Se o Barclays Bank usasse o e.Life teria de certeza entrado em contacto comigo há mais tempo. Os meus posts sobre o mau serviço do Barclays Bank na questão da fraude com o Cartão de Crédito seriam mais do que suficientes para um alerta a requerer acção imediata. Passo a explicar.

Há já muito tempo que conheço empresas que se preocupam com a monitorização do ciber-espaço. Mantendo equipas dedicadas (por vezes equipas de 1), estas empresas preocupam-se em vasculhar a Internet em busca do que sobre elas se escreve. Já havia quem o fizesse nas bbs’s, depois no Gopher, nos newsgroups, nos sites e mais recentemente, nos blogs, redes sociais e afins.

Esta monitorização não é meramente de observação. Algumas dessas empresas optaram pela politica de responderem e participarem activa e declaradamente aos artigos, comentários e queixas em que são os principais visados. É uma questão de comunicação, frontalidade e transparência.

Mas dai a Big Brother…

No entanto, o facto de uma empresa andar a “cheirar” a Internet não é só por si nada de extraordinário. O X faz isso, o Y também e o Z, o A, o… No entanto quando se contrata uma empresa para que faça isso por nós a coisa já é mais séria. E quando essa empresa se compromete a descobrir tudo o que sobre nós se diz (escreve),ler, analisar, elaborar relatórios, métricas e aconselhar vias de acção então ai podemos dizer: Bem vindo ao Big Brother dos Blogs.

É a isso que se propõe a Seara (empresa responsável pelo serviço em Portugal) através do e.Life.

Nascido no Brasil em 2004 para monitorizar o que se escrevia on-line sobre uma campanha publicitária para a Visa Brasil esta monitorização foi a primeira do género naquele mercado. Logo no ano seguinte a e.Life monitorizava canais alternativos e emergentes como a blogsfera e as comunidades de social networking como o Orkut e o Hi5 para o Banco Bradesco.

A apresentação no Pestana Palace

Jairson Vitorino apresentou na passada Segunda-feira a forma de funcionamento de e.Life para uma plateia interessada. E Jairson percebe de comunicação, sabe o que faz. Tudo o que nos mostra é simples e muito, muito útil para qualquer marca no mercado.

A aplicação do e.Life na Gestão de Crise é a primeira coisa que nos é mostrada. Se alguém fala mal da sua marca ou produto num blog ou numa comunidade virtual pode causar danos muito sérios. Através do e.Life a empresa pode ser imediatamente avisada da necessidade de acção e assim, entrar em contacto directo com o autor da informação original ou até, preparar toda uma campanha de imagem.

Mas os usos do e.Life não ficam por ai. Da mesma forma pode ser aplicado a estudos de Consumer Insights, permitindo agrupar gostos, interesses e opiniões de forma a tomar decisões comerciais de futuro. Imaginem por exemplo, e uma vez que estamos na época dos festivais de Verão, uma determinada marca que promove um desses festivais. Meses antes monitoriza a blogosfera cruzando os termos que identificam a sua marca com as palavras musica, grupo, banda, etc… Esta marca pode obter facilmente uma relação do tipo de bandas musicais que os seus Clientes mais apreciam e assim tentar contratar essas mesmas bandas para o seu festival. Resultado, a identificação do consumidor com a marca aumenta pois a marca X é quem lhe permite ver as bandas que gosta…

E como funciona?

O e.Life percorre a web em busca de palavras-chave pré-definidas e agrega os resultados mas para além disso utiliza uma série de métricas que permitem classificar e hierarquizar esses mesmos resultados tais como o numero de incoming links do blog onde o post foi encontrado, o numero de comentários que esse post gerou, o tamanho da rede social do autor entre outros…

A análise não é só feita pela aplicação mas também por analistas humanos de forma a que possam avaliar o conteúdo dos posts e classificar os mesmos como positivos, negativos ou a requerer acção imediata.

A empresa (ou particular) Cliente tem acesso através de um interface web aos resultados diários sintetizados desta pesquisa e análise. Para além disso são enviados relatórios regulares com todo o detalhe da monitorização.

Parecendo que não, facilita.

3 thoughts on “e.Life: O Big Brother dos Blogs

  1. Só não concordo contigo na questão de chamares a este serviço um “Big Brother”. No livro “1984”, o horror associado à observação permanente que as pessoas sofriam (e que era utilizado para as perseguir) tinha uma grande diferença do que hoje em dia se passa com o data harvesting: nós somos observados voluntariamente. No que colocamos voluntariamente online (blogs, flickr, twitter, facebook, linkedin, etc.); no que autorizamos que seja utilizado (conteúdo do gmail para anúncios, autorizarmos que os nossos dados junto a qualquer companhia sejam partilhados para sermos alvo de publicidade, etc.) É um processo difícil, mas não impossível de escapar (há muitas empresas que abusam e não cumprem os nossos pedidos de não divulgação, ou abusam pela divulgação interna). Mas não é, de longe (este tipo de produtos) o que se passava no “1984”. Acho mais útil atribuírmos o estatuto de Big Brother ao Echelon e demais clones, pois esses é que nos podem mesmo fazer mal, mesmo que digam que são para a nossa “protecção”.

  2. Pedro Pinheiro, é certo que o grande George Orwell nos mostrou outra realidade mais próxima dos Echelons do mundo do que propriamente dos e.Lifes mas a expressão “Big Brother” já entrou na cultura popular como “o que tudo vê” esquecendo esta 1984… Foi nesse sentido que usei o termo é claro mas, não deixas de ter razão. O Big Brother era efectivamente outra coisa… No entanto, estaremos assim tão longe?

    Carlos Andrade, fazes muita coisa é certo mas serviços deste género, ainda que muito caros, facilitam muito o trabalho (e acredito que possam dar resultados mais fiáveis ou pelo menos, pesquisas mais extensas e aprofundadas no mesmo espaço de tempo)…

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