A conversa não é nova. Bancos nas redes sociais é um tema que há muito me interessa. Por razões óbvias para quem me conhece (uma vez que trabalhei num banco onde, com muito orgulho o digo, fui parte fundamental no processo de adopção destas novas formas de comunicar) mas também por outras razões tais como, o facto de serem das entidades mais difíceis de trabalhar neste meio o que, só por si, é um desafio apaixonante. Adiante.

Em 2010 perguntei: Deve a banca estar nas redes sociais? Tive algumas respostas mas, curiosamente, nenhuma da banca.

Em 2012 voltei a escrever sobre Social Media na Banca. Uma vez mais, nada da banca responder… E note-se, na altura, eu trabalhava na banca.

O tempo passa, e continuam sem saber com gerir a comunicação dos bancos nas redes sociais.

Sempre defendi que é uma boa ideia essa de ter os bancos nas redes sociais. Ao mesmo tempo, sempre defendi a ideia de que é preciso saber estar, é preciso saber fazer, para ter os bancos nas redes sociais.

Entretanto já saí da banca mas, como todos os portugueses (adultos, vacinados, com créditos…) tenho conta no banco. Aliás, em vários bancos (a minha história com um deles, o Barclays, é famosa e essa fama trouxe com ela uma outra, a de que sou honesto e sincero quando tenho que dizer bem e quando tenho que dizer mal). Independentemente de trabalhar para a casa, ser cliente desde criança ou o que quer que seja. Se há para dizer, diz-se. E a Internet tem uma particularidade, coisa curiosa e com grande importância, nesta coisa do dizer: Depois de se ter dito… Bem, está dito, está dito. Não há forma de desdizer.

Podemos corrigir, podemos pedir desculpa, podemos dizer que foi um engano. Podemos fazer como dizem os americanos “and take it like a man”. Podemos fazer uma série de coisas mas o que não podemos de todo fazer, é fingir que não dissemos.

Mas não ias dizer algo sobre os bancos e as redes sociais?

Vou pois. E vou uma vez mais escrever com um certo à vontade pois sou Cliente de ambas as instituições visadas. Passo a descrever a situação.

Um utilizador do Facebook (quase podia escrever, um português), visitou a página Mais Millennium na referida rede e coloca uma questão, em jeito de brincadeira, lança o desafio:

Estou em dúvida entre abrir uma conta no Millennium BCP ou Santander Totta. Vou ficar com quem vencer a melhor rima entre os dois.

Brincadeira ou não, o sentido de humor, a abordagem, só por si, valia uma resposta à altura. E o Millennium assim fez, respondendo:

O que temos em contas, cartões e crédito
Falta-nos em jeito para rimar
Mas se procura a solução certa
Junte-se a nós #ÉparaAvançar!

Uma grande resposta, um responder na mesma língua, um participar na brincadeira, mostrar que se percebe a génese da rede. E de repente, eis senão quando, aquilo que ninguém esperava: O Santander Totta responde.

Sim, na página do Millennium Mais, a página Facebook do Santander Totta deixa uma resposta:

Santander Totta é um banco maneiro, um bom lugar p/ poupar dinheiro. É uma agência em todo o lugar, horário diferenciado e atendimento excepional. Facilidade para levantar, é só usar a digital.

Com erro e tudo. Mas isso agora não interessa para nada. Fantástico. Que coisa extraordinária e nunca antes vista. Digital Done Right? Isto sim, é Digital Done Right. É saber viver a rede da mesma forma que o Cliente, é estar lá e ser um deles.

Bancos nas redes sociais as asneiras continuam

Tinha tudo para ser um case study. Tinha tudo para ser referido como uma fantástica relação, prova de que mesmo as entidades mais difíceis podem comunicar da forma mais simples. Tinha. E na minha opinião, nas aulas que dou sobre este tema, vai ser efectivamente um exemplo a referir. Infelizmente, não pelas melhores razões.

O Cliente responde também:

O Millennium BCP rimou melhor, por isso vou abrir uma conta convosco. #ÉparaAvançar!

E o que acontece depois? O Santander Totta apaga o comentário.

