Nota: Esta review de Avatar foi escrita por um grande amigo, o Carlos António, conhecido nestes mundos virtuais como @predasilver. Não é à toa que aqui a publico. É efectivamente a primeira vez que publico um texto de alguém e faço-o no entendimento de que gostei do que li e com a permissão do Carlos, o quero partilhar com o resto do mundo. Espero ter a oportunidade de mais vezes vos mostrar a magnifica prosa deste jovem mas até lá, apreciem vocês e teçam as vossas considerações.

 

Como voltar a contar uma história que já nos foi apresentada vezes e vezes sem conta no cinema? Deixem que James Cameron vos diga como.

Doze anos passaram desde que James Cameron realizou e escreveu um filme para o cinema, doze anos desde o mega-sucesso Titanic. Quatro anos em preparação do seu grande regresso aos cinemas, doze anos de expectativa transformados em quatro de antecipação e ansiedade por descobrir o que o realizador de obras de culto como Titanic, Aliens ou os dois primeiros filmes do Terminator iria apresentar-nos desta vez.

Confesso que durante muito tempo tanta expectativa passou-me ao lado. Conheço muitos dos filmes trazidos até nós por este monstro do cinema, mas desconhecia que era ele a força por detrás de todos eles, talvez por terem sido todos realizados numa época em que a minha paixão cinéfila não tinha ainda despertado em todo o seu esplendor. Foi por isso que, quando pela primeira vez ouvi falar de Avatar, a única coisa que me ocorreu foi: Então este senhor foi logo chamar Avatar ao filme, obrigando o caído em desgraça M. Night Shyamalan a nomear os filmes baseados na série de animação “Avatar: The Last Airbender” simplesmente “The Last Airbender”? Ok, uma preocupação frívola, admito, mas dêem-me um desconto, pois só então começava eu uma viagem que culminou na passada terça-feira dia 15 de Dezembro de 2009, na ante-estreia de Avatar no Vasco da Gama.

Avatar the movie

Foi quando o filme começou a chamar-me a atenção por mérito próprio que tomei finalmente conhecimento do extraordinário regresso que estava para acontecer.

Foi-nos prometido um filme revolucionário, uma nova era cinematográfica, a tecnologia mais avançada e os melhores efeitos, depois de Avatar nada mais seria como antes! Quando saiu o primeiro trailer, a sensação foi agridoce. Enquanto o filme parecia estar interessante, com um mundo belo e vibrante, repleto de personagens estranhas, parecia ao mesmo tempo ter sido tudo tirado de um jogo de computador, bastante belo mas ainda assim longe do realismo prometido. O ânimo inicial esmoreceu, e até ao próprio dia do filme, em que fui informado do convite que tinha ganho num passatempo, o sentimento era de espera cautelosa, uma curiosidade a medo de saber o que ia dali sair.

Ficavam então duas perguntas no ar:
Conseguiria Cameron cumprir a promessa de revolução cinematográfica, além das expectativas criadas por doze anos à espera? Sim e não, mas já lá vamos.

Antes disso, a outra questão, aquela que iniciou esta review: Como contar uma história já antes contada inúmeras vezes no passado?

Avatar apresenta-nos a típica história de opressores e oprimidos, de conquista e ganância desmesurada que não olha a meios para atingir os fins, com uma forte mensagem de ecologia e de união com a natureza lá pelo meio, e tudo isso é apenas o mote, o invólucro, o pretexto para um filme que acabar por ser muito, muito mais.
Avatar transporta-nos para Pandora, uma lua de um planeta que não nos é apresentado. Nela habitam os Na’vi, um povo humanóide que vive em perfeita harmonia e equilíbrio com a natureza, venerando-a, de certa forma, como a Deusa Mãe de todas as coisas. Logo por azar, como sempre acontece neste tipo de histórias, os Na’vi habitam numa zona cujo subsolo é rico num minério muito precioso para nós, os humanos, que estabelecemos uma base nessa lua e tentamos, a bem ou a mal, obter o dito minério a todo o custo. Familiar, não é? Como a atmosfera de Pandora é nociva para os humanos, as forças terrestres criaram os Avatar, hibridos entre humanos e Na’vi, embora com a total aparência destes últimos, que são controlados através de uma transferência de consciência, se assim lhe quisermos chamar, do nosso corpo para o Avatar. Esses Avatares têm como objectivo integrarem-se na dita tribo de Na’vi, ensiná-los, educá-los, aprender também com eles, mas principalmente convencê-los a saírem antes de um prazo já estabelecido, findo qual as forças terrestres irão partir para a ignorância. E é ai que entra Jake Sully (Sam Worthington), ex-fuzileiro sem mobilidade do corpo das pernas para baixo. Jake Sully irá encorpar um Avatar, e será através dele e da sua inadvertida entrada no seio dos Na’vi, que iremos travar conhecimento com o magnifico mundo de Pandora. Mais importante, é quando Jake Sully inadvertidamente se infiltra na aldeia dos Na’vi, e em particular na vida da princesa da tribo, Neytiri (Zoe Saldaña), que a viagem realmente começa.

