Estive ontem a assistir à Conferência Anual da Associação Portuguesa de Anunciantes (APAN) subordinada ao tema  “Compreender o Novo Consumo de Media em Portugal“.  Sala cheia no Auditório do Millennium bcp na Rua do Ouro. Garantidamente, uns para ouvir umas coisas e outros para ouvir outras. Ainda assim, quase todos ouviram tudo, do principio ao fim.

A conferência iniciou com a apresentação de um estudo encomendado à Metris GFK  cujo propósito era precisamente elucidar sobre o tema. Considerações um pouco mais abaixo.

De seguida uma apresentação de Joel Postman, colaborador da CISCO e autor do best seller SocialCorp: Social Media Goes Corporate. Um bom momento em que foram ditas algumas daquelas coisas que alguns CEOS e outros responsáveis devem ouvir sobre o papel das redes sociais no negócio, na presença das grandes empresas.

Passou-se de seguida a uma animada conversa entre Nuno Markl e seis jovens entre os 15 e os 19 anos sobre como consomem eles os Media, qual a sua relação com os Media em geral e com os Media Digitais em particular.

A sessão encerrou com um breve discurso do Ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas.

Sai de lá um pouco apreensivo. Não pela mesma razão que muitos dos presentes terão saído é certo. O Ministro anunciava:

Um dos canais da televisão pública será privatizado e o outro deixará de ter publicidade comercial.

Confesso: Não é a minha guerra. Não me preocupa. O que me preocupa efectivamente é tudo aquilo que ouvi antes do Ministro falar…

Comecei por me preocupar com alguns dados do estudo que a APAN apresentou… De alguma forma, e principalmente quando se referia aos jovens, não podia deixar de estranhar os números que eram apresentados. Não se pareciam com as opiniões que vou ouvindo pelos corredores e nas esplanadas da FCSH… Por exemplo, aqueles jovens com quem falo no dia-a-dia e aliás, aqueles que estavam na sala, não parecem dar tanta importância à televisão como o estudo demonstrava… Enfim, talvez fossem outros jovens…

Preocupa-me também o facto de que continuo a ler em alguns estudos, que há uma certa percentagem de pessoas que “acede à Internet” e uma outra percentagem de pessoas que “acede às redes sociais”. Ora, não consigo deixar de me perguntar, onde raio ficarão essas tais redes sociais que não estão na Internet…

Eu sei que a minha preocupação com o facto de que para muitas pessoas a Internet parece ser o Facebook já foi aqui referida anteriormente, da mesma forma que já a referi noutros fóruns mas, faço-o novamente precisamente por ser uma preocupação. A Internet tem muito mais para vos mostrar para além do Facebook.

A ver vamos se nos entendemos:

A Internet não é o Facebook.
A Internet não é o Twitter.
A Internet não são as redes sociais.

As redes sociais são parte da Internet. Se hoje elas são, sem qualquer dúvida, grande parte da Internet, é outra questão, obviamente pertinente mas não deixa de ser outra questão.

Preocupa-me que quem questiona a sociedade sobre estes temas não se preocupe igualmente em fazer tal distinção, em esclarecer devidamente quem não sabe ou tem dúvidas, deixando eventualmente que se responda em erro.

Preocupa-me ainda que, quando questionados sobre se frequentam outros sites na Internet que não os sites das redes sociais, grande parte dos jovens responda que não mas logo de seguida respondam também que, quando lhes dizem algo nas redes sociais, quando um “amigo” lhes fala de algo, eles não aceitam à primeira, que desconfiam e procuram saber mais sobre o tema. Então onde vão eles saber mais sobre o tema? Não dizem. O que é que está mal aqui? Garantidamente algo parece não bater certo. Se não confiam nas redes (parecerá mal dizer que sim?), em quem confiam eles? No que lhes dizem as marcas? Não os tenho em tal conta. Mas se não visitam blogs, se não frequentam fóruns, se não vão a outros sites? Em 30 minutos de conversa alguém referenciou o Expresso e a Visão. (ponto).  A sério?

