Digam-me que não é só no exemplar da revista Visão que tenho à frente, nº 906, 15 a 21 de Julho de 2010, que isto acontece. Quase quase lá e… Pois.

Há já muito que tenho a nítida impressão de que a revista Visão sofre de um qualquer problema ao qual, não encontrando melhor nome para o definir, chamo de «Quase lá» ou seja, estou a ler um artigo na dita revista, até está a ser interessante, seja pelo tema em questão ou pela forma como está escrito e, eis senão quando, sem qualquer aviso ou indicação, o artigo acaba. Assim. Sem mais nem menos.

Fica qualquer coisa por dizer. Sempre. A ideia com que fico é a de que, para ter a noticia por completo, terei que ver o jornal da noite na SIC e depois, finalizar a história na edição de Sábado do Expresso… Posso estar enganado…

Ora bem, na referida edição da Visão, na página122, começa um artigo intitulado «A morte e a donzela» sobre o mais recente filme de Roman Polanski. Na página 123 temos publicidade e o texto continua na página 124. E termina assim:

«Sempre com uma voracidade perfeccionista, sempre a recusar-se a olhar para trás, com fez nos Alpes, sobre esquis. A tentar não se deixar importunar por espetros do passado. Não se percebe porque o fez parar, então, este»

Tal e qual. Assim. sem mais nem menos. Não se percebe porque o fez parar, então, este, sei lá, editor? Gajo que faz a revisão aos textos? O que quer que seja?

Ficamos a saber, pela edição online da Visão, que a frase talvez acabasse com as palavras «fantasma vindo do presente». Infelizmente, nem assim podemos ter a certeza pois, ainda que parecido, o texto online não é bem igual ao texto da edição em papel. Só referindo o atrás citado trecho:

«Sempre com uma voracidade perfeccionista, sempre a recusar-se a olhar para trás, como fez nos Alpes, no ski. A tentar não se deixar importunar por espetros do passado. Não se percebe então porque o fez parar então este fantasma vindo do presente.»

Palavrinhas a mais, virgulas a menos… Enfim.

Eu sei que não sou a pessoa indicada para falar sobre virgulas, acentos e outras coisas que tais mas, que diacho, eu não sou a Visão certo?

A minha expressão ao chegar ao fim do artigo que tão interessante estava a achar (os meus parabéns à autora, Ana Margarida de Carvalho) foi: «Levaram à letra aquilo de estar quase lá e deixar a coisa a meio.».

A edição de 1 de Novembro da revista The Economist apresenta uma capa que diz quase tudo. Aliás, a melhor forma de o dizer é, que no que a Barack Obama se refere, a capa desta edição da The Economist põe tudo preto no branco.

The Economist cover

Mas sobre Barack Obama, John McCain e as eleições norte-americanas, esta The Economist presenteia-nos com algo que facilmente se iguala ao valor desta tão simbólica e carregada de mensagem capa: O artigo It’s time.

A revista assume a sua posição: A The Economist não tem voto – escrevem eles – mas se tivesse, votava no Sr. Obama. Parecem tomar a posição do Mundo. Obama. Mas esclarecem logo de seguida dizendo que, por várias razões votar Obama é um risco. Sim, é um risco que a América deve correr mas não deixa de ser um risco. Barack é novo, inexperiente e com politicas por esclarecer mas mesmo assim, a The Economist escreve “Só por se tornar Presidente (Obama)… será bem mais difícil aqueles que semeiam o ódio no mundo islâmico acusar o Grande Satã sendo este liderado por um homem preto cujo nome do meio é Hussein…” e isto tem muito peso.

Mas a The Economist, entre muitas outras coisas, lembra neste artigo o Senador McCain, aquele que existia antes do candidato McCain. Aquele que, apesar dos seus 72 anos defendia politicas e ideias por vezes bastante adversas à ideologia e caminho do Partido Republicano. Lembram entre outras as suas campanhas contra os subsídios do etanol que fez pelo problema do aquecimento global mais do que a grande maioria dos Democratas…

A The Economist não cai na vulgaridade de dizer que um é bom e o outro é mau. Tira o chapéu a ambos mesmo espelhando a sua preferência. A grandeza desta revista está patente em cada linha deste artigo. Qual será a capa da semana que vem?