Um destes dias, fiz o upload de uma fotografia para várias redes sociais acompanhando-a de uma legenda: “É decadente… Literalmente… Como se quer. Foi uma surpresa…“. Entenda-se antes demais que eu gosto particularmente do termo decadente. Associo-o ao movimento artístico e literário do séc. XIX. Associo-o a Oscar Wilde e a Charles Baudelaire… “Decadente, como se quer” é certamente, vindo de mim, coisa boa.

E coisa boa era efectivamente aquilo que nos esperava no restaurante The Decadente.

Depois de uns minutos de fim de tarde passados num banco de jardim ao Miradouro de São Pedro de Alcântara, eis que chegava a hora da surpresa que a Susana tinha preparado. Jantar. Só não sabia onde. Virar costas à paisagem, atravessar a rua que partilha o nome com o miradouro e chegar ás portas de um palacete, que no inicio do século passado terá sido construído para ser a residência oficial de um embaixador. Percebe-se a nobreza do edifício, e dificilmente se passará por ele sem o notar. É aqui que se encontra um dos mais recentes hostels de Lisboa, o The Independent. Portas passadas, virar à esquerda. é por aqui a entrada para o The Decadente.

Um bar, balcão de bancos altos, que por pequeno que pareça deixa alas abertas para as salas que se seguem. Dois copos de um fresco Rosé, sugestão da casa, que os jantares só se servem das 20 às 22 e das 22 em diante. Uns minutos de relaxe, copo na mão, apreciamos os espaço e a decoração que de alguma forma nos chamava à tal decadência que referi anteriormente. Como se quer.

Uns minutos depois é-nos proposta a passagem à sala de refeição. Seguimos o chefe de sala e ocupamos a primeira mesa. Em frente há também um pátio de mesas postas. Em breve estará cheio. Ficará para outra visita. O chefe de sala passa-nos ao Felipe, que acompanhará a nossa mesa e educadamente de dispõe a esclarecer qualquer duvida sobre a ementa que deixa na mesa. E começa a escolha.

O pica pau do The Decadente

As entradas no The Decadente são chamadas de “Conversas do Miradouro”.

A oferta é larga entre cremes de legumes, uma salada, dois carpaccios, camarões e a nossa escolha: “The Pica-Pau”. Pequenos pedaços fatiados de carne de novilho, cozinhados ao ponto com alho e mostarda antiga. A acompanhar, pedaços de pão bem fresco que pediam para ser banhados no molho. Bom, muito bom. Carne macia, dose certa para entrada. Venha então o resto.

Um prato de peixe vinha a calhar numa noite como aquela. “Há mar e mar, há ir e voltar” sugere 5 pratos vindos da agua. Um deles chamou à atenção pela ousadia: “Peixe da noite”. Lombo do peixe do dia em sautée, batata migada com alho e coentros e couve pak choy grelhada.

Talvez nem todos os peixes do dia sejam a melhor opção para um sautée mas ainda assim, resolvemos arriscar. Pampo. Excelente. Sendo um peixe de carne branca e firme, permite-se ao salteio sem grande risco.

Peixe da noite no The Decadente

Bem apresentado, a posta em bom tamanho não desiludiu. Na batata, saborosa, o que nem sempre se prova, o alho estava suave e o coentro dava um toque de cor. A couve, não tendo um “aperto” suave antes da grelha, pedia só menos um ou outro talo um pouco mais rijo. Ainda assim, rica de sabor, acompanhava perfeitamente.

Satisfeitos, e sempre acompanhados pelo serviço irrepreensível, passamos então ao prato de carne.

“Do interior para a cidade” é a lista de escolhas do restaurante.

Entre costeletas, bifes e bochechas, optámos pelo “Confit no Pato”. Perna de pato confitada com couscous de cogumelos Portobello e salsa, molho de soja e chalotas caramelizadas com laranja e tomilho.

Pato Confit do The Decadente

Pato confitado é outra escolha ousada. Horas de cozedura antecedidas de horas de preparação. Veio a rigor.

Muito bem apresentada, veio a perna do pato, brilhante e bem guarnecida de molho, encorpado quanto baste com um agridoce entre o salgado do molho de soja e o doce da laranja. As chalotas caramelizadas contribuíam para maior doçura. Os couscous, que admito até à data não ser grande apreciador, encantaram também. Muito além da tipíca cozedura, os pequenos grãos de massa estavam num ponto certo de secura onde os cogumelos e a salsa combinavam maravilhosamente. Quanto à carne, irrepreensível. Saborosa, a soltar os nacos sem perder a forma.

