Pode ser que sim. Por razões claras o tema do Facebook perder utilizadores é hoje um tema polémico. Imagino quantas agências estiveram e estão, desde ontem, a justificar perante os seus Clientes o post publicado pelo blog Inside Facebook: Facebook Sees Big Traffic Drops in US and Canada as It Nears 700 Million Users Worldwide.

É certo que o post em questão nos fala essencialmente do abandono do Facebook no mercado norte-americano e canadiano mas o mais interessante é ver que o crescimento do Facebook é atualmente mantido essencialmente por países que tardiamente lá chegaram.

Segundo o post que o Inside Facebook publicou no dia seguinte, Available Data Shows Facebook User Numbers Growing Quickly, or Slowly, or Falling, os países em que esta rede já tem alguma maturidade foram demonstrando ao longo dos últimos anos, constantes variações no numero de utilizadores do Facebook mas ainda assim, sendo o crescimento no numero de utilizadores a variável mais estável. Talvez o cenário esteja a mudar…

Não se trata de forma alguma de assumir a posição de arauto da desgraça mas, convenhamos, a questão não está longe daquilo que ando a dizer há já algum tempo: Ainda que seja uma plataforma muito relevante, não nos devemos esquecer de que o Facebook não é a única rede social e a história da Net já nos mostrou que os grandes, dão por vezes grandes quedas.

Ó senhores do briefing, a ver se nos entendemos. Dizem Vossas Excelências na edição de Maio de 2011 que vão dar inicio a um barómetro E.life Portugal/briefing onde serão «analisadas as dez marcas mais portuguesas faladas diariamente no Facebook, em Portugal…»… Certo. As dez marcas mais portuguesas…

Briefing As 10 marcas mais faladas no Facebook em Portugal

Análise do dia 01 de Maio: Honda, Mercedes, Ford, Fnac, TAP, Coca Cola, ZON, BMW, Galp, iPhone… Vamos lá… Passemos rapidamente ao dia 07 de Maio porque entre pontas, o dia-a-dia não variou muito acreditem: Nokia, Coca Cola, Apple, Mercedes, BMW, iPhone, FNAC, VW, Nike, Ford…

Pois… Pode ter sido um descuido… As dez marcas mais portuguesas… Atentemos então ao texto:

São estas as principais conclusões do primeiro barómetro que a E.life Portugal, empresa especializada em inteligência de mercado a partir da Social media, publica, em parceria com o briefing, e onde são analisadas as 10 marcas portuguesas mais faladas diariamente no Facebook, em Portugal, na primeira semana de cada mês.

A sério? As dez marcas portuguesas mais faladas no Facebook? As dez marcas mais portuguesas faladas no Facebook? As… Chega. Já perceberam a questão…

Senhores do briefing, um pouco de atenção ao vosso copy. O texto, tal como está escrito, faria (ou fará) um sucesso na web. Cheio de palavras chave, tudo o que interessa a quem se interessa: Marcas, Facebook, análise… Mas não faz sentido.

Vamos lá então: um barómetro E.life/briefing onde são analisadas, diariamente, as dez marcas mais faladas no Facebook em Portugal.

Não é que não gostássemos de ter a Coca Cola ou a Nokia como marcas portuguesas mas, ainda nos falta um bocadinho para lá chegar…

Inserido no programa IPAMaio 2011, que contempla seminários temáticos e trabalhos em grupo em torno do tema “A Publicidade e as Redes Sociais”, realizou-se ontem à noite, no IPAM (Instituto Português de Administração de Marketing) o seminário “Os Bloggers e a Comunicação nas Redes Sociais”.

Foram cerca de 3 horas de boa conversa, num formato não muito usual, sem slides nem filmes, mas que se revelou bastante proveitoso uma vez que o conteúdo foi fluindo a partir das questões, preocupações e interesses da audiência.

Como orador tive a oportunidade de expor a minha opinião sobre o papel dos blogs e a importância que os mesmos mantêm, ainda que de há uns tempos para cá, só se ouça falar de Redes Sociais. É bom lembrar a história (que aliás ainda se está a fazer) desta forma de comunicar, e discutir sobre o que com ela se pode fazer e inovar.

Os números que nos dão os recentes estudos da PEW (Generations 2010) e da Nielsen (Content is the Fuel of the Social Web) mostram que, ao contrario do que por ai se diz, os blogs não morreram. Estão cá, de boa saúde, e cada vez mais maturos.

É importante penso eu, que alunos e docentes como estes, das licenciaturas de Gestão de Marketing e Ciências do Consumo, tenham esta noção e que vejam nos blogs toda a potencialidade que eles podem ter para os seus objectos de trabalho e de estudo.

A todos os que lá estiveram e também aos que não estando contribuíram para o evento, o meu muito obrigado.

E então, que vos parece? Os blogs estão para durar?

Só mesmo duas pequenas considerações sobre o artigo “Os Padrinhos das Redes Sociais”, publicado na Meios & Publicidade que me caiu hoje em cima da mesa:

Padrinhos das Redes Sociais na Meios & Publicidade

Alguns media continuam a insistir na ideia de que o caso Ensitel só teve a repercussão que teve porque a Maria João Nogueira é a responsável do Sapo Blogs e como tal, acham eles, tem acesso a tudo quanto são pessoas influentes na web nacional. É uma verdade que a Maria João tem acesso a tudo quanto são pessoas influentes na web nacional e, certamente, internacional também mas, convenhamos, outras pessoas também terão. E não me refiro só à Ensitel. Imaginem que um qualquer dos muito falados “animadores” do caso Ensitel tinha passado por problema semelhante. Será que não conseguiriam a mesma divulgação? E que eu saiba, nem todos são responsáveis no Sapo Blogs.

