Primeira ideia a passar: Anjelina Jolie não é aqui a Lara Croft. Não é que não pudesse ser. Se calhar podia mas já não teria a mesma piada. Lara Croft era mais uma teenager com responsabilidades acrescidas. Evelyne Salt é efectivamente uma mulher, já com 35 anos, casada e que trocou os calções curtos por saias lápis ou levemente evasê e sempre abaixo do joelho

Angelina Jolie Salt

Desiludidos? Não fiquem. Está demodé e não é bonito (nem verdade) ver as senhoras do cinema como meros sex symbols ainda que, para apreciadores do género suits-and-boots, Evelyn Salt também não esteja mal…

Vai haver sempre quem não goste do género (visite-se a Time Out London por exemplo) mas, verdade seja dita, não sendo à primeira vista material para saga memorável, não deixa de nos fazer pensar se não teremos ali tema para dois ou três filmes de sucesso. Lembram-se de Bourne?

A historia deste filme é simples, nem por isso muito original (leiam-se alguns bons livros de espionagem, uns comics à mistura e ficamos com a sensação de deja vu relativamente ao argumento mas, quantos são os que leram?) mas de alguma forma bem actual e até perto da realidade (alguém tem acompanhado a saga do espiões russos detidos dois meses atrás nos Estados Unidos?). No final da Guerra Fria, um mestre espião russo cria uma escola de super-agentes, treinados desde crianças (já escolhidas a dedo), para se infiltrarem na realidade norte-americana e, serem um dia mais tarde, chamados ao serviço da Mãe Rússia. Os anos passaram e nos dias de hoje, o mais tarde chegou.

Assassinar o Presidente Russo que viaja aos Estados Unidos para o funeral do Vice-Presidente americano é a missão. Que o assassino seja uma agente da CIA é o gatilho carregado para que o telefone vermelho toque, para que os alvos sejam definidos, para uma nova guerra mundial e para que a Mãe Rússia seja grande novamente. Mas terá sido o sono demais? Terão as «toupeiras» sonhado?

Não entrando em maiores detalhes (a intenção não é que o post seja um spoiler), fica a nota de que Anjelina Jolie está excelente no filme. Mostra-se como é, uma actriz camaleónica em quem a expressão facial e corporal pode ir da completamente apaixonada e ébria de emoção à frieza glaciar em questão de segundos. E se falamos de espiões, dá jeito.

Tem cenas que desafiam a física? Tem. Cenas que desafiam a lógica? Sim. Pontas soltas? Algumas. E depois? É cinema entretenimento e penso que não terá sido feito a pensar noutra coisa.

Agora vamos esperar pela continuação (sim, porque se não houver continuação, terei que escrever sobre Salt novamente).