Era de pedir a sobremesa. Havia também boa escolha entre tartes, bolos e fruta mas a nossa recaiu sobre “De Seia para Lisboa”, um cheesecake de queijo de Seia e compota caseira de tomate. E que boa foi a nossa escolha.

O Cheesecake do The Decadente

Uma base do conhecido Cheesecake, sem demasiada humidade, crocante e apelando à ideia de biscoito, coberta por uma boa fatia de queijo de Seia e depois regada com uma geleia de tomate que pelo pouco doce e acertada dose de canela, combinava perfeitamente com tudo o resto. Excelente.

De beber, foi escolhido um Douro Vinha do Bispado. Um tinto de aroma adocicado, de vermelho transparente e com um final fumado e muito agradável. Também aqui a satisfação foi de monta.

Faltava a prova de fogo. O garoto clarinho que certamente já aterroriza algumas casas de Lisboa. O pedido é claro. Um café e um garoto clarinho. Leite quente com uma só gota de café. Veio e falhou. Um pouco mais escuro do que o esperado. Nem isso nos desanimou. Coisa que nem sempre vejo nestas situações, a Susana com um sorriso, pede que nos tragam outro, ou até só leite. Uma vez mais, com a simpatia que marcou a sua presença durante o jantar, o Felipe pede que lhe seja dada outra oportunidade. Trará mais um garoto. Veio perfeito.

Decadente. Como se quer.

Em casa cheia e onde nem por isso nos sentimos apertados, a gestão de reservas parece funcionar ao mais pequeno detalhe. Em pé só quem está a ser encaminhado para a mesa. Os tempos perfeitos levam a refeição a durar até ao próximo turno e nem se dá por isso. Numa noite como só em Lisboa, que chamava a ser vivida, a experiência que vivemos no The Decadente foi fantástica. A repetir certamente.

Restaurante The Decadente
Tipo de cozinha: Portuguesa Contemporânea
Horário: Das 12:00 às 15:00 ao almoço e das 20h00 às 24:00 para jantar.
Preço médio: 25€
Morada: Rua de São Pedro de Alcântara, 81
1250-238 LISBOA
Telefone: +351 213 461 381
Site: http://thedecadente.pt/

Os logos andam ai. Eles existem. Todos sabemos disso. De quando em vez, fingimos que não os vemos mas lá no fundo no fundo, sabemos que eles lá estão, a olhar para nós. De repente, revelaram-se e mostraram ao mundo o seu verdadeiro propósito: a conquista. Largaram as suas bases, aquilo que os mantinham presos e agora…

MacDonald's 2003 by Matt Siber
MacDonald’s 2003 by Matt Siber
MacDonald's + Truck 2008 by Matt Siber
MacDonald’s + Truck 2008 by Matt Siber

O projecto Floating Logos divide-se em duas séries. A Serie I, onde os logos são fotografados de baixo, intencionalmente sem base, sem chão. A Serie II já nos mostra os logos enquadrados na paisagem numa perspectiva mais alargada…

Matt Siber é um americano, de Chicago, crescido em Boston e formado em História e Geografia que em determinada altura decidiu virar-se para a fotografia. A coisa correu-lhe tão bem que hoje tem o seu trabalho em sitios como o Art Institute of Chicago ou o Museum of Contemporary Photography. É também representado por galerias em Espanha e na Alemanha.

Esta abordagem lembrou-me o trabalho de um outro grande fotografo, que tenho o gosto e a honra de ter como amigo, Pedro Pinheiro. O seu projecto Pixel Abductions veio dar a conhecer ao mundo outra invasão, veio comprovar ao mundo a existência de outra vida que pairava sobre nós…

Arriving Home by Pedro Pinheiro
Arriving Home by Pedro Pinheiro

Há quem diga que, precisamente por não ter receio da verdade, o Pedro foi silenciado por outras e mais fortes instancias tal é a distancia que temos hoje da ultima fotografia da série, mas ainda assim, não perdemos a esperança…

Sim, sabemos hoje que Star Wars, o começo de toda a saga, é na realidade (teóricos da conspiração, venham de lá as vossa teorias) o episodio IV, mas foi com a perspectiva de quem nada sabe sobre Star Wars que disse à Patrícia para ver este primeiro filme.

