A Patrícia está por casa dos avós… Está de férias. E de alguma (estranha) forma, nós também. Aproveitando a manhã de Sábado para dormir até mais tarde (ainda que as portadas do quarto insistam em nos lembrar que o Sol lá forma já brilha há muito), e parte da tarde para tirar a barriga das misérias entre séries de televisão e um piscar de olhos ao sono, eis que o calor lá fora acalma e é hora de sair à rua.
Lisboa Souk no Castelo de São Jorge
Apanhámos um táxi (que andar de carro pelos bairros populares de Lisboa é falta de bom senso) quase à porta de casa e seguimos para o Castelo de São Jorge. É um dos nossos spots de eleição há já muitos anos e a ideia de um mercado árabe (souk) dentro das suas muralhas era coisa que apelava a ver. O Mundo Mix já há muito que ganhou a nossa presença por lá e a esperança era de que fosse algo semelhante. Desta feita, desilusão.
Não fossemos nós habitantes de Lisboa (logo não pagando entrada no Castelo de São Jorge) e garanto que me arrependeria para o resto da vida dos 7 euros que se pagam à entrada.
Fraco, muito fraco. Muito poucas tendas e pior, grande parte delas sem nada terem a ver com o tema. Um souk é um mercado árabe certo? Pois aquele, de árabe tinha mesmo muito pouco. Valeu o palco onde se pôde assistir a uma exibição de dança do ventre mas cujo brilho foi rapidamente toldado por uma mini cornucópia (mal) recheada a doce de ovo e paga a preço maxi na “tenda” de Óbidos onde duas “senhoras medievais” serviam aparentemente sem grande vontade de ali estar.
Resumindo, passámos mais tempo junto à muralha, a apreciar a cidade, do que propriamente no mercado. Este souk está riscado da nossa agenda.
Livros de Artista na livraria Fabula Urbis
Sabem o que são os Livros de Artista? São assim algo como que livros especiais, feitos pelo próprio artista, muitas vezes feitos à mão, muitas vezes exemplares únicos ou, em numero muito reduzido.
Descíamos do Castelo, pela Rua de Augusto Rosa quando nos deparámos com a Livraria Fabula Urbis (e mais uma vez me lembrei do sonho: um dia ainda tenho uma coisa daquelas…), pequenina, num cantinho (neste caso, numa pontinha), recheada de livros, de letras, de cores… No primeiro andar, como que em casa de amigos, os livros em cima da mesa, as imagens nas paredes e a janela com vista sobre a cidade. Imagino mil coisas naquele espaço…
Os gelados da Fragoleto
Já na Baixa, a caminho do espectáculo de abertura do Festival dos Oceanos, uma paragem na Gelataria Fragoleto. Sendo que no dia-a-dia já é quase ponto obrigatório à hora de almoço, desafiei a Susana a provar um sabor diferente (como quase todos na Fragoleto): Carapino que é como quem diz, Caramelo, Nata e Pinhão. Uma vez mais, não desilude e encanta. Provavelmente, os melhores gelados de Lisboa.
A Praça do Comercio e o Relógio Oficial do Festival dos Oceanos
Estava previsto o arranque do Festival dos Oceanos às 21 horas. Concerto anunciado de Joss Stone com a primeira parte a cargo dos portuenses X-Wife. A coisa começa mal. Para além do atraso, a voz que tentava animar o povo que começava a amontoar-se na Praça, manda pérolas como “A mui nobre e mui leal cidade de Lisboa”… Perdoai-me o perfeccionismo mas, antes estar caladinho não? O estandarte da cidade está lá para quem o quiser ler: Mui nobre e sempre leal. Convenhamos, de nada serve ser mui leal se só o for de quando em vez…
Eis que 30 minutos depois do previsto, lá tocam os X-Wife. Agradável surpresa. Nós gostámos. Mais dos novos temas do que dos antigos mas enfim, gostámos. Tirando a altura em que o vocalista diz estar a gostar de estar ali, com a vista do mar… Deixamos os comentários por aqui. Gostámos dos X-Wife e é isso que vamos lembrar.
Joss Stone. Vem que não chega…
Muitas musicas depois, os X-Wife dão a coisa por terminada. Diz “a voz” que a Joss Stone está prestes a chegar. Havia quem acreditasse. Nós, nem por isso. E mal sonhávamos. Meia-hora depois dos X-Wife, por volta das 23 horas, volta “a voz” a dizer que “O relógio oficial do Festival dos Oceanos marca 5 minutos.”. Marcava efectivamente. Marcava 5 minutos para as 23h05. Mas só isso.
Lá chegou então a Joss Stone. O publico vibrava (então o publico que estava à nossa frente vibrava que se fartava entre a garrafa de litro de Sagres e o que quer que fosse aquilo que estavam a fumar e, solidariamente, a partilhar o fumo connosco) mas essencialmente, com o que via ou imaginava que estivesse visível nos ecrãs de vídeo ao lado do palco. O palco propriamente dito deve ter ficado como brinde para os que se encontravam no primeiro quarto da praça frente a ele. Tudo o resto… Bem, imaginam a coisa…
Joss Stone tem voz, tem sim senhor. E tem presença. Bastante. Simpática, sorridente mas, fica a nota: é para ver noutro contexto. Sem qualquer desprimor para o Festival dos Oceanos, de que muito gosto e que considero louvável iniciativa mas, a musica e a voz da Joss Stone mereciam efectivamente que se conseguisse ouvir e nós não conseguíamos. Fosse pelos constantes “com licença”, pelas distrações (por vezes mais agrestes) dos que não pediam licença, ou pela simples algazarra dos que se tentavam encontrar no meio da praça, gritando ao telemóvel “Aqui! Aqui!” enquanto o acenavam no ar, esperançosos de que o seu ecrã fosse distinguido nas centenas de outros, pertença de quem teve igual ideia.
Fomos para casa por volta da meia-noite. A Rua Augusta ainda brilhava com as ultimas esplanadas a fechar, gente e mais gente que a descia (iriam ainda a caminho do concerto?) e nós, que, descontando os menos bons, tivemos um dia de magníficos momentos.