Faz hoje  um ano que vos contava aqui sobre o começo da minha grande aventura académica… Bem, não se trata só de uma aventura académica mas sim, de uma grande, uma das maiores, aventuras da minha vida… É claro que nunca me passou pela cabeça que esta coisa de voltar à Universidade aos 35 anos (sim, que então ainda não tinha feito os 36) não fosse ter impacto em tudo o que me rodeia mas, tenho que admitir, não pensei que o impacto fosse tão grande. Adiante.

O regresso à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

A primeira semana já se passou. Entre as praxes do costume (que admito, pelo que vi até não são das piores) e a barulheira tremenda a que as mesmas dão origem, lá conseguiram alguns corajosos professores, dar as aulas aos poucos presentes que lá apareciam (alunos Erasmus na sua grande maioria, ainda que «grande» dificilmente seja o termo mais correcto).

Para muitos dos alunos que como eu, vão agora para o 2º ano, é tempo de ajustes. Há incertezas sobre as opções de especialização a seguir, dentro destas, quais as cadeiras a fazer enfim, é tempo de experimentar. Tenho visto quem pule de Filosofia do Conhecimento para Teoria das Relações Internacionais, de História das Artes não Ocidentais para Metodologia do Trabalho Cientifico e por ai adiante nas conjugações mais bizarras que se possam imaginar. Depois ajustam-se horários, há cadeiras que se sobrepõem. E há ainda os que buscam aquela cadeira, aquela, tem mesmo que ser aquela, que não custa nada e todos passam… Sempre dá uns créditos…

Pois. Mas para a semana que vem, há que atinar de vez. Os semestres agora são de 3 meses e não nos devemos dar ao luxo de os deixar passar sem proveito.

Jornalismo? Cinema e Televisão? Comunicação Estratégica? Cultura e Artes?

Pela minha parte, a coisa está mais que decidida. O percurso a fazer, a opção está escolhida. Para muitos, a menos óbvia. Para quem me conhece, é a que tem sentido (Faz sentido? Tem sentido? Socorro Professor Mourão…).

Fica para depois que agora não tenho tempo…

Acabou o primeiro semestre. Venha de lá o próximo.

Façamos então uma análise até à data, daquela que posso chamar de “A Grande Aventura Universitária“.

Antes de mais, um esclarecimento sobre o nome. Grande Aventura porquê? O que tem de mais andar na universidade? Bem, ainda que o considere um feito em condições normais (18 anos, acabado o ensino secundário) tenho que lhe (me) dar um valor acrescido quando se resolve ingressar no Ensino Superior Público na casa dos 30’s, mais para os 40’s do que para estes, principalmente quando já se conta com um emprego que nos ocupa quase metade do dia (total e não útil) e, de maior peso em qualquer balança, uma família. Banho de modéstia tomado, continuemos então.

FCSH - Faculdade Ciências Sociais e Humanas

Comecemos pelo tema que, na mente de alguns, estabelecerá a bitola pela qual se medirá o sucesso desta aventura: As notas. Semestre terminado, um 17, um 14, um 13 e dois 10. Ou seja, se a mesquinhez for tamanha que só isso interesse, calem-se lá que o resultado é claro. E posso desde já esclarecer que tenciono fazer melhorias de notas…


Um outro tema que gerou alguma animada discussão entre amigos e conhecidos foi a questão da integração. Não pensei que fosse fácil. Ainda assim, sem medos…

Tenho na grande maioria dos casos, mais 18 anos do que os meus colegas de curso. Sou mais velho que alguns dos meus professores. Ainda assim, a resposta à questão da integração, foi logo de inicio dada pelos meus próprios colegas da FCSH, quando me tornaram resultado de um Quiz do Facebook (“Que caloiro da FCSH és tu?“).

É certