Eu por norma não sou de fazer grandes alaridos (pelo menos por aqui) sobre refeições que não tenham corrido bem. Sei que quem cá vem ler sobre restaurantes procura boas dicas, bons sítios para comer e beber. Pelo que tenho visto nas estatísticas do site, procuram restaurantes baratos para almoçar, restaurantes bons para jantar, uma esplanada para beber um copo e muitas vezes, um restaurante para um jantar de amigos ou jantar de aniversário. Ora, se eu só falasse mal, decerto aqui não encontrariam o que procuram. Falo bem, do que acho bem, encontram o que procuram, e ficamos todos satisfeitos…

E que raio tem isto que ver com Koni?

Não é segredo que sou apreciador da cultura japonesa e em particular, da sua gastronomia. Ainda que sabendo ser o consumo de Sushi uma moda cá por terras lusas, há já muito que aderi à mesma. No entanto, a ideia do bom Sushi está muito associada à ideia do bom restaurante japonês, logo, o caro restaurante japonês. Comer Sushi noutros países que não Portugal mostrou-me que, no que se refere à fast food, também os japoneses podem dar cartas e que o Sushi em pequenas casas, com o Sushimaster de um lado do balcão e o Cliente do outro, pode ser igualmente bom. E isso dá muito jeito nos dias que correm em que tantas vezes não há tempo para uma refeição mais demorada ou quando simplesmente não apetece «enfardar» um cozidinho à hora de almoço.

O aparecimento de pequenas casas de Sushi como a Koni Store serão assim bem vinda pois está claro.

Especializando-se em temakis (cones com cerca de 10 a 12 centímetros, feitos com nori – a folha de alga – a enrolar o conteúdo, tradicionalmente arroz e peixe), abriu recentemente em Lisboa a Koni Store, que segundo consta é a mais famosa casa do género no Brasil. Infelizmente, esse titulo não me pareceu ser garante do que quer que fosse.

O espaço, na Rua da Trindade, é pequeno para aquilo a que se propõe. Se quer ter mesas para que as pessoas se sentem, há que garantir condições para tal. A 3 cadeiras por mesa, ainda assim, para me levantar de uma tenho que afastar outras duas… Não me parece. Talvez mudar as cadeiras? Menos design e mais funcionalidade… O resto do conjunto também não me impressionou. O balcão é alto não deixando ver o que se passa do lado de lá (ou quem lá estava era mesmo muito baixo) e a vitrina da frente é curta para ver o além que diz mostrar…

O serviço foi muito rápido e sem duvida atencioso. Bem recebidos, atendidos, tudo como deve de ser. Simpatia e educação. O pior foi o resto.

Pedimos 4 temakis. Hot Filadefia (salmão, queijo filadelfia, cebolinho envolto em tempura), Salmão Skin (pele de salmão grelhada, cebolinho, sésamo e molho teriyaki – molho de soja e vinho de arroz), Roast tuna (atum crocante com molho teriyaki) e Steel Camarão (salmão e camarão). Começando pelo principio que é sempre um bom começo. A folha de Nori estava seca e rija. Muito seca e muito rija. A ideia é que a folha se sinta, mas mais como a folha de hóstia que envolve um doce de Aveiro, que se trinca e se separa. Ali, à navalha não sei se teria sorte… O arroz colava. O arroz do Sushi tem uma goma diferente e com o açúcar, o vinagre e por vezes, o aji-no-moto, pode ficar a colar de mais mas ainda assim, ali colava em exagero. A pele de salmão mal se sentia tal o tratamento que levou. O camarão, se não era congelado, as minhas sinceras desculpas, mas era mesmo a congelado que sabia. Aliás, para o fresco que estava, ou era congelado ou a casa tem que acertar as temperaturas do frigorífico. O salmão foi outra decepção (sim, eu sei que rimou). Sem qualquer sabor, sem corte definido…

Resumindo, não gostámos. Ainda que, como atrás referi, a simpatia e o serviço sejam claramente um trunfo da casa, a Koni Store da Trindade não nos convenceu.