Todo o contexto deste filme parece ser apenas um pretexto para que James Cameron nos apresente um novo mundo, e com ele uma ideologia, um novo (velho) pensamento, um sonho de um mundo melhor. Para isso, o filme recorre à tecnologia 3D e a todo um mundo e respectivos habitantes criados pelo computador, e ambas as “features” requerem a sua habituação.

Em vez de nos atirar com coisas à cara, como muitos dos filmes em 3D fazem, Avatar opta por introduzir-nos mais profundidade ao filme (passo em redundância), apresentando-nos uma verdadeira noção de fundo e perspectiva que é perceptível desde o início do filme. Pouco habituado a estes efeitos, quando o filme começa custa a focar o que se está a passar no ecrã, com o que está mais próximo a distrair-nos e a fazer-nos fugir o que está mais distante, parecendo que de toda a imagem conseguimos apenas ver o que se passa imediatamente à nossa frente. No entanto, com tempo e habituação, essa é uma dificuldade rapidamente ultrapassada.

O primeiro encontro de Pandora e dos seus nativos com as personagens reais também não é fácil, com o visual, embora deslumbrante e realista, a parecer ainda assim criado no computador. Com o tempo, também esse obstáculo é superado.

Não me parece, a mim, possível poupar os elogios ao visual de Pandora, e depois de passarmos tanto tempo a acompanhar o Avatar de Jake Sully na companhia dos Na’vi, começa a parecer que são os breve regressos ao lado dos humanos que não são reais, de tão pobres que são em comparação. Quando no final os dois mundos se misturam, já nada consegue separar o real do imaginário de James Cameron, e já tudo nos parece o mais verdadeiro possível.

Para mim, tudo isso é conseguido graças ao maravilhoso mundo que é Pandora, e não me refiro apenas a paisagens, já de si deslumbrantes.

James Cameron escreveu, “criou” e realizou um mundo vivo, quase ele uma personagem de tão rico que se apresenta. Da fauna mais fantástica à flora mais ricamente estonteante, tudo parece tão vivo e vibrante que se torna difícil de acreditar que não estamos verdadeiramente ali, em Pandora, e esse é o grande feito de James Cameron.

Portanto, respondendo à pergunta que ficou no ar, na minha opinião: SIM! James Cameron conseguiu cumprir a sua promessa. Já li criticas ao filme na internet de pessoas que, apesar de terem gostado do filme, acharam que a revolução prometida por Cameron ficou aquém, ainda mais face ao que já nos é apresentado noutros filmes, mas para mim Avatar encontra-se num patamar nunca antes alcançado. Nunca antes vimos um mundo ser criado do nada como James Cameron o criou, nunca antes vimos um mundo de fantasia tão belo, a pulsar de vida, povoado de criaturas fantásticas num ecossistema quase real, mágico e com uma forte mensagem ecológica de harmonia com o ambiente que nos rodeia. Apesar de se passar no espaço, Avatar encontra-se mais perto da fantasia do que da ficção-cientifica, e é a sua capacidade de me arrebatar e fazer sonhar que mais me cativou. E à medida que a história se vai desenrolando, por entre algumas cenas fantásticas de acção, momentos comoventes e até convincentes, e uma relação entre as diferentes personagens que não destoa do resto, é todo o mundo de Pandora que se assume como protagonista do filme, como um todo com os seus locais e os seus habitantes, e me cativa profundamente. Para mim, Avatar apresenta-se como uma fábula intemporal, uma história banal recheada de beleza e magia tanto visual como conceptual, e que vale apena descobrir.

Podia aqui contemplar e aprofundar alguns detalhes da história e das restantes personagens, muitos dos quais introduzi apenas como contexto, mas sendo a narrativa que dá mote ao filme já tão nossa conhecida, prefiro deixar os restantes pormenores para serem descobertos aquando do visionamento desta magnifica viagem a um mundo alienígena, tão rico e pormenorizado que parece real, tão belo e deslumbrante que me dá vontade de o visitar novamente, e de me deixar mais uma vez encantar.