A iniciativa foi excelente e louvável. Eram jovens que ali estavam e claramente falavam à vontade. Do jovem surfista ao jovem viajante que se juntou à conversa a partir da Russia via Skipe, foi uma conversa animada onde Nuno Markl foi o melhor “desbloqueador” que aquele painel podia ter tido. Ainda assim, sai de lá apreensivo… Já o tinha referido?

Já referi aqui no browserd.com em post anterior, algo a que a revista briefing chamava na altura de Barómetro Facebook (ainda que o chamasse também de barómetro E.life Portugal/briefing).  Nesse post escrevi:

Senhores do briefing, um pouco de atenção ao vosso copy. O texto, tal como está escrito, faria (ou fará) um sucesso na web. Cheio de palavras chave, tudo o que interessa a quem se interessa: Marcas, Facebook, análise… Mas não faz sentido.

Efectivamente, o texto em questão estava escrito num português que dificilmente um português entenderia. A coisa passou e confeso que não mais prestei particular atenção ao tal Barómetro Facebook.

Ontem, como se não bastasse um dia em volta dos temas das redes sociais, das interwebs e outros mundos da virtualidade (o que me apeteceu escrever isto todo o santo dia não vos passa pela cabeça), resolvi fazer-me acompanhar na viagem do trabalho para casa pela revista Fibra (o novo agregador das comunicações). Num folhear rápido eis que deparo com algo que me é familiar: a fotografia da Joana Carravilla, country manager da E.Life. Encabeçava um artigo de duas páginas intitulado, pasme-se, Barómetro Twitter. Lembrei-me obviamente da primeira experiência com barómetros e, mais do que ao conteúdo, prestei particular atenção à forma.

Fibra.pt Barometro TwitterFicam aqui algumas pérolas:

As redes sociais (Facebook e Google+) continuam a liderar a quantidade de buzz gerada no Twitter…

A saber: Mas então o Twitter não é uma rede social?

… um pico de horário muito variado, entre as 10 e as 21h00.

Certo. Até eu que de quando em vez primo por uma prosa rebuscada, teria dificuldade em sair-me com esta.

Surgiram ainda muitos comentários relacionados com a disputa entre a Apple e a Samsung, com a criação de videojogos pela Universidade do Minho e a situação económica da empresa na bolsa em comparação com a Microsoft.

Estará a criação de videojogos pela Universidade do Minho de alguma forma relacionada com a disputa entre a Apple e a Samsung? Muito bem, sou eu que me estou a esticar. Então expliquem-me lá a que empresa se refere a autora do texto…

Pela variedade de assuntos, os picos de comentários são muito variados…

Um conclusão. Enfim, que não digam que daqui nada se conclui.

Qualquer semelhança, não será pura coincidência mas ainda assim, não poderei deixar de comentar:

Senhores da Fibra, um pouco de atenção ao vosso copy. O texto, tal como está escrito, faria (ou fará) um sucesso na web. Cheio de palavras chave, tudo o que interessa a quem se interessa: Marcas, twitter, análise… Mas não tem sentido.

 

 

Conhecendo o meu interesse no Google Plus (Google+ ou simplesmente G+ para os amigos), uns dias atrás partilharam comigo (obrigado Sofia) a excelente apresentação da ZenithOptimedia sobre o Google Plus. Vale a pena ver e, cada vez mais me convenço, vale a pena reflectir também sobre o tema.

Mesmo que o mundo (leia-se pelo menos, este mundo que é Portugal) esteja quase convencido que a Internet é o Facebook, ainda há esperança…

Ok. O titulo do vídeo abaixo é um pouco mais longo mas pareceu-me que “O que é o Google+ (Google Plus)?” seria mais que suficiente para dar a ideia…

Bastante claro, divertido quanto baste, o pequeno vídeo da Epipheo Studios é esclarecedor do conceito Google+. Lembrem-se: nem todos são nossos amigos…