O Domingo é quase sempre (pelo menos sempre que possivel) dia de ficar por casa. Variando entre a cama e o sofá, lá se passa o dia entre receitas caseiras, chá ou café e bolinhos…

Mas quando há uma boa razão para sair não nos fazemos rogados e um almoço com bons amigos será senão a melhor, uma das melhores razões e como tal lá fomos nós. Ainda em casa lembrei-me da Susana já ter referido um restaurante ali pela Baixa de Lisboa onde se come bom bacalhau com grão. Ainda que tal referência não seja a típica frase para convencer quem procura um bom restaurante, os comensais são todos de boa barriga e melhor garfo e como tal bacalhau com grão lá no fundo sempre faz tocar o alarme.

10 minutos de automóvel (que o Metro implicava burocracias para as quais não tínhamos tempo) e já o carro estava estacionado no parque junto aos armazéns do Chiado. Meio passo sempre em frente atravessando a Augusta e já lá estamos na Rua dos Correeiros (antiga, mui antiga Travessa da Palha). Por aqui passo muitas vezes mas à hora de almoço sempre tenho quase sempre a impressão da comida para turista tal é a quantidade de solicitações porta-a-porta para que lá entre a provar as suas iguarias. Adiante. O caminho hoje está traçado: Restaurante João do Grão.

Porta entrada dá para entender à primeira vista que ali se come bem pelas fartas travessas nas mesas. Sala meio-cheia (Domingo na Baixa dá vontade de bater aos autarcas) e mesa para cinco. É logo ali e ainda mal sentados já lá está o pão e as costumeiras manteigas assim como o queijo fresco que é devorado entre a Patrícia e o padrinho.

A carta vem de seguida que aqui não se espera muito. Pratos do dia eram vários mas confesso não recordar. Sei de cor o que escolhemos. Foi pedido Cozido à Portuguesa, Açorda de Bacalhau e duas de Bacalhau Cozido com Grão ao fim e ao cabo foi essa a referência.

Quase sem dar-mos por ela estava já o serviço na mesa. O Cozido assustava só de ver tamanha travessa mas mais assustou com a referência de que era meia dose. Vieram de seguida as duas de Bacalhau que rivalizavam em tamanho com o Cozido. Por último chegou a Açorda que veio de marisco em vez de Bacalhau mas que prontamente se ofereceram a trocar. Não foi preciso, ficou.

O Bacalhau com grão é sobre o que melhor posso falar. Básico como se queria: Bacalhau, batata (pouca e ainda bem), grão, cebola picada e salsa qb. Boas postas, uma travessa mais fina e outra mais grossa com a sugestão de dividir. O grão grado e saboroso, cozido ao ponto e a cebola a dar o gosto. A dose satisfaz sobremaneira.

Sobre o Cozido à Portuguesa que mais haverá a dizer para além de estava bom? As carnes do costume e as verduras a condizer. Sobre a açorda que ainda provei, bem guarnecida de mariscos, sendo que os pedaços dos exemplares de maior porte foram postos no prato antes de tudo o mais e os mais pequenos vieram na mistura. Ainda sobrou.

O final foi de bolo de brigadeiro (confesso que já provei melhores que o chocolate é só por si uma ciência) para mim e mousse de chocolate (sem desapontar) para outro dos presentes. As senhoras à mesa dispensaram mais calorias.

Os cafés vieram e o garoto claro da praxe veio tal como foi pedido. Claro. Bastante claro.

Apreciação global: A voltar decerto e a experimentar mesmo a meio-dia de trabalho quando a tarde não o proibir.

Restaurante João do Grão
Rua dos Correeiros 222-226
1100-170 LISBOA
Telefone: 213424757

Não encerra.

Nota: Este artigo foi igualmente publicado no site No-prato.com.