Confesso que não tenho tido muito tempo ultimamente e o cansaço tem imperado sobre a vontade de escrever aqui o que me vai na alma mas desta vez tem mesmo que ser (e não é só pelo Visitante X me ter picado). Foda-se mais ao promotor do concerto. Não me venha cá com conversas da tanga de que não há gente suficiente quanto todos sabemos que tal é simplesmente irreal. O site oficial da banda refere os sérios problemas financeiros da empresa promotora portuguesa Brand New Day.

The Depeche Mode concert scheduled for Lisbon’s Alvalade Stadium on July 28 is cancelled, due to the serious financial difficulties of the promoter Jose Araujo’s company Brand New Day.

Unfortunately this promoter failure makes it impossible for Depeche Mode to perform this Lisbon concert.
The Band apologize to disappointed fans.
Ticket holders are advised to seek advice on refunds from the point of purchase.

Mais não digo. Não vou para a porta da FNAC aos gritos, que quero o meu dinheiro de volta. Vou esperar mais uns dias pois a esperança é a última a morrer mas sinceramente, não queria deixar de reiterar a minha opinião e descontentamento: Foda-se mais ao promotor.

É de alterne que se fala. Não fosse um album dos GNR.
Nada de novo para quem sempre os acompanhou. Bem, talvez não seja bem assim. É novo o facto de pela primerira vez estarmos perante uma colectanea de GNR que não é um best of, pelo menos no sentido comercial do conceito. Será um best off para mim sem dúvida pois este é um album em que ao invés de Dunas ou Efectivamente (sem de modo algum lhes tirar o valor ou importância que para mim tiveram e ainda hoje têm estas musicas) posso ouvir Dama ou Tigre, Radio Taciturno ou popless e tudo de uma só vez…

25 anos depois de “Portugal na C.E.E.”.

Não fui ver a banda a tocar no Rock in Rio. Confesso que Rock in Rio não é bem a minha onda, mas fiquei agradado de saber que o Reininho assumiu como que em acto de contrição: «Sentimos uma espécie de reconciliação com o público de Lisboa. Não que estivéssemos em conflito mas somente pelo facto de não tocarmos na capital há já alguns anos. Foi bastante importante para nós.» Acho bem. Tal como um outro concerto que espero em breve recordar in loco, também o concerto dos GNR em Alvalade foi marcante na minha juventude e ainda hoje é muitas vezes tema de conversa passados que foram 14 anos sobre aquela noite de Outubro de 1992. Tal é a grandiosidade da banda (a única portuguesa que até hoje arriscou e venceu o desafio de dois concertos de estádio a solo metendo 40 mil pessoas no Estádio de Alvalade) e a importância que tem para quem está na casa dos 30’s.

Dáli aqui.

Desde cedo que as imagens de Dali me impressionaram pela sensação de sublime (entenda-se sublime à lá Dostoevsky) que me transmitiam. Tanto paralelo encontrei em textos de Pessoa (como a Ode Triunfal ou a Saudação a Walt Whitman) ou de José Régio (o estrondoso Cantico Negro)… E se um dia eu sentisse que tudo se misturava num ritmo que me era agradavel ao ouvido? Aquilo que aparentemente não faz sentido (Só ouviam rádios livres ate´deixaram de estudar
Deram á luz um Frankenstein que ninguém pode controlar…) toma muitas vezes forma na cabeça de um jovem desejoso de mais e mais… Era a Valsa dos Detectives e estávamos em 1989. Depois do que me tinha sido dado a ouvir dois ou três anos antes em Psicopátria (Os meus amigos enterrados no jardim, E agora mais ninguém confia em mim. Era só para brincar ao cinema negro, Os corpos no lago eram de gente no desemprego…) era o melhor que podia acontecer. Ao fim e ao cabo “…ter medo é a pulsão fundamental do criador e artista.”

Tudo isto para dizer que este fim de semana ofereci “O Melhor Dos GNR Continuação Vol.3” a um grande amigo meu que fez anos. Fiquei muito contente quando, ainda não lho tinha oferecido e já ele fazia referências ao disco dando a entender que gostava muito coisa que depois o veio a confirmar com a frase “Era isto que eu queria de prenda.”. Ouvimos o album de imediato.
– Queres uma cópia?
– ‘Tás doido? Eu quero é ir já amanhã comprar isto.

Ainda não tive tempo. Mas juro que vou assim que possa.

