Em 3 dias é já a quarta vez que a voz da Xana ecoa por aqui: “Acendo mais um cigarro, Invento mil ideais, Porque amanhã sei-o bem, É sempre longe demais…”.

Quanto me lembro dos cigarros que acendi numa qualquer janela mal fechada, noites sem sono, horas de cansaço… Fará no mês que vem 20 anos que esta musica me acompanha. 20 anos. Quantos de vós mal se lembram de há 20 anos atrás…

Os ideais… Bem, os ideais, bem mais de mil, muitos se foram desfiando como o tempo nos tais anéis de fumo baço… Já não fumo mas agora fumava um cigarro enquanto escrevo já com uma luz baixa e o som da televisão ao fundo. Deixo para amanhã. Porque amanhã sei-o bem, é sempre longe demais…

Imagino a fortuna que não deve custar ser metrossexual…

60 euros for shaving?

Assim sendo, já tenho uma boa razão para andar sempre de barba ou pêra ou lá o que seja… Bem, desta vez, o dinheiro está gasto e como tal, que se lixe, sem pêlo durante os próximos dias mas a este preço (e somando-lhe ainda a brutalidade que é pagar mais 17€ por 4 laminas para a Gillette) não me venham cá com coisas de andar de barba bem aparada…

Ali à 24 de Julho está aberto há cerca de um ano o Restaurante Tejo à Vista. O espaço já foi casa de vários restaurantes e bares distintos nos últimos anos e isso parece ainda ser visível lá dentro mas, não é desses outros que vou escrever e como tal, segue.

A entrada dá para um espaço que funciona aparentemente como café ou bar e conta ainda com uma esplanada na rua. Chegados informámos da reserva feita e fomos encaminhados ao andar de cima. Os jantares são lá encima.

Após um esclarecimento de que a nossa reserva não era de 6 mas sim de duas pessoas lá nos foi indicada a nossa mesa. Aqui não se prima pelo luxo e ainda bem pois iria certamente encarecer a oferta e assim como está está bom.

É nos deixada a ementa mas logo à porta tínhamos reparado numa oferta regional, típica da Madeira (viemos mais tarde a saber que o proprietário é Madeirense) e a escolha estava já feita. De uma breve passagem penso que a oferta geral da ementa anda à volta de pratos de cozinha italiana mas não garanto. O interesse estava já direccionado para outro lado.

Bolo do Caco para começar. Este bolo é na realidade mais um pão do que um bolo, feito à base de farinha de trigo, fermento, água e sal, é servido quente e barrado com manteiga de alho a derreter. Dizem os entendidos que não há como o de Porto Santo e como não me lembro de ter provado esse, o do Tejo à Vista estava mesmo muito bom.

Segue-se o peixe. Bife de Atum. Com o que parecia ser um molho de cenoura, tomate e pimentos, acompanhado por uma concha de arroz, veio em dose farta e cheio de sabor.bife de atum no tejo a vista O risco do atum é por vezes ficar seco mas este estava mesmo no ponto. Fazia-se ainda acompanhar por dois cubos de milho frito e tudo numa apresentação só por si apetecível.

De carne contámos com uma espetada Madeirense. Chega à mesa um prato com cubos de milho fritos, batata assada e uma salada finamente temperada com um balsâmico adocicado (calha bem que é do que eu mais gosto). Logo depois chega então a espetada que, certamente por questões legais (discutíveis mas legais), não vem em pau de loureiro mas sim em espeto inoxidável. Quatro bons pedaços de carne de vaca, macia q.b. para o efeito e muito bem temperada onde o louro se fazia notar em força. Nada a apontar. Estava deliciosa.

Desta feita a refeição não se acompanhou de vinho mas sim de agua. De quando em vez há que dar descanso ao corpo…

Para sobremesa, ainda que com alguma dificuldade (tal o efeito do Bolo do Caco), escolhemos o Bolo de Chocolate que nos foi apresentado como algo de outro mundo, sem açúcar nem farinha, acompanhado por uma bola de gelado de baunilha e um Coulis de frutos vermelhos. Infelizmente aquilo que poderia ser uma sobremesa excelente acabou por revelar-se uma estranha experiência que a deixar contente só ao mais ferrenho apreciado de chocolate. O bolo estava massudo e a ausência de doce não ajudava. Foi-nos explicado que, de Inverno este bolo é servido ligeiramente aquecido o que o torna mais suave (acredito) e faz com que o contraste com o gelado seja maior o que também deve ajudar. Penso que é algo a tentar novamente e nesses termos.

Café e garoto (que estando claro sofreu, sem qualquer culpa de quem o tirou, do forte que era o café) e a refeição estava terminada.

Um serviço simpático e atencioso, atento aos timings dá o ponto final ao restaurante Tejo à Vista. A ver se o lucro da casa permite algum investimento na mesma só para afastar velhos fantasmas e talvez, uma maior aposta nas especialidades lá da terra não fosse má ideia.

Restaurante Tejo à vista
Tipo de cozinha: Madeirense / Italiana
Preço médio: 20€
Morada: Av. 24 de Julho, 84 A, 1200-870 LISBOA
Telefone: +351 309 935 930 / 917 300 774
e-mail: restaurante@tejoavista.com
Pagamento: Numerário / Cartões