Muito haverá para dizer sobre o UPLOAD Lisboa. Mais ainda se juntarmos aos UPLOAD Lisboa do passado o UPLOAD Lisboa 2014. Eu e o Bruno Amaral estivemos no primeiro UPLOAD Lisboa e lembramo-nos bem daquilo que nos fez gostar da ideia.

Este ano voltamos e, apesar de ainda não ter começado, temos a certeza de que haverá motivos para continuar a gostar.

Upload Lisboa 2014

Fica no entanto uma pergunta no ar: Será que se vai falar de #blogs nesta edição do UPLOAD Lisboa?

Não sabendo já a resposta, fica a certeza de que nos #blogs se vai falar do UPLOAD Lisboa. Pelo menos aqui onde o Bruno apresenta os streams do Instagram e do Twitter com a hashtag do evento: #uplx2014.

Porque é um tema recorrente e que muito preocupa todos quantos pensam numa presença digital, não posso deixar de aqui focar o tema das ofensas nas redes sociais.

Perguntando ao Google, encontrarão certamente milhares de páginas entre artigos, blog posts, white papers e outros mais, onde o tema das ofensas nas redes sociais é o assunto principal. Numa realidade do instante, onde tudo é tão rápido, por vezes há quem pense que as ofensas nas redes sociais podem passar impunes.

“Ninguém viu”, “Já esqueceram” ou “Não tem likes” são expressões que surgem por vezes perante uma publicação menos própria, não reflectida, ofensiva. Normalmente seguidas de “Dá para apagar?”. Não dá. E esse é efectivamente um dos pontos de valor deste meu post:

Não se apagam as ofensas nas redes sociais.

Apaga-se o tweet, apaga-se o blog post, a publicação no Facebook ou a fotografia do Instagram mas, acreditem, não se apagam as ofensas nas redes sociais. Haverá sempre quem lembre, haverá sempre quem tenha feito o print screen. Quem tenha partilhado, quem tenha feito o retweet.

O outro ponto de valor deste post é dar-vos a conhecer o fantástico Dites-le avec des fleurs. Porque ditas com flores, até as ofensas nas redes sociais se levam de forma diferente.

Não sei se a vossa mãe concordaria (caso conheça a rede social em questão) mas vejam, que quadro lindo não daria esta imagem, para colocar na sala, mesmo ao lado do Menino da Lágrima?

Ofensa nas Redes Sociais Pedro Rebelo

p.s. Eu vi a tua mãe no Tinder. Para bom entendedor, meia palavra basta.

Esta manhã, em conversa online com um costumeiro grupo de bons amigos, intervenho sem qualquer razão aparente com um estrondoso “Spooooooooooooorting!“. Assim, com ponto de exclamação e tudo.

Pedro Rebelo MEO

 

Mesmo contando com a referência que fiz nesse mesmo grupo a noite passada, a futebol e ao Sporting, não consegui evitar a estranheza dos participantes na conversa. É certo que não seria essa a minha intenção mas, para efeitos narrativos a frase fica bem aqui.

Resposta imediata de um deles: “Quem és tu e o que fizeste com o Rebelo?

É uma interjeição comum entre nós, perante uma atitude atípica de alguém que o grupo conhece bem, e que de alguma forma funciona como um pedido de explicação ou chamada à realidade. A minha resposta não se fez tardar e como de costume, deixava portas abertas para mais uma animada conversa:

Sou um Cliente MEO e vim do espaço para vos conhecer melhor. Trago comigo um livro e dou um prémio a quem adivinhar o título.

Juntem os pontinhos e digam de vossa justiça. Tudo isto tem um sentido e mais uma vez se comprova que há operadores de TV por cabo e operadores de TV por cabo, há livros e livros, há séries e séries, há amigos e amigos. E eu, digo-vos para além de qualquer dúvida, orgulho-me dos meus.

Basilio e Jorge Rosa, sabendo que para vós é claro, por favor, deixem que pensem.

Uma equipa de cientistas ao serviço do Facebook publicaram recentemente um estudo na revista Proceedings of the National Academy of Sciences que comprova ser possível estar o Facebook a manipular emoções dos utilizadores desta rede. E como comprovaram eles tal facto? Manipulando-as.

Facebook a manipular emoções?

O estudo, intitulado “Experimental evidence of massive-scale emotional contagion through social networks” (Prova experimental do contagio emocional em larga escala através das redes sociais – tradução minha) mostrou que esta equipa de cientistas do Facebook manipulou o conteúdo que apareceu no feed de noticias de cerca de 700.000 (setecentos mil) utilizadores da rede de forma a determinarem até que ponto tais manipulações influenciariam o estado emocional dos utilizadores em questão.

