Há dias assim, em que percebes que tens que abrandar. Mesmo quando não queres. Não queres abrandar nem tão pouco acreditar que precises de o fazer. Mas de repente, percebes.
No meu caso, já o devia ter percebido. Quando na semana passada não conseguia ler duas páginas ao final do dia sem que me deixasse imediatamente dormir. Quando acordava de manhã sem me lembrar de ter ido para a cama na noite anterior. Quando ainda mal tinha saído de casa e já as dores de cabeça martelavam como se não houvesse amanhã. Sim, já devia ter percebido.
Quando no domingo acordei, mais cansado do que o habitual, fui à rua, comprei pão, voltei para casa e, já depois de tomar o pequeno-almoço, me deixei dormir, ferrado como se não dormisse há 3 dias, devia ter percebido. Se calhar já percebia, mas lá está, não queria acreditar.
E depois, depois asneira. E se há asneiras que pouco incomodam, outras há que não fazendo estragos de maior, incomodam muito. E se só me incomodassem a mim, a coisa ia. O pior é quando incomodam outros. E é nessa altura que tenho mesmo que dizer “tens que abrandar”.
O que mais me custa, acreditem, é falhar naquilo que faço melhor, é estranhamente dar por mim a quebrar regras que eu próprio ajudei a criar durante anos e anos. Diacho, como raio acontece tal coisa?
Mas convenhamos, isso agora não interessa. O que interessa verdadeiramente é que está na hora de abrandar. Se resolve a asneira? Não.
Um problema é algo que pressupõe a possibilidade de uma solução e, como eu costumo referir, o que não tem solução não é um problema; é um facto, concreto, existente nessa forma e deve ser assumido como tal. A única coisa a fazer é tentar garantir que a asneira não se repete. Formas de o fazer? Haverá algumas certamente, e cada um, consoante o seu conhecimento da matéria ou a sua apetência para o caos ou para a paródia, terá a sua sugestão. Eu, infelizmente, mais não poderei fazer do que abrandar. E como bom profissional, que sem modéstia me orgulho de ser, é o que farei.
Perdi o adaptador de corrente do MacBook Pro (sim, que mesmo abrandando, não deixo de ser uma pessoa com bom senso).
é abrandar, “sem medos!”
Então força nisso. Por vezes é importante abrandar para poder ver o Mundo numa perspectiva diferente.