19 anos separam a minha aquisição dos 2 livros da fotografia abaixo. A edição brasileira de Watchmen adquirida por cá em 1989 e a edição americana adquirida na Forbiden Planet de Londres em 2008. Vale sempre a pena rever como escreveu o Nuno Markl “este espantoso, apaixonante, complexo, arrebatador romance em BD chamado Watchmen”.

Mas este post é mais do que um reavivar da lembrança de que o filme impossível estreia no próximo dia 6 de Março. Este post é acima de tudo uma declaração de que há coisas que não se esquecem. O livro que ali podem ver, a tal edição brasileira, saiu para casa de um amigo há 10 anos atrás. Voltou este fim de semana. Agora vai descansar…

Watchmen - 20 years after

Vejam o filme abaixo e digam se não tenho razão. Com o típico look and feel de um noticiário televisivo dos anos 70 (para quem conhece o livro de banda desenhada sabe que faz todo o sentido) este filme relata a comemoração do 10º aniversário do Doctor Manhattan. Entrevistas de rua com um espírito bem possível na altura dão o toque final para a total credibilidade.

Assim se constrói um mito. Mais de 20 anos depois de Watchmen ter sido um sucesso na banda desenhada em todos os países onde foi editado, prepara-se agora para ser um sucesso a nível global com a apresentação do “filme impossível de ser feito” como muitas vezes ouvi dizer.

Interrompemos a nossa programação sobre destinos turísticos do outro lado do mundo para trazer uma pérola de terras ainda mais distantes. Dada a conhecer pelos simpáticos senhores do site Comingsoon.net aqui vos deixo o trailer japonês de Watchmen, o filme que após esperar cerca de 20 anos que alguém tivesse coragem para o fazer, está agora prestes a ir para as salas de cinema (pelo menos assim esperamos com fé nos tribunais).

Quanto ao trailer própriamente dito, só podia ser japonês. Vejam porquê:

Ficção Cientifica? Desenhos animados? Uma história de amor… Charlie Chaplin. Sim, fosse esse mestre vivo e esta poderia ser uma historia contada por ele. Aliás, com um pouco de atenção (ou imaginação) podemos ver o chapéu preto na cabeça do Wall-E.

Há 700 anos que os humanos deixaram a terra por não conseguirem sobreviver no meio de tanto lixo. Foram em busca de um mundo melhor. Nos seus últimos tempos por cá ainda tinham esperanças de conseguir remediar a coisa e construíram uma série de robots (os Waste Allocation Load Lifter-Earth Class ou Wall-E’s para os amigos) para apanharem, compactarem e arrumarem o lixo mas, a sociedade de consumo consumia mais do que os robots conseguiam arrumar. Nada a fazer.

A bordo da nave Axiom, os humanos partiram em busca de novos mundos, em busca de espaço. Desligaram-se o Wall-E’s, apagaram-se as luzes e tudo acabou. Bem, não foi bem assim. Esqueceram-se de desligar um. Um Wall-E. Que dia a dia foi cumprindo a sua missão: Apanhar, compactar e arrumar o lixo que os humanos fizeram.

O tempo passou e passou. 700 anos dele. E 700 anos dá para muita coisa e nos filmes dá até para um robot ganhar alma. E não é sem mais nem menos. Teve a preciosa ajuda de uma barata (alguns comparam-na com o Grilo Falante, amigo do tipo do nariz que crescia mas eu, observador atento, sei que o Grilo era uma consciência. Coisa diferente da alma) que, à sua maneira, sustentava a necessidade de sensação paternal que requer o crescimento. E o Wall-E foi crescendo.

Um dia aparece a Eva. Nós não sabíamos mas foram os humanos que a enviaram. Ainda em busca do tal mundo novo, sem se mexerem muito que isso cansa, eles enviam de tempos a tempos novas unidades robots para explorar o espaço em busca de um ambiente amigável, respirável. Nem eles sonham mas enfim…

Está mais que visto. O Wall-E apaixona-se pela Eva. Faz-lhe a corte e… Ela deixa-se dormir. Pois, a Eva é uma senhora. Aquilo é material de primeira. Tem uma missão a cumprir. Eva espera agora que a venham buscar, que a levem de volta à Axiom com o troféu que carrega, uma pequena planta, prova de vida, que o Wall-E lhe ofereceu.

A abordagem do filme é mais adulta do que o normal nestes filmes de animação. A mensagem do silêncio, ou da falta de vozes durante a primeira hora do filme, é uma coisa brutal que entendemos perfeitamente. Não é preciso dizer nada.

A coisa complica-se, em todos os sentidos, com o regresso de Eva à Axiom. Aqui ficamos a saber que afinal, o Wall-E não foi o único robot a “crescer”. Ainda que a humanidade pense estar no comando não está. São as máquinas quem manda e não estão com a menor vontade de voltar à Terra.

Bem, não me vou por para aqui a contar a história toda, principalmente porque há imensa gente que ainda não viu e nem está a pensar em ver esta jóia que é o Wall-E. Mais perdem.

Wall-E é um novo ET e não o novo ET. Traz consigo pedaços de coisas tão dispares como 2001 ou Hello Dolly. É de uma inovação tecnológica de momento, difícil de imaginar suplantada. Tem das mais necessárias mensagens ecológicas assim como nos pode dar valiosas lições de moral mas acima de tudo, há que recordar Wall-E como, ainda que caindo em lugar comum, uma verdadeira obra-prima.

Ainda há esperança. Assim se possam dar as mãos tal como deram o Wall-E e a Eva ou o John e a Mary. Posso escrever com certezas pois no alto dos seus 4 anos disse a Patrícia no fim do filme: E ficaram todos amigos.

Descobrimos a hora certa (e o sitio) para ver cinema de animação para / com crianças. Não sei se devia escrever isto correndo o risco de não se voltar a repetir a maravilhosa experiência do dia mas lá vai que vocês merecem: Lusomundo Amoreiras, Sábado, 13h05m. Para além da sessão ter intervalo (outras salas, outras sessões, sigam o exemplo por favor), a sala estava completamente por nossa conta. Uma sala inteira para nós os três.

Horton e o Mundo dos Quem foi o filme que vimos e que nos entreteve divertindo, a todos, desde o principio até ao fim. Para quem não sabe, Horton é um elefante de quem toda a gente gosta até ao dia em que ele ouve vozes vindas de um grão de pó que assenta num dente-de-leão. Toma como missão salvar aquela gente que ele não vê mas sabe habitar a flor e a partir dai desenrola-se toda uma aventura com lições de moral umas atrás das outras… Tal como já referi, para todos.