O Facebook é nos dias que correm uma das principais fontes de informação para muita gente. É sabido que grande parte do tempo online é actualmente passado nesta rede e é comum ouvir dizer “Vou ao Facebook para saber das novidades, ver o que se passa”. O feed de noticias é o ponto central de toda esta interacção, o local onde vemos os updates que todos quantos seguimos vão fazendo, textos, imagens e vídeos.

Foi precisamente sobre o feed de noticias que a equipa de cientistas do Facebook actuou e, durante uma semana, alteraram os algoritmos da rede de forma a controlarem o que cerca de 700.000 utilizadores recebiam no seu feed de noticias fazendo com que determinados utilizadores vissem essencialmente posts contendo termos alegres e positivos enquanto outros utilizadores veriam mais conteúdo com termos negativos e que denotavam tristeza.

Conceitos de Psicologia aplicados ao Facebook

Há muito que os psicólogos sabem que a exposição constante a estados emocionais mais presentes que outros tende a levar à adopção desses mesmos estados.

Com a alteração ao algoritmo da rede, a equipa de cientistas verificou que, ao final de uma semana, os utilizadores que tinham sido expostos a posts essencialmente positivos, faziam eles próprios mais conteúdos positivos ao passo que os utilizadores que viram no seu feed de noticias mais posts negativos escreviam também com maior negatividade.

Prova-se assim que o efeito contagioso dos estados emocionais funciona de igual forma online, e desta forma comprova-se também a possibilidade de ter o Facebook a manipular emoções.

Antes de mais desenvolvimentos, duas questões:

Se é possível o Facebook a manipular o feed de noticias de 700.000 utilizadores, o que o impede de manipular o feed de noticias de  5 milhões (aproximadamente o numero de utilizadores do Facebook em Portugal) ou de todos os utilizadores?

Comprovado ser possível estar o Facebook a manipular emoções dos utilizadores, o que é que isto significa para as marcas?

Diz a Forbes que o Facebook é o melhor laboratório de pesquisa humana de sempre. Sim, literalmente quer com isto dizer que o Facebook tem nos seus utilizadores um gigantesco e fantástico grupo de cobaias humanas. Gigantesco pelas razões óbvias. Grande parte da população humana, cruzando raças e credos, está presente nesta rede. Fantástico pois, contrariamente a outros laboratórios científicos, o Facebook não precisa de pedir aos seus utilizadores que concordem com cada uma destas experiências mais ou menos éticas que a rede resolva promover pois cada utilizador já concordou com a política de utilização de dados da rede onde é claramente expresso que concorda que a sua utilização da rede possa ser usada para efeitos de pesquisa.

As questões éticas sobre a utilização da informação para efeitos de pesquisa levantam-se aqui (na minha opinião, distraindo um pouco da verdadeira questão, mais do que a utilização da informação, a manipulação da mesma) mas a equipa do Facebook apressa-se a comunicar que, não só a pesquisa só durou uma semana (ou seja, foi pouco tempo e por isso não faz mal) como nenhum dos dados tratados terá sido associado a um determinado utilizador. Segundo a revista The Atlantic a expressão usada terá sido “Não há qualquer tipo de recolha desnecessária de dados pessoais nestas iniciativas de pesquisa e todos os dados são guardados de forma segura.”.

Adam D. I. Kramer, um dos cientistas do Facebook que participou no estudo, afirmou na sua página desta rede social:

“No fim do dia, o verdadeiro impacto nos utilizadores envolvidos nesta experiência foi o mínimo necessário para ser estatisticamente detectável. (…) Tendo eu mesmo escrito e desenhado esta experiência posso dizer-vos que nunca foi o nosso objectivo incomodar alguém…”

“Nunca foi o nosso objectivo incomodar alguém…”. Pergunto-me se não terão incomodado. Pergunto-me se, considerando a importância dada à rede em questão e o facto desta representar para tanta gente a sua presença online, ter o Facebook a manipular emoções, por leve que seja a manipulação, não será incomodativo? Que resposta menos simpática terá dado um certo utilizador por só ter visto posts carregados de negatividade durante uma semana? Que post, eventualmente alegre demais, terá colocado um outro utilizador na página da empresa pela qual é responsável, por ter estado num constante estado de boa disposição durante uma semana?

“Provavelmente ninguém foi levado ao suicídio” foi o bem humorado comentário que um professor fez no Twitter referindo-se a esta experiência do Facebook onde acrescentou a hashtag #jokingnotjoking. Pois, quem sabe?