Sinceramente, não haverá muito mais a dizer para além de perguntar, porque raio fizeram tal coisa? Tinham criado ali algo de único no mercado nacional, algo que podia ficar para a história, algo que podiam usar, qualquer um dois dois bancos, na sua comunicação futura. Era uma história genuína e ainda por cima, uma boa historia, partindo do Cliente… E apagam o comentário?

Mas vocês não aprendem nada? Não se apagam comentários!

Não destes pelo menos. Não os vossos comentários. Está dito está dito. Era um jogo, participaram, perderam. O jogo ficará na história. A vossa derrota, bem, será contada com um sorriso nos lábios e com a certeza de que para a próxima vão rimar melhor. Ou então não. A vossa derrota é vincada com uma vergonhosa tentativa de apagar o que fizeram, que diga-se em abono da verdade, em nada vos envergonhava, pelo contrário.

Bancos do meu Portugal, aprendam de vez que os bancos nas redes sociais não são donos do espaço. Estão lá porque vos deixam lá estar e quando é assim, é essencial aprender a estar, a comportar, todo um processo social e cultural… Aqui não podem comprar toda a tiragem de um jornal para impedir que certa noticia apareça ou dizer que deixam de investir em publicidade se não fizerem o que vocês querem… Aqui já não são vocês quem manda. Aqui, nas redes sociais, há sempre quem esteja a ver, há sempre quem esteja à escuta, para o bem e para o mal, há sempre quem não deixe que se esqueça.

Parabéns Millennium. É com muito gosto, e orgulho, que vos vejo assim.

Santander Totta, fizeram asneira. Achei triste, é só isso.

Post Scriptum (pensei em escrever p.s. mas sei que a coisa não iria correr bem): Um agradecimento ao José Xavier por me ter chamado a atenção para o post do Luan. Sempre a considerar-te Zé.

 

Em altura de eleições, esta é uma pergunta que se ouve com alguma regularidade: O Facebook influencia a opinião nas eleições?

Sim, o Facebook passou a ser mais um dos membros do Conselho Consultivo de cada família, de cada instituição. Cada vez mais parece ser um elemento fundamental na formação da opinião, principalmente, da opinião pública.

No debate A estratégia digital dos partidos políticos portugueses, promovido pela Restart – Instituto de Criatividade, Artes e Novas Tecnologias, essa foi uma das questões levantadas. O Facebook influencia a opinião nas eleições? Terá o poder de mudar o sentido de voto?

Facebook Influencia eleições - Fotografia de Hugo Fernandes
Fotografia descaradamente retirada do feed do Hugo Fernandes. Visitem-no em imhugo.com

Os departamentos de Comunicação e de Ciências Políticas e Relações Internacionais da Universidade de Delaware, publicaram esta semana no Journal of Experimental Political Science um estudo intitulado Interactivity between Candidates and Citizens on a Social Networking Site: Effects on Perceptions and Vote Intentions onde comprovam que, quando os utilizadores do Facebook vêem comentários favoráveis sobre um determinado político, as suas opiniões são influenciadas positivamente e, quando vêem comentários negativos sobre determinado político, existe um efeito negativo.

Mas afinal, o Facebook influencia ou não?

Este estudo parece ser somente um comprovar científico de um quase lugar comum, o de que nos deixamos influenciar pela opinião dos outros, mas se levarmos à letra a questão do estudo ou seja, o efeito Facebook, se o Facebook influencia a opinião nas eleições, sobre um determinado político, ou seja, se não pensarmos na nossa opinião mas sim no que o Facebook pode fazer (e note-se, eu digo “pode” e não “faz”), então esse estudo é realmente pertinente, mais ainda, em época de eleições.

À pergunta colocada ontem no debate, sobre o poder do Facebook, sobre se o Facebook influencia efectivamente ou pode influenciar a intenção de voto, eu respondi que antes de mais deveríamos repensar a questão ou seja, deveríamos perguntar se a nossa opinião poderá mudar, ser formada, considerando as opiniões e informações em geral difundidas no Facebook.

