Pois é. O Festival Jazz em Agosto, a realizar no Anfiteatro ao Ar Livre da Fundação Calouste Gulbenkian no próximo mês, ao que parece, pretende contribuir para uma imagem erudita ou elitista do Jazz. Ou então é mesmo só uma questão de ser snob. Porquê? Porque ao pedido de acreditação de jornalistas para o evento, responde a organização do Jazz em Agosto:
Lamento mas não nos será possível aceder ao vosso pedido.
Só atribuímos acreditações a jornalistas especializados da área.
Haveria tanto, mas tanto a dizer sobre isto. Mas vá, sejamos simpáticos e práticos também que afinal, Agosto é um mês rico de eventos, jardins e esplanadas na cidade de Lisboa e, graças a um bom gosto generalizado, jazz e de qualidade, é o que por ai não falta. Então, e simplificando, podemos perguntar à organização do Jazz em Agosto:
Jornalistas especializados em qual área? Festivais? Música? Jazz? Jazz em Agosto? Jornalistas especializados na área metropolitana de Lisboa? Ou especializados só no mês de Agosto talvez…
Escreveu um dia Doug Ramsey no seu Rifftides, a propósito de um estudo do The National Endowment for the Arts sobre a participação pública nas artes:
Se os músicos de Jazz encontrarem formas de alcançar maiores audiências sem deixarem cair a sua arte por agua abaixo, será bom para eles e para o futuro da música. Tentativas calculadas de aumentar a audiência forçando a hibridação da música, não aumentaram a qualidade da mesma nem obtiveram aumentos permanentes de espectadores em sala ou de vendas de discos. Pode ser que o estudo em questão venha tornar mais claro aquilo que os artistas sérios sempre souberam, mesmo quando só sonhavam com aceitação, fama e riqueza (…) a recompensa por tocar jazz é tocar jazz.
Doug Ramsey é jornalista com um prémio de carreira atribuído pela Jazz Journalists Association. Será que lhe davam acreditação no Jazz em Agosto?