No Estados Unidos de Nova Iorque (que são uns Estados Unidos diferentes dos outros) a melhor forma de representar o estereotipo é sem dúvida, a jovem loira, sulista, de roupa leve (calções curtos, pernas longas) e voz aguda. Foge de casa para procurar uma vida diferente da que experimentou atrás da roulotte do peixe frito e só para num beco escuro, à porta de Boris. A estadia de uma noite, junto ao homem que não tem qualquer tipo de interesse em interacções sexuais, já vai num ano quando se casam…

Não vos posso contar mais. Pelo menos não em detalhe pois tirava metade da graça. Digo-vos só que há mães, menáges à trois, pais, descobertas da felicidade bem depois dos 40, suicídios em barda e cereais. E também há alguma Nova Iorque. Sem o glamour romântico de outras obras mas com um toque de real, de Portobello em filmes do Hugh Grant…

Há quem diga por ai que Woody Allen está a ficar velho. Dizem-no com um sentido de ironia depreciativo… Mas não gostam de vinho do Porto de certeza…

Porque nem só de cenas mui geeks vive o Homem e porque analisar este clássico da Disney com mais de 70 anos à luz da Semiótica deve dar cá um gozo…

E agora, a tarefa ficou mais simples. Depois de quase 10 anos fora do mercado, eis que surge esta nova edição em todo o mundo, com imagem e som restaurados e, no caso nacional, dobrada em Português que é coisa inédita.

branca_de_neve

Está à venda em três versões diferentes: DVD simples, edição com 2 discos e Edição Especial de Coleccionador em caixa a imitar um livro de historias contendo 2 discos e um livro adicional com a historia da Branca de Neve assim como uma série de outros dados curiosos sobre o filme (edição retratada acima e com mais algumas fotos disponíveis no Flickr).

O chamado “Must Have”.