Dizer que o Facebook tem poder para o fazer, é admitir que está para além das nossas mãos, que a decisão não seria nossa. No entanto, deixei igualmente a nota: Sim, o Facebook tem poder para tal. O Facebook pode influenciar a opinião nas eleições. Recordei o estudo Experimental evidence of massive-scale emotional contagion through social networks” sobre o qual escrevi aqui, onde um equipa de cientistas do Facebook manipulou o conteúdo recebido por cerca de 700.000 (setecentos mil) utilizadores da rede para comprovar até que ponto estas manipulações iriam influenciar o estado emocional dos utilizadores.

Na altura perguntei:

Se é possível o Facebook manipular o feed de noticias de 700.000 utilizadores, o que o impede de manipular o feed de noticias de 5 milhões (aproximadamente o numero de utilizadores do Facebook em Portugal) ou de todos os utilizadores?

E agora pergunto:

Se nós sabemos já que é possível controlar o que aparece no feed e se sabemos também que a opinião, nomeadamente a opinião política, é mutável em conformidade com a informação que recebemos nesse mesmo feed então, o que impede o Facebook de literalmente nos dizer em quem votar?

Se quiserem, o Facebook influencia!

Aqui sim, nesse cenário (que está longe da ficção, que está longe da teoria da conspiração) o Facebook influencia efectivamente a opinião nas eleições, aqui sim, o Facebook tem poder.

Como já referi acima, eu não digo que o Facebook o faz. Deixo só a nota para que nos lembremos que o Facebook o pode fazer.

Pois é, o Notes no Facebook está de volta e acabei de ver no meu perfil que está agora mais actual, mais visual, mais sexy… Pois é, agora o Notes no Facebook parece-se mais com os blogs.

Notes no Facebook Pedro Rebelo

Mas ainda existe o Notes no Facebook?

A ultima vez que usei a funcionalidade de Notes no Facebook foi em Março de 2011. Na altura, usava o Notes no Facebook para replicar os meus posts aqui no browserd.com. Fazia um post aqui e publicava automaticamente um novo post no Facebook, com o mesmo conteúdo, através do Notes. Resultado disto? Os comentários deixaram por completo o site e mudaram-se de armas e bagagens para o Facebook. Os leitores não tinham qualquer necessidade de ir ao site pois todo o conteúdo estava ali, no mesmo sitio onde eles estavam.

Mas o browserd.com é o meu espaço, o meu personal playground, o sitio onde eu escrevo o que quero e como quero. Em ultima análise, o sitio que estará sempre aqui, sempre enquanto eu assim o desejar. Poderia dizer o mesmo do Facebook? Não.

Foi nesse mês de Março de 2011 que decidi deixar de usar o Notes no Facebook. Continuaria a publicar os links para cada novo artigo que escrevesse mas, quem o quisesse ler, completo, deveria vir ao blog.

Nem por isso os comentários voltaram ao blog. As pessoas continuaram a comentar no Facebook, desta feita, nos links que lá deixava. Sim, as visitas ao browserd.com aumentaram mas aumentaram de igual forma o numero de comentários de quem claramente não tinha lido os posts por completo, de quem claramente só lera o titulo ali no Facebook e tal bastara para deixar a sua opinião, muitas vezes, para destilar o seu veneno.

Mas há muito que não se fala do Notes no Facebook

Curiosamente, foi mais ou menos a partir dessa altura que deixou de se falar do Notes no Facebook. Notoriamente os interesses ou pelo menos a forma de navegar na Internet pareciam ter mudado. As pessoas liam cada vez menos. Interagiam. Isso sim. Interagir é a regra de ouro. Like para cima e para baixo, share a torto e a direito. Like ao quê? Share do quê? Isso agora não interessa nada. Faz ai mais um like se faz favor. Partilha lá isto que tem piada.

Os anos passaram e de repente alguém diz que estamos na Era do Conteúdo. Por esse mundo fora, quase silenciosamente, os blogs vão renascendo, página a página, post a post, blogs de moda, blogs políticos, blogs de desporto, blogs de estrelas e personalidades… Blogs, blogs, blogs por todo o lado. Diacho, até o Linkedin, aquela rede cinzenta, séria e profissional (dizem) de um momento para o outro diz “venham cá e escrevam posts, façam disto o vosso blog“.

