Depois de vos ter começado a contar como tinha sido a nossa viagem a Amesterdão não ficava nada bem se não acabasse o relato principalmente porque sei que alguns de vocês ficaram com a ideia de que em Amesterdão há pouco que se aproveite. Bem, não há muito é verdade mas nem tudo é mau.

Os museus de Amesterdão

Van Gogh Museum – Vão para a fila logo de manhã cedo. Muito cedo. Ainda que em Amesterdão nada comece cedo, a cidade está sempre cheia de turistas e muitos destes acordam cedo. Mesmo que já tenham comprado o bilhete para o museu Van Gogh no dia anterior (se não tiverem bilhete vão para lá de madrugada) cheguem lá cedo. A fila é enorme.

Depois há aquela coisa dos girassóis… Eu sei que gostos são gostos mas ao contrário do dito popularem eu acho que estes devem ser discutidos. Mas será que alguém gosta mesmo dos girassóis do Van Gogh? E a cena da orelha? A sério. Podem ficar ofendidos e tudo o mais mas não há pachorra para o Van Gogh.

Directamente ao piso de baixo do museu Van Gogh para ver a magnifica exposição de John Everett Millais (costuma estar no Tate em Londres) e ficar deveras encantado pela obra deste pré-rafaelita. Ophelia será a sua obra mais famosa mas facilmente nos apaixonamos por tudo o resto.

Neste piso podemos ainda visitar uma exposição fotográfica intitulada Me, Ophelia onde vários fotógrafos prestam à sua maneira, homenagem à obra prima de Millais.

Entre quadros, desenhos, audio tour e um filme sobre a vida e obra do artista aqui ficou grande parte da nossa manhã. De volta ao piso de cima, a visita ao Van Gogh propriamente dito levou-nos ainda uns cinco ou dez minutos que foi o tempo que demorou até chegar à porta de saida no meio dos milhares de pessoas que se amontoavam para ver, adivinhem? Os girassóis.

Rijksmuseum – É efectivamente um grande museu este Rijksmuseum. Infelizmente grande parte dele está em obras (ao que parece já há muito tempo e tende a continuar) o que, não só defrauda as expectativas como torna a visita um bocado confusa. Ainda assim tem muito que ver principalmente para quem aprecia as grande obras de Rembrandt (Night Watch é absolutamente fantástico), Vermeer ou mesmo Pieter Saenredam com os seus fenomenais interiores de igrejas. Ainda de referir as extraordinárias casas de bonecas do século XVII a fazer os sonhos mesmo de quem nunca brincou com bonecas…

Foam fotografie museum – Tal como o nome indica, o Foam é um museu de fotografia. Daquelas pequenas pérolas que por vezes são esquecidas nos circuitos mais turísticos mas que nos enche os olhos com coisas bastante interessantes (como a exposição de Jessica Dimmock “The Ninth Floor” que acompanha um ano na vida de um grupo de toxicodependentes). Ou como num espaço diminuto dar um grande valor cultural à cidade…

Joods historich museum – mais conhecido como o Museu Judeu de Amesterdão. Muito interessante. A história de um povo pela Europa. Nunca tinha eu (e já entrei nuns quantos museus por esse mundo fora) visto tanta referência a Portugal e a Portugueses como neste museu. Ao que parece, haveria por aqui mais do que em qualquer outro lugar… Vale a pena visitar e conhecer mais intimamente a importância deste povo naquela cidade.

Ainda no Museu Judeu é de visitar o Museu Infantil onde se pode encontrar a “Parede Falante” que é, literalmente, uma parede que falando connosco nos conta a sua história ali, no edifício da sinagoga. Marcante.

E para comer? Come-se por lá?

Sim, come-se. Nada de especial. Não há propriamente uma comida típica da terra. Como diria um colega meu, talvez o mais parecido com comida típica de Amesterdão seja a comida Indonésia (há por lá muitos restaurantes destes). No entanto, come-se bem assim se vá comer aos sítios certos.

Sushi me – Passámos por este pequeno restaurante japonês logo na primeira noite em Amesterdão. Já passava das 10 da noite que nesta cidade é como quem diz, estava já fechado. Ficou marcado e lá voltámos ao Shushi me 2 noites mais tarde. Comemos bem e barato (para Amesterdão e para japonês). Sem mesas, tem um balcão corrido a todo o comprimento do restaurante (que não é longo) e bancos confortáveis.

