Este copo de vinho bem fresco e este livro faziam-me companhia enquanto esperava um amigo, um amigo de longa data. Este amigo chegou rápido. Diacho, poderia ter demorado horas… Um ou dois dias de atraso também seriam desculpáveis… Já não o via há quase 20 anos…
Chegou o meu amigo. Pediu um destes também. Um abraço. A conversa. Sim, estamos iguais… Aqui não há cá dessas coisas do “estás velho” ou do “já não tens cabelo”… Uma leve referência aos grisalhos mas é coisa que passa depressa.
Lembramos passados (e que histórias temos a lembrar), falamos dos presentes (o dele mudou há pouco tempo e prepara-se nova mudança para breve), imaginamos futuros… Prevemos? Quem sabe…
As coisas funcionam assim. Dois dedos de conversa e há tanto por onde avançar. Eu posso ajudar-te? A mim dava-me jeito a tua ajuda… Raios, somos amigos pois então. Pensamos nestas coisas…
Meia hora de conversa. Já me vejo noutro sitio, noutro pais. A escrever, a falar, em ensinar quem sabe… Pois, quem sabe. O mundo não pára. Nós também não. Tanto que não paramos que estamos aqui, quase 20 anos depois… A pensar em planos… Tal como ontem pois parece que foi ontem. Falamos das mulheres, dos filhos, da familia enquanto tal, aquilo que verdadeiramente nos importa. Como a começamos a desenhar há tantos, tantos anos atrás. E hoje cá está, o desenho tem vida…
Ele tocava flauta, eu escrevia poemas. Alguns tascos (e sitios de mais respeito também) ainda hoje são capazes de nos lembrar tal a paródia. Os trajes tinham já lapelas douradas de tanto Sol que apanharam como que prevendo que à nossa maneira, as nossas vidas brilhariam…
Um destes dias velho amigo (ser cronologicamente bem dotado já nos permite dizer isto, aos 20 anos não teria piada alguma), voltamos a falar. Tenho a certeza. E sei que tu também… E quem sabe, quem sabe…