Antes de mais a questão: Porque chamar Harry Potter e o Príncipe Misterioso a um filme cujo nome original é Harry Potter and the Half-Blood Prince ? Convenhamos, não é difícil imaginar um qualquer estudante de magia com o inglês como língua nativa a marcar o seu livro de estudo com Half-Blood Prince. Certo, talvez um pouco convencido mas nada de outro mundo. Agora já me custa a acreditar que alguém escreva na capa do seu livrinho algo como “Este livro pertence ao Príncipe Misterioso“.

Harry Potter and the Half-Blood Prince

Adiante. Harry Potter and the Half-Blood Prince é, na minha humilde opinião, o melhor de todos os filmes da série até à data. Harry Potter cresceu em todos os sentidos e, fugindo à simplicidade de transpor para a tela o que já foi lido nos livros, revela-se aqui uma verdadeira obra gótica. Negra, romântica, dramática, um toque de humor e logo a seguir, mais negra ainda.

A maior maturidade deste filme é bem visível em várias situações mas para mim é a personagem Ginny Weasley (Bonnie Wright) quem marca o ponto de viragem quando mantém viva a paixão subentendida entre ela e Potter mas deixando-a sempre um pouco aquém. Antes, noutros filmes, não era assim. Nos próximos não será. Agora já estamos preparados.

Fiquei danado com o fim do filme é certo mas, ao contrário de outros em que o fim é pura e simplesmente parvo, em Harry Potter and the Half-Blood Prince fiquei danado porque não queria que acabasse tão rápido. E olhem que são duas horas e meia de filme.

Mal por mal, se por cá não se presta atenção suficiente a um filme quando chega a hora de lhe atribuir um titulo em Português, então que deixem o titulo original não embaraçando assim ninguém…

Não me vou esticar sobre Bottle Shock (que em Portugal como já perceberam, se chamará Duelo de Castas) a estrear por cá amanhã dia 11. Vi o filme em Dezembro passado aquando da viagem a Nova Iorque e foi precisamente graças a Bottle Shock que descobri os vinhos da Califórnia (leia-se a dica sobre o Calix Cellars 2004 Syrah que escrevi no relato sobre o jantar no Blue Note). Adorei. O vinho e o filme.

Bottle Shock ou Duelo de Castas

Bottle Shock conta-nos a historia de como um pequeno produtor de Nappa Valley superou em prova cega com o seu Chardonnay, os mais afamados e até então, únicos de registo, vinhos franceses.

Acreditem que vale muito a pena. Não se deixem enganar pelo manhoso titulo que em Portugal lhe foi atribuído. Tal como se refere na critica da Time Out Lisboa (sempre uma boa leitura), Bottle Shock é um termo que se refere ao efeito que o engarrafamento tem sobre o vinho e é precisamente isso que dá origem à grande vitória. Aliás, as castas em concurso pelo novo e velho mundo, são as mesmas.

A ver e assim que possivel, a rever, em casa, no sofá, acompanhado por um bom e solarengo Chardonnay da Califórnia.

Há uns dias atrás, concorri a um concurso da Take – Cinema Magazine. A Take estava a oferecer convites duplos para a ante-estreia de X-Men Origins: Wolverine.

Para ganhar os convites bastava responder a uma simples pergunta e, relacionado com Wolverine a resposta era de esperar: Se não Mariko (e essa resposta era muito geek…) seria Adamantium.

O poster da Take

Participei e ganhei. Disse-me então o José Soares (director da Take) que, como leitor da Take tinha direito não só ao convite duplo mas também ao poster original do filme. Mas quem é que quer saber disso – perguntam já alguns – Isso é geekalhada a mais. Sim. É geekalhada a mais mas depois é vê-los a gastarem dezenas de euros a comprar os posters (reproduções e muitas vezes de má qualidade) do Breakfast at Tiffany’s ou do Gone with the wind. Eu sei que não é a mesma coisa, mas daqui a 50 anos voltamos a falar…

Entretanto, à data da ante-estreia de X-Men Origins: Wolverine, o representante da distribuidora ao que parece chegou à sala de cinema do El Corte Inglés já muito em cima da hora e como tal, já não o vi e nem ao poster.

De regresso a casa e ao Twitter, em conversa com o José Soares, tive a oportunidade de lhe dizer que não tinha recebido o poster ao que ele de imediato me respondeu pedindo a minha morada. Se me era devido, então iria receber.

Et voilá. Cá está ele. O poster. Pelo correio, registado e enrolado como se quer. Na foto acima está exposto mas obviamente, e para bem da estabilidade familiar, após a foto voltou ao rolo.

Moral da história: A Take promete, a Take cumpre.