Ainda comemos num outro japonês (mais tipo tasca japonesa) onde a comida estava igualmente boa (maior oferta) mas definitivamente, o Shushi me tinha mais estilo e na comida japonesa, em particular, os olhos também comem…

Madre Maria – Restaurante de carnes argentinas, o Madre Maria faz jus à fama que tem por lá. A carne é mesmo muito muito boa. Foi aconselhada a parrillada mista que basicamente é um fogareiro a carvão na mesa com várias carnes a grelhar. Vale bem a pena. Parece manteiga. A simpatia não é a maior mas também, é típico dos estabelecimentos na cidade…

La Madonna – O nome deste também não engana pois não? Restaurante italiano, La Madonna serviu essencialmente por estar aberto até mais tarde mas no entanto até se revelou uma agradável surpresa. A comida era boa e não foi muito caro. Serviam vinho a copo o que também ajudou a agradar.

The Pancake Bakery – De comer e chorar por agua com gás. Ou nem isso. A The Pancake Bakery tem fantásticas panquecas, gigantes panquecas com as mais estranhas combinações de sabores que possam imaginar. Não caiam no erro de lá ir lanchar a não ser que já tenham almoçado há muito e não planeiem jantar. Já lá vai para 35 anos…

Puccini – Difícil difícil seria falar de comida em Amesterdão e não falar do Puccini Bomboni. estes chocolates são caros como o raio mas são deliciosos em proporção ou mais. Por nós ficámos entre os de noz e os de pimenta (sim, a combinação pimenta e chocolate é realmente fantástica) mas facilmente comeríamos muitos mais. Visita obrigatória.

Há mais sítios certamente mas não me consigo lembrar de todos e o post já vai longo… Continua mais tarde na Parte III.

Já foi há uns dias. Bem, muitos dias. O quê? A viagem que fizemos a Amesterdão. Já estava nos nossos planos há algum tempo mas os preços das viagens aéreas para o pais das tulipas sempre nos pareceu demasiado elevado. Até um dia. Lá fomos.

A Chegada

O aeroporto de Amesterdão é algo de colossal. Gigantesco. Já com o avião em terra, a pista passa sobre a autoestrada causando uma sensação estranha a quem vai no avião mas imagino o quão estranha será para quem vai nos carros. Parecem bastante organizados os holandeses. Identificámos de imediato os caminhos a seguir para chegar ao comboio que nos levaria ao centro da cidade. Uma pequena paragem para um um hamburger tardio e lá fomos. Tal como previsto, 40 minutos depois chegámos à estação central de Amesterdão.

O aniversário da Rainha.

No dia 30 de Abril comemora-se em toda a Holanda o aniversário da Rainha e tal festa é levada mais a sério em Amesterdão. Bem, talvez sério não seja o termo mais correcto. A população fica doida e sai toda para a rua vestida de laranja, cantam, dançam, fumam e bebem. Muito. Assim que saimos da estação, já cerca da meia-noite, vimos de imediato o efeito que tal festa tem na cidade. Não se dava um passo que não fosse sobre copos de cerveja vazios ou montes de beatas ainda fumegantes. Estranhamente, o cedo da hora (pelos padrões de festa portugueses) mostrava já toda a gente a regressar a casa. A noite acaba cedo naquela cidade.

Nadia Hotel, um lugar a ter em conta.

Hotel NadiaOs hotéis em Amesterdão são caros. Aliás, tudo é caro em Amesterdão. Quando estávamos a planear a viagem, com muito pé atrás, tínhamos já reservado hotel para as 6 noites pela assustadora quantia de 1300 euros. E isto sem pequeno-almoço e sem as taxas municipais obrigatórias (tipo 5% ao dia). Na ante-véspera da partida recebemos um e-mail do Hotel Nadia informando sobre uma desistência de última hora e questionando se ainda estaríamos interessados. O Hotel Nadia tinha sido um dos nossos contactos esquecidos uma vez que não havia vagas. Sim, esse é outro detalhe importante: Nesta altura do ano, é muito difícil arranjar hotel em Amesterdão. Está tudo lotado. Adiante. Hotel Nadia, quase metade do preço, muito, mas mesmo muito central, com pequeno-almoço e taxas incluidas. Mas mais importante ainda, 14 entre os cerca de 350 hotéis de Amesterdão comentados no Trip Advisor.