Vi há dois ou três dia atrás num dos canais da televisão, um apontamento de reportagem sobre a visita do primeiro-ministro japonês Junichiro Koizumi aos Estados Unidos e achei piada pois o foco desse mesmo apontamento de reportagem foi a visita deste, juntamente com o presidente Bush a Graceland, a mitica casa de Elvis Presley onde Junichiro Koizumi brindou os jornalistas com dois ou três pequenos trechos musicais originalmente interpretados p’lo Rei. Eu já tinha ouvido dizer que Junichiro Koizumi era um apreciador do genuino Rock n’ Roll americano (aliás, muito apreciado no Japão) e aqui estava a prova. Mas a história não acaba aqui. O gosto pelo Rock n’ Roll do senhor é tanto que, Brian Setzer e a BSO (Brian Setzer Orchestra) foi convidado para actuar durante o jantar oficial na Casa Branca…

Brian Setzer at Whitehouse Concert

O Mundo é muito, muito pequeno. Brian Setzer, hoje com quase 50 anos, seria na altura em que o ouvi tocar pela primeira vez, a última pessoa que eu imaginaria num jantar oficial da Casa Branca (basta dar uma olhada nas reliquias do Youtube como esta ou esta e logo se percebe porquê). Estávamos em 1987 ou 1988 eu tinha uma cassete pirata de Runaway Boys (1981) e ouvia vezes sem fim titulos como Stray Cats Strut, Storm the embassy, Fishnet Stockings ou Wild Saxophone… The Stray Cats em 1981. Setzer no meio.Juntamente com Slim Jim Phantom e Lee Rocker, Brian Setzer formava os Stray Cats… Em certa forma, o formar de uma personalidade, um estilo e e um ideal que durante tanto tempo me acompanhou…

O tempo passou é certo… Ainda hoje, logo pela manhã me lembrei da minha velha cassete quando, muitos anos passados desde a última vez que o fiz, me encontrei frente ao espelho, de pente na mão a ajeitar a pôpa. Brian Setzer disse numa entrevista há muitos anos atrás que um rockabilly é sempre um rockabilly. Pode passar a ter dinheiro, vestir fato e gravata e aparar o cabelo de outra forma. Vão chamar-lhe um teddy boy. Mas um rockabilly é sempre um rockabilly…

Andava eu todo contente a procurar mais noticias sobre o o novo dvd dos Depeche Mode a sair agora em Setembro próximo e eis senão quando descubro que o alinhamento do concerto Touring the Angel dos Depeche em Houston – Texas no passado mês de Novembro contemplou o público com a música abaixo:

Sempre há esperança de que o concerto do próximo dia 28 nos traga igualmente esta preciosidade.

Deixo aqui o orginal videoclip só para compararem…

E digam lá que hoje estou lamechas…

cancaodelisboaDepois de ter assistido ao My fair lady, a expectativa para a “Canção de Lisboa” era muito grande. Não só pela fantástica prestação que nos foi oferecida no anterior espectáculo mas também pelo facto do filme hómonimo de 1933 ser para mim uma referêcia. Durante os tempos de faculdade quantas vezes não fui Vasco Leitão (e quem de entre as capas e as batinas não foi?) e ainda hoje, com a faculdade lá longe, quantas vezes não me sinto Vasquinho saido do primeiro exame ou no fiasco do Retiro? Adiante.

Este Sábado lá estivemos de novo no Politeama. Encantado continuei com a prestação da Anabela que, num registo diferente dos que já tinha ouvido (desde as escadas da escola secundária nas quais muitas vezes nos juntávamos à sua volta só para a ouvir), continua a supreender com a força da sua voz. Não foi a única. Nesse campo outros protagonistas estavam à altura assim como as bailarinas se portaram igualmente muito bem. O problema esteve, na minha opinião, no toque La Feria dado à história e, principalmente, à música. Alguem devia explicar a este senhor que, uma coisa é A Canção de Lisboa e outra bem diferente é o West side Story. Mesmo que a colagem tenha sido propositada, custa a todos imaginar a Lisboa dos anos 30 como a Nova Iorque dos anos 50 e foi por ai que a coisa não correu bem. É certo que num músical queremos música mas Miss Saigon ao som de Fox Trot não se chamaria Miss Saigon assim como A Canção de Lisboa ao som de rock n’ roll talvez não se devesse chamar A Canção de Lisboa.

Na generalidade, este espectáculo muito se aproximou do ritmo revisteiro o que não seria mau de todo se fosse anunciado como tal. Musical é musical. Revista é revista. Uma outra critica deve-se ao incluir sistemático de outras cenas da classica comédia cinematográfica dos anos 30 com a deixa “Isto é d’outro filme” ou “Esta cena não é d’aqui”. Chateou pelo repetir da coisa e pelo facto de que, só a Canção de Lisboa em si, mais uma vez na minha opinião, teria material para muito mais espectáculo.

Não será por aqui que se dirá “deixei de gostar do La Féria”. Infelizmente não imagino as pessoas a quem o filme de Conttinelli Telmo toca ao coração a dizerem “Passei a gostar do La Feria.”.