Ele há dias assim… Em que não há paciência, não há vontade, não há a menor disposição para os estar a ouvir. Apetece ler, escrever, viajar por entre frases que não estas, em salas que não estas, com vozes que não estas.

Já não há homens de negro. Os dias estão mais longos e já quase cheira a Verão. Gabriel Garcia Marquez senta já o seu personagem à soleira de uma porta, escutando a mosca que teima em zoar… O tempo vai custar a passar… Mais ainda…

Entro e as gentes animadas escutam musica que pouco lhes diz… Movem-se sorridentes, entre fumos e gargalhadas. É dia de festa. E ao que parece assim será mais uns quantos. Porquê?

Bem-vindos a um estranho tipo de Folsom, onde os blues são outros e os crimes estão por cumprir…

Lembro-me que no primeiro dia de Primavera chovia sempre. Sempre quero dizer, todos os anos, no primeiro dia de Primavera.

Daqui a menos de um minuto ele vai tirar do bolso uma pistola, um revolver, .38. Já está. Entre os olhos. Alguém vai dizer que não havia razão para tal.

Lembro-me de estar à porta, de postigo aberto, olhar para a rua. E do café quente em cima da mesa.

Por cá já não se liga a essas coisas. Velhos são velhos. Como os trapos. Noutras terras, outras gentes, mãe é mãe. Não devia ter dito nada.

A porta mostra que a casa há já muito que deixou de o ser. Passo, olho, mal vejo. Abraça-me. Não quero que os fantasmas te levem, pensa.

Uns dias depois, deitava-me nas ervas frescas, mordiscava azedas, gostos amargos que vidas doces precisavam para as chamar à terra…

No regresso nem se dá por ela mas lá em cima, uma janela por onde assoma esvoaçante uma comprida tira bordada, alva, estranhamente alva, para uma ruína diga-se… Faz-me olhar para a alma e por ela ver o céu.

Super Moon by Ben Adams as seen on Flickr

A lua cheia. Pois. Só pode ser da lua cheia…