Metam os olhos no mundo que vos rodeia e nos já inúmeros casos que por ai há e logo verão que, ainda que para alguns seja mais fácil poder dizer ao Cliente “Não se preocupe. Isto só aconteceu porque a Maria João Nogueira é do Sapo…”, a verdade é que hoje em dia, tendo a razão e não abusando dela, é relativamente fácil gerar um “Caso Ensitel”. E outros muito além…

Ainda assim, gosto de ver, um medium da especialidade a dar destaque ao tema. Pergunto-me quantos directores e responsáveis de marketing e comunicação de grandes empresas o terão lido. E se depois de o lerem, chamaram os seus colaboradores e disseram: “Ora vamos lá então falar sobre essa coisa das redes sociais…”

Já pararam de rir? Posso começar? Pronto. Lá vai.

Poderá alguém pensar que a Banca não está já nas redes sociais? Ou melhor, e direccionando a reflexão no sentido da pergunta que dá titulo ao post, poderá alguém pensar que, chegando à estranha conclusão de que a Banca não deveria estar nas redes sociais, a pode de lá tirar?

Não sendo um «Admirável mundo novo», é admirável e novo este mundo em que vivemos e, tal como naquele, também neste o controlo mudou de paradigma. O grito de Stop the presses já não é eficaz e comprar o medium está fora de questão.

A Banca está nas redes sociais e não vai de lá sair. A grande questão talvez seja, de que forma deve a Banca estar nas redes sociais.

Há quem defenda a posição de mero ouvinte. Posição cautelosa que na minha opinião (IMHO, vão-se habituando) deve ser tomada mas não mantida. Não se sociabiliza muito estando calado. Há que ouvir é certo, mas para melhor participar e responder.

Há por outro lado quem defenda a ideia de que a melhor coisa a fazer é “atacar de frente”. Vini, vidi e… Pois. Não há provas de que seja a melhor forma. Tal como pink is the new black (pelo menos assim o declararam na década de 60), também as redes sociais são os novos cafés, o sitio onde os amigos, parceiros de interesses comuns, se juntam, já sem ser só depois da novela da noite, para conversar, contar histórias, mexericos, anedotas e façanhas, negócios das suas vidas. Não me venham entre um café e dois cigarros, entre uma gargalhada sentida ou uma palmada nas costas, impingir-me um aspirador milagroso que até tira cafés ou uma cozinheira que dispensa avental. Quem o fizer, muito provavelmente, sai da minha lista de prendas de Natal. Na hora.

Então que atitude deve a Banca ter perante as redes sociais?

Acho que a primeira coisa a fazer seria perguntar a essas mesmas redes. Mas não perguntar de fora. Perguntar nas redes. Criar presença, informar da mesma, disponibilizar a ajuda num novo canal, jogar pelas mesmas regras, ouvir para ser ouvido quando falar criando valor acrescentado (como deve a Banca gostar do termo. Só não consigo aqui encaixar o raio do ROI. Seria perfeito.)

Michael Blum, enquanto responsável da divisão de serviços financeiros da HP disse que «os bancos não têm estratégia para o Facebook nem para o Twitter. E eles não percebem que estão a perder clientes que poderiam começar a acompanhar hoje e servir pela vida toda.»

As redes sociais podem permitir às entidades bancárias conhecer melhor os seus Clientes, as suas necessidades e preocupações. Um conhecimento desse género poderá nos dias de hoje, significar a razão de escolha entre o Banco X e o Banco Y. Que diabo, as taxas, juros e prendas que me dão não são assim tão diferentes. Antes, noutros tempos, ainda contava aquele que estava mais junto à porta mas hoje, hoje estão todos ali ao virar da esquina, ao abrir do browser.

Sabemos que o banco escolhido o é, muitas vezes, porque era já o banco onde os pais tinham contam. Ora, só isso já nos dá uma ideia clara do quão humana pode ser a decisão da fidelização. Se os bancos tentam gerar imagens que dêem a ideia de valores e compromissos com que os seus Clientes se podem identificar, então porque não aproveitar o sentimento de comunidade para, de forma transparente, se aproximarem dos seus Clientes? E se hoje um banco pode ser tão mais que só um banco (aliás, deve ser ou nada haverá que fidelize o Cliente ao dito)…

Promoção, research, serviço ao Cliente são alguns dos argumentos normalmente ouvidos mas, comunidade, responsabilidade social, sustentabilidade, património arquitectónico, património artístico… Há tanto para falar, tanto para mostrar, tanto que o mundo, o mundo real, aquele que interessa, não conhece ou conhece mal.

A JP Morgan (2,514,.581 seguidores), a American Express (513,887 seguidores), o Barclays (351,547 seguidores), o BNP Paribas (117,617 seguidores) e a Visa (96,786 seguidores) podem efectivamente estar errados mas, caso não estejam (ou ainda assim), são milhões as pessoas que os ouvem sempre que dizem algo no Facebook (só para dar o exemplo da rede mais visada do momento).

Era para ter começado este post com uma referência a Lucas 23:33. Fica a referência no fim. Entendam-na como melhor vos parecer.

Nota: Este post é a expressão da minha opinião pessoal sobre o tema e, ainda que eventualmente defendida por mim em determinados fóruns a nível profissional, não deve ser entendida como a posição da entidade para a qual trabalho.