Conteúdo, conteúdo, conteúdo… O mundo é feito de texto, seja ele palavras ou imagens. E o Facebook sabe disso. Durante anos não lhe ligou nenhuma. Para quê? Estão todos encantados, entretidos a fazer likes e shares, uns atrás dos outros, sem ler… Mas de repente acordou.

Sim, o Notes no Facebook voltou!

Venham, venham, temos Notes no Facebook outra vez, e desta feita em grande. Ponham imagens, imagens de cover, imagens no body, ponham muitas imagens que a malta gosta disso. E por falar em body, apliquem-lhe as regras do bom html, façam o vosso trabalho de SEO, apliquem H1’s e H2’s, apliquem listas e citações, esforcem-se e em breve, o vosso conteúdo do Notes no Facebook dominará os primeiros lugares nas pesquisas do Google. Não é isso que vocês querem?

Bem, falo por mim. Não, não é isso que eu quero. Quero os primeiros lugares nas pesquisas do Google sim mas, quero-os a apontar para o meu espaço, para o meu site, para o meu blog. Quem sabe quanto tempo durará o Facebook? Quem sabe quanto tempo durará qualquer uma das redes que estão agora tão em voga?

O browserd.com já cá está desde 2001. Já viu nascer e morrer muitas redes, gigantes que pareciam ter conquistado o mundo e de repente… Mas o browserd.com ainda cá está.

É por essa razão que o regresso do Notes no Facebook não me convence. Sei que mais uma vez serei eu contra o mundo mas ainda assim, prefiro continuar no meu espaço, a partilhar com todos vós aqui, no Facebook e em todas as outras redes.

 

Os novos All Star estão a dar que falar. O seu lançamento mundial foi noticia de destaque em muitos meios de comunicação. Pudera. Há já quase 100 anos que o modelo clássico dos mais famosos ténis da marca Converse, os Chuck Talyor All Star, não sofria alterações. Durante este período foram lançadas novas  cores, novos padrões, foram revisitados alguns esquecidos (os Hi-Top todos pretos por exemplo) mas, mudanças estruturais, nunca tinham acontecido. Até agora.

Os novos All Star

A Nike, desde 2003 proprietária da marca Converse, resolveu que estava na hora de “modernizar” os famosos ténis e lançou para o mercado os novos All Star com uma campanha de comunicação que, aparentemente, terá passado por lembrar a alguns jornalistas que os All Star existiam (a sério que tenho as minhas dúvidas sobre se todos quantos de repente se lembraram dos ténis All Star, se teriam lembrado sem serem recordados de tal) de forma a que, aquando do dia em que os novos All Star fosse colocados a vender, os comentários sobre os mesmos estariam já “no prelo”, prontos a publicar. E assim foi.

Durante toda a semana, surgiram artigos pelo mundo inteiro, verdadeiramente glorificando os novos All Star, muito mais resistentes e muito mais confortáveis. Sim, é o conforto que se apresenta como o verdadeiro trunfo nestes novos All Star. A palmilha esponjosa a que a Nike chama Lunarlon e que utiliza em muitos dos seus modelos de ténis de corrida, foi adicionada de forma a proporcionar um maior amortecimento ao pé. A pala passou a ser almofadada (a pala clássica, fina, tende a escorregar para os lados coisa que já não acontece com esta), a zona do tornozelo foi reforçada e todo o corpo do ténis passa a contar com um tipo de lona mais resistente, que se mantém “armada”.

No exterior, grandes modificações também: A sola ganhou mais alguns milímetros de altura, a ponteira de borracha é mais grossa, as ilhoses passam agora a ser da mesma cor que a lona, o logotipo colocado na lateral é agora cozido e não colado, enfim, alterações suficientes para me levarem a afirmar:

Os novos All Star não são, de todo, como os clássicos All Star.

Note-se que esse é um dos argumentos de quem tem apresentado os novos All Star, que pouco mudaram e mudaram para melhor, que os novos All Star são os All Star de sempre mas, mais confortáveis, mais 2015… Pois. Talvez eu goste mais dos clássicos All Star, um design de outros tempos. E convenhamos, ninguém compra uns All Star por serem confortáveis.