À chegada, tal como comentava quem por cá já passou, as malas foram levadas para o quarto e foi-nos oferecida uma bebida enquanto esperávamos na sala do pequeno-almoço. Mais uma vez, tal como se lê nos comentários pela Net, uma sala pequena mas muito, muito engraçada.

O nosso quarto ficava logo no primeiro andar mas mesmo que fosse num dos outros não me pareceria mal. As escadas podem assustar mas é mesmo só até as subirmos e percebermos que não custam assim tanto. Quarto pequeno (talvez o mais pequeno em que alguma vez ficámos) mas com tudo o que poderíamos precisar: Cama de casal, roupeiro, secretária, televisão, frigorífico, cofre e uma magnifica varanda já equipada com duas cadeiras. 20 minutos depois já estava o computador portátil em cima da mesa e ligado a um dos 5 ou 6 routers do hotel, completamente abertos e com uma velocidade espectacular. Internet de graça.

Amesterdão cidade.

Os dias começam cedo quando estamos em viagem. Mas em Amesterdão, nada começa cedo. Só mesmo nós e a sala de pequeno-almoço (que estava muito bom diga-se, com pão, tostas, bolos, doces, manteiga, café, leite e sumos à descrição). Aquela cidade não acorda antes das 10 ou 11 da manhã. Cafés meu Deus. Cafés. Não via cafés abertos. Parecia manhã de Ano Novo em Lisboa.

É agradável passear pelos canais pela manhã por essa razão. Passa-se bem, sem encontrões e a falta de Sol forte contribui também para umas quantas breves lufadas de ar fresco. Sim, que à tarde o cheiro é outro e não é dos mais agradáveis. Amesterdão brinda-nos com a presença em quase todas as ruas de urinóis públicos. Sim, urinóis públicos. E não são daqueles com moedinha e à porta fechada. Não senhor. Ali não há falsos pudores. Quando dá a vontade, vai de sacar da dita e, junto aos artefactos piramidais, aliviar pressões internas. Dá-se o caso de que, grande parte destes equipamentos (as pirâmides entenda-se) serve igualmente para depósito de latas, garrafas e outros recipientes formando montes de lixo acumulado e dando origem aos famosos salpicos de ricochete. Estão a imaginar a coisa não estão? Piora a coisa quando temos em conta que, devido à grande quantidade de líquidos ingeridos pelos locais e a outras coisas ingeridas pelas visitas, dificilmente quem está com vontade de se aliviar consegue andar em linha recta tempo suficiente para alcançar o urinol. Ora, nada como uma cidade como Amesterdão, cheia de arvores por todo o lado para ajudarem nestas horas de aflição. Imaginam agora o cheiro que por lá fica não?

Mas Amesterdão é só isso? E as drogas?

Pois essa é outra guerra. As drogas. Toda a gente sabe que Amesterdão é famosa pelas drogas. Não só mas também. As drogas pesadas são violentamente penalizadas. As drogas leves, não sendo propriamente legais (acho) são toleradas. Assim sendo, as famosas coffee shop’s de Amesterdão lá estão de porta aberta esperando os clientes, com as suas montras decoradas com motivos repetitivos que não variam muito entre os cartoons jamaicanos ou os dourados árabes. Em determinadas zonas, são porta-sim, porta-sim. Ninguém é obrigado a entrar é certo mas ninguém consegue deixar de cheirar mesmo só passando na rua. Ainda pensámos em entrar numa ou outra com menos maus aspecto para comer um bolinho (já deixámos de fumar à tempo suficiente para não experimentar outra vez) mas o cheiro era demasiado forte. A mistura doce da menta com o fumo da erva (que por vezes parecia verde de mais mas mesmo assim o turista contente fumava, fumava, fumava) igualmente adocicado era por demais enjoativo. A parte das drogas lá ficou. Para todos os pijamas andantes que por lá vimos (e eram muitos).

Continua em breve na Parte II… Entretanto sempre podem ver as fotos na minha conta do Flickr.