Tweet sobre Facebook a manipular emocões

Podem  estados de euforia ou tristeza ser causados por uma miríade de outras circunstancias e factos? Sim, claro. Mas não é essa a questão que se me coloca como problemática. O problema na minha opinião, está na possibilidade de o Facebook propositadamente induzir a tais estados e, para além das questões éticas sobre as formas como o estudo terá sido conduzido (e que estranhamente parece ser a maior preocupação dos media), as possibilidades menos éticas que esta recentemente tornada pública possibilidade (e sim, esta utilização das palavras não é em mim inocente, de todo) vem abrir, principalmente a todos quantos possuírem a capacidade de influenciar quem controla o Facebook.

Facebook controla o conteúdo que disponibiliza aos utilizadores

Não é novidade, ainda que raramente referido pelos Media e menos ainda pelos marketers, que o Facebook controla o feed de noticias dos utilizadores em conformidade com o seu interesse. Lembre-se a gigantesca campanha (mesmo que não assumida) de aproximação aos Media online quando em 2013  grandes sites noticiosos começaram a ter um aumento inexplicável de visitas vindas do Facebook. “Ligeiras” alterações ao algoritmo do Facebook, modestamente anunciadas, levaram a um repentino e nunca visto aumento de tráfego em sites como o Gizmodo, Buzzfeed ou The Wire…

Definir que conteúdos, de entre os cerca de 1500 possíveis, vão aparecer no feed de noticias de um utilizador, tendo como critério interesses próprios e não declarados já é grave. Mais grave ainda será a possibilidade do Facebook  manipular as emoções dos utilizadores através da escolha desses mesmo conteúdos.

Como costumo dizer, não devemos esquecer que o Facebook é uma empresa e, como muitas outras, tem como uma das suas principais prioridades, ganhar dinheiro.

“Abduções é palavra que raramente se ouve e que para alguns de nós, quando ouvida, de imediato nos remete ao universo de X-Files (Ficheiros Secretos em Portugal). De igual modo, carros voadores, ainda que um termo mais comum para apreciadores de ficção cientifica ou mesmo para quem leva com ela sem apreciar, remete igualmente para uma visão ficcionada de um futuro que insiste em não chegar mas que é esperado há muito.

Abduções, carros voadores e fotografia

Ontem conheci a obra do fotografo Renaud Marion, mais precisamente, a sua série de fotografias iniciada no inicio de 2013 que intitulou de Air Drive (obrigado Jorge Rosa. Cheguei lá através do link para os Flying Citroen Cars do Jacob Munkhammar).

fotografia de Renaud Marion

Esta série, com os seus carros vintage, modelos automóveis de outras épocas, com as suas cores  e tons, transporta-me (não fosse esse o sentido de um automóvel e, eventualmente, de uma fotografia) a um imaginário que poderei chamar de retro-futurista, um espaço roçando um steampunk moderno, movido a diesel e não a carvão.

fotografia de Renaud Marion

Numa referência à cultura pop nacional, Air Drive lembra-me a Grande Cidade de Claxon, a série portuguesa da década de 90, e a cada nova fotografia espero ver António Cordeiro a aparecer num qualquer canto, taciturno, encolhido na sua gabardine.

fotografia de Renaud Marion

Da França para Portugal

Mas Air Drive lembrou-me ainda outra coisa. A magnifica série fotográfica que o meu amigo Pedro Moura Pinheiro, fotógrafo exquisite e extraordinaire, tem realizado desde 2008 e que chamou de Pixel Abductions (já aqui referida em tempos).

leisure hover on the promenade

Numa técnica semelhante, Pedro Moura Pinheiro leva-me também a um outro tempo, talvez a um outro espaço, que pela diferença no sujeito da fotografia, no enquadramento e na cor, me lembra narrativas distópicas (e note-se, eu gosto de distopias), futuros tecnológicamente avançados e dispositivos de controlo.

Looking for a new place to stay.

O candeeiro, em si objecto estranho na noite, não natural, está lá para dar luz mas não para iluminar caminhos, iluminar vidas. O candeeiro, objecto não identificado, dará visibilidade ao corpo (quase inexistente na série) mas só em caso de necessidade e não do corpo em si mas da máquina que está por trás, por cima, que regula e observa o cumprimento.

three scouts

Mas enfim, isto seria entrar na percepção e entendimento da estética (enquanto experiência sensível) de quem vê. Prefiro que vejam, olvidando os meus pre-conceitos. Depois, voltem cá e digam o que acham.