Os All Star nunca foram verdadeiramente confortáveis e há muito que existem no mercado outros ténis, até dentro do estilo, mais confortáveis que estes. Experimentem fazer uma grande caminhada com um par de All Star e digam-me ao fim do dia o quão descansados e suaves (para não dizer bem cheirosos) estão os vossos pés. Ainda assim, quem gosta de All Star, continua a comprar este modelo e mais que isso, defende a sua escolha aguerridamente, com unhas e dentes.

Os All Star vivem há muito de uma questão de atitude. São representativos de um determinado estado de espirito, de uma determinada forma de viver ou o desejo de tal. Usar uns All Star é só por si uma afirmação, um marcar território…

Os All Star são os ténis que deixamos à porta da tenda, são os ténis com que atravessamos o rio e que depois penduramos ao pescoço para secar. São os ténis que levamos ao festival, onde desenhamos caretas na ponta branca e quando esta já não chega, há ainda muita lona para escrever.

Os All Star são os ténis dos enfant terribles do Rock n’ Roll, dos inadaptados do cinema, são símbolos geracionais representando gerações das quais parecem continuar a existir ilustres representantes a cada nova geração que surge.

E no meio de tudo isto, alguém se lembrou do conforto? Não, nem por isso. Eventualmente, quando os pés estão a doer, quando a bolha rebenta, lá vem um ou outro desejo de maior conforto mas que se esmorece rapidamente ao olhar para os All Star pensando neles como uns resistentes, verdadeiras máquinas de guerra, prontas para mais um dia de gloriosas conquistas, amanhã.

O conforto dos novos All Star não é uma boa ideia?

Novos All Star comparação Pedro Rebelo

Claro que é. Tivesse a Nike optado por colocar a sola Lunarlon no antigos modelos, tivessem reforçado a borracha como fizeram nos novos All Star, cozido o logo da estrela ou tivessem eles feito os novos All Star, sem retirar a linha branca que pontilhava a lona nos modelos clássicos, tivessem mantido o traço preto que separava a sola da lona, tivessem mantido a forma original, mais arredondada na ponta e menos estreita no corpo e sim, talvez eu fosse comprar os novos All Star pensando no conforto que eles me iriam proporcionar.

As coisas de que ninguém falou sobre os novos All Star

Novos All Star comparação All Star Classicos Pedro Rebelo

Sim, são parecidos mas não são iguais e algumas das diferenças tornam-os radicalmente diferentes. O facto dos novos All Star terem uma forma mais estreita origina uma biqueira mais afunilada o que só por si pode ser um deal breaker para quem gosta da dos All Star clássicos, mais arredondada. Mas esta questão da forma mais estreita vai para além da estética. Esta forma obriga a que quem tenha o pé mais largo, como eu, se veja obrigado a calçar um numero acima do seu numero normal. Ao experimentar uns novos All Star 42 não só tive dificuldades em enfiar o pé nos mesmos como mal os conseguia apertar. Já o numero acima, que calçava razoavelmente bem, levantava outros problemas: ficavam um pouco mais compridos e largos o que levou a que quando dobrei os pés para andar, “sobrava” lona por todos os lados.

Novos All Star comparar Pedro Rebelo

Tenho a certeza de que os novos All Star vão agradar a muita gente. Que mais não seja, é outra vez fashionable usar ténis All Star, os novos All Star. Tenho quase a certeza de que já alguém deve ter ouvido algo como “Mas os teus são dos antigos?” acompanhado de um certo desdém.

Por outro lado, também tenho quase a certeza de que um destes dias, a Nike irá lançar no mercado uns All Star Chuck Taylor, clássicos, com as inovações relativas ao conforto que agora apresentam nos novos All Star.

A Nike, numa manobra comercial inteligente e que demonstra saber o valor do produto que adquiriu em 2003, optou por manter no mercado as duas linhas, os All Star Chuck Taylor e os novos All Star Chuck Taylor II. Ainda bem.

Sim, eu sei, há que acompanhar o desenvolvimento e aceitar o futuro que se apresenta a cada dia. Ainda assim, gosto de acreditar que (mesmo sabendo que é uma frase há qual não podemos deixar de acrescentar mil nuances) há coisas que nunca mudam e como dizem os americanos, criadores dos All Star, old habits die hard. É por isso que vou comprar uns All Star clássicos.