Star Wars em casa

E assim foi. Os três (bem, os quatro que o gato Browser fez questão de acompanhar a aventura ainda que com os olhos fechados) no sofá, depois de um dia muito activo, pizza, agua e 7Up. Que comece a sessão.

1977 está bem presente e quanto a isso não há duvidas mas ainda assim, a Patrícia aguentou firme (mais que qualquer um de nós) até ao fim, colocando constantes questões, dando opiniões e até sugestões sobre o que se deveria passar a seguir.

Já temos como certo que, a próxima sessão, Star Wars: O Império contra-ataca, terá uma baixa na audiência. A Susana já deixou claro que nesse dia, ainda que não tenha já data marcada, ela tem algo de muito importante para fazer e não poderá estar presente… Um destes dias tentaremos Star Trek: O Filme (The Motion Picture, 1979). Quem sabe não estará ali uma trekkie por descobrir…

 

Este copo de vinho bem fresco e este livro faziam-me companhia enquanto esperava um amigo, um amigo de longa data. Este amigo chegou rápido. Diacho, poderia ter demorado horas… Um ou dois dias de atraso também seriam desculpáveis… Já não o via há quase 20 anos

Um copo de vinho branco com o meu amigo Daniel

Chegou o meu amigo. Pediu um destes também. Um abraço. A conversa. Sim, estamos iguais… Aqui não há cá dessas coisas do “estás velho” ou do “já não tens cabelo”… Uma leve referência aos grisalhos mas é coisa que passa depressa.

Lembramos passados (e que histórias temos a lembrar), falamos dos presentes (o dele mudou há pouco tempo e prepara-se nova mudança para breve), imaginamos futuros… Prevemos? Quem sabe…

As coisas funcionam assim. Dois dedos de conversa e há tanto por onde avançar. Eu posso ajudar-te? A mim dava-me jeito a tua ajuda… Raios, somos amigos pois então. Pensamos nestas coisas…

Meia hora de conversa. Já me vejo noutro sitio, noutro pais. A escrever, a falar, em ensinar quem sabe… Pois, quem sabe. O mundo não pára. Nós também não. Tanto que não paramos que estamos aqui, quase 20 anos depois… A pensar em planos… Tal como ontem pois parece que foi ontem. Falamos das mulheres, dos filhos, da familia enquanto tal, aquilo que verdadeiramente nos importa. Como a começamos a desenhar há tantos, tantos anos atrás. E hoje cá está, o desenho tem vida…

Ele tocava flauta, eu escrevia poemas. Alguns tascos (e sitios de mais respeito também) ainda hoje são capazes de nos lembrar tal a paródia. Os trajes tinham já lapelas douradas de tanto Sol que apanharam como que prevendo que à nossa maneira, as nossas vidas brilhariam…

Um destes dias velho amigo (ser cronologicamente bem dotado já nos permite dizer isto, aos 20 anos não teria piada alguma), voltamos a falar. Tenho a certeza. E sei que tu também… E quem sabe, quem sabe…

Ele há dias assim…
Ontem foram 13 horas em pé… Certo. Quando se está a fazer algo com gosto é diferente… Mas custa à mesma… Ainda assim, deu para acabar o dia a dar os parabéns a um grande amigo que fazia anos. Bem, verdade seja dita, juntou-se o util ao agradável. Comi um hamburger que não eram horas de ir fazer jantar e ainda bebi um copo de vinho antes de vir para casa…

Era o Bruno que fazia anos mas fui eu que ganhei um rebuçado… Toma lá morangos disse ele… Obrigado à mãe do Bruno digo eu. Foi chegar a casa e quase sem sentir o corpo, cair para o lado. Tinha que acordar cedo…

Toma lá... Rebuçados de Morango

Hoje foi outro dia… Outro estudo, outras pessoas. Grupo interessante, cheira-me que nos vamos dar bem. Segunda continuaremos…

São duas da manhã, 15 slides de Powerpoint depois, decido que está na hora de parar um bocadinho, escrever qualquer coisa fora do tema. Muitas horas a teclar, muitas horas sentado, preciso de andar novamente mas falta-me tempo. Daqui a pouco mais que nada, volto à carga. Quantos são? Venham eles…

Pronto, já desabafei. Agora vou dar mais uma volta ao Powerpoint que eles não se fazem sozinhos… Ó Bruno, há por ai mais rebuçados?