Um fim de semana de contrastes é a melhor forma de definir a experiência gastronómica de Sábado e Domingo passado.


O Sábado foi celebrado (numa ténue referência ao Dia Internacional da Mulher) com uma visita a um restaurante vegetariano (a segunda deste ano) ali na Av. José Malhoa. Green Pepper. Um ambiente muito agradável com uma decoração moderna e simples e uma musica ambiente a condizer eram complementados com simpatia. Explicado que estava o funcionamento da casa (buffet livre e pratos à la carte) é sugerido o sumo do dia (laranja e banana) e sirvam-se se faz favor. Sendo que sou avesso a coisas como tofus e sojas que não rebentos pensei por momentos ficar limitado a folhas de alface e rodelas de tomate mas rapidamente se esfumou a impressão (o termo talvez não seja o mais correcto mas enfim…) com o buffet apresentado. A sopa de alho francês estava deliciosa. Não investindo o paladar em coisas que me são mais estranhas como legumes estufados, arroz integral ou até mesmo pimentos recheados fiquei pelas saladas compostas com grão, feijão, pepinos e cebolas e fiquei muito bem mas garante a Susana (para quem deambulações pelo vegetarianismo são mais facilmente aceites do que por mim) que estava tudo o resto muito bom.

Sendo que ao almoço a escolha de buffet é tipo menu fixo, o preço foi igualmente uma agradável surpresa deixando-nos a caminho de casa com a sensação de que estávamos bem em todos os sentidos.

Já o Domingo iria deixar-nos com uma sensação radicalmente diferente ainda que extraordinariamente boa. Combinámos com um grupo de amigos um almoço em grande. Levar os miúdos e fazer uma daquelas refeições prolongadas. O sitio escolhido foi o restaurante “A Escola” em Cachopos perto de Alcácer do Sal.

O edifício só por si inspira certa graça. ainda que de entre os presentes ninguém tivesse estudado em tais escolas, todos nós reconhecíamos as instituições Estado Novo em que estudaram os nossos pais. A letras ainda lá estão a anunciar a “Escola Primária”. Entra não entra espera não espera está lá servido e pronto a beber o moscatel da região (Setúbal) para ajudar a passar o tempo. Junta a este a ardósia de outros tempos e uma ou duas carteiras das antigas estrategicamente mantidas para dar um toque de encanto a todo o restaurante. A reserva feita com algumas semanas de antecedência revelou-se uma grande mais valia. Não só não havia mesa vaga (a não ser as nossas que aguardavam) como quem atendia o telefone à entrada repetia insistentemente que não tinha como sentar mais ninguém sem reserva).

As entradas chegaram à mesa em forma de cenoura aberta, linguiça frita, pimentos desfiados, salada de atum envinagrada enfim, uma série de pequenas delicias. Pouco depois (dando ainda assim tempo a que se repetissem algumas das iniciais iguarias) chegavam os peixes. Arroz de choco com camarão do rio. Um choco delicioso, suave sem ser mole acompanhava um arroz solto e caldoso que a toda a gente agradou. Seguiu-se um ensopado de cherne. Houve logo ideia por alguns de que pão molhado não era comida de bom gosto mas provado que foi o ensopado com o tal do pão torrado lá dentro e o cherne no ponto, a ideia se desfez e poucos foram os que não repetiram.

Em ritmo correcto vieram depois as carnes começando por um magnifico entrecosto com batata de rebolão. Foi comer até fartar (que havia sem duvida comida à farta). Como nestes almoços parte essencial da festa é a conversa, ainda alguns de nós mal tínhamos provado a tal batata e já estava outra pérola da casa em cima da mesa. Empada de coelho bravo. Com um aspecto fenomenal e um sabor que em nada lhe fica atrás, este foi para muitos dos presentes a estrela da tarde. Pela minha parte tudo o que veio à mesa fez brilhar a constelação d’A Escola. Mas sim, esta empada era algo de outro mundo.

Vieram por fim os doces em forma do já tradicional pijama ou seja, as travessas com um pouco de tudo o que é tradicional pelos campos do Alentejo (um pão de rala memorável até para quem não gosta de gila) e mais um pouco (um bolo de brigadeiro de chorar por mais). Para fechar em beleza foi servido um licor de bolota que faz qualquer um lá voltar por mais… 4 horas à mesa do melhor que se tem provado.

Antes da partida ainda deu tempo para que os mais novos brincassem um pouco (não fosse aquilo uma escola) entre escorregas, baloiços e cavalinhos de madeira…

A sensação já sobre a ponte Vasco da Gama era de que não haveria jantar para ninguém.

Restaurante A Escola
Estrada Nacional 253 – Cachopos
7580-308 ALCÁCER DO SAL

Telf: 265612816

(Siga Estrada Nacional 253.
Entre Álcacer do Sal e Tróia está a localidade de Cachopos, onde se encontra o restaurante.)

Restaurante Green Pepper
Avenida José Malhoa 14 Loja 2 – Lisboa
1070-158 LISBOA

Telf: 217260001

5 thoughts on “Contrastes: A Escola + Green Pepper

  1. Viva o vegan e as suas deliciosas sobremesas!
    “A Escola” é para voltar e usufruir do vale da Lifecooler.

  2. Pois… Que me tinha esquecido das sobremesas do green pepper… Aquela de maçã era algo de divinal…

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