 

Que eu tenho amigos estranhos não é novidade para quem me conhece… O mais curioso disso é que muitos desses meus amigos estranhos, sabem o quão estranhos são e demonstram um orgulho nisso quase tão grande quanto o meu em os ter como amigos…

Há já uns anos atrás, largos, entre copos, muitos, sob a égide de um valoroso crustáceo, a lagosta, uns quantos desses amigos fundam o One Over Zero dando o mote para a discussão em torno da singularidade tecnológica… Sobre esses poderei falar mais tarde mas por enquanto, afunilemos a conversa…

Do One Over Zero surge então, uns anos mais tarde, o OOZ Labs, o espaço onde algumas de entre as lagostas mais dadas a essas coisas do Do It Yourself, decidem, como eles próprios afirmam, construir, arranjar, melhorar, estragar, combinar, inventar, alterar… e mostrar como se faz. Não vos parece o grupo ideal para participar na  Lisbon Maker Faire?

Para quem não conhece, a Lisbon Maker Faire, organizada pelo SAPO, a Ciência Viva e a Câmara Municipal de Lisboa, é em Portugal, o expoente máximo do movimento “Maker”, uma cultura (ou como alguns lhe chamam, subcultura) onde pessoas entusiastas de tecnologia mas também mecânicos, cientistas, artesãos e gente curiosa com particular interesse em fazer coisas, dão azo ao seu desejo criando objectos de utilidade prática, muitas vezes através do redesenho e reutilização de outros objectos ou criando componentes que conjugados de determinada forma, dão origem a um novo objecto. Imaginem coisas que podem ir de um ovo de chocolate em forma de puzzle 3D ao Apple I apresentado por Steve Jobs e Steve Wozniak em 1976.

Lisbon Makerfaire 2015

Na Lisbon Makerfaire, que no ano passado começou como uma “mini Maker Faire” (sim, as Maker Faire regem-se por uma determinada organização que estipula a forma das mesmas nas suas múltiplas edições espalhadas pelo mundo) apresentam-se projectos ao público em geral, dando a conhecer o movimento, levando a que muitos “inventores de garagem” tenham pela primeira vez a prova de que, afinal não estão sozinhos, afinal há mais “malucos”. De igual forma, a Lisbon Maker Faire serve também para aproximar a comunidade em geral não só ao conceito mas também aos projectos lá apresentados levando a eventuais parcerias e novos projectos. Para além de tudo isso, é importante não esquecer a vertente lúdica do evento que, como passeio de família, garantidamente proporciona a miúdos e graúdos umas boas horas de entretenimento inteligente e bem disposto.

Bem, mas apresentada que está a Lisbon Maker Faire, voltemos aos meus amigos…

No fim-de-semana passado, um dos membros do OOZ Labs, o Basílio Vieira, esteve nas instalações de um dos patrocinadores da Lisbon Maker Faire, o AKI, apresentando em primeira mão, o projecto que o OOZ Labs levará à Lisbon Maker Faire 2015: o OOZ2MARS.

Basilio e o OOZ Labs no AKI

Imaginem um sistema que proporcione a experiência de conduzir um veiculo numa missão remota no planeta Marte. E foi nisto mesmo que, durante um dia inteiro o Basílio Vieira esteve a trabalhar no AKI, para todos quantos quisessem ter um pequeno vislumbre do que os pode esperar no grande evento da comunidade Maker portuguesa.

O projecto OOZ2MARS

Umas caixas de cartão, uns quantos tubos de plástico e… Desenganem-se. Há muita ciência por trás da aparente simplicidade. Há muitas horas de trabalho, de calculo e experimentação. Para quê? Isso agora não interessa para nada.

Vão lá ver, vão conhecer este e outros projectos que, quem sabe, lhes farão ver o mundo de forma diferente, dar uma nova oportunidade às ferramentas que estão a ganhar pó no fundo da caixa ou até, dar vida aquela ideia que pensavam ser só mais uma “maluqueira”.

Já agora, conhecem outros projectos que estarão na Lisbon Maker Faire 2015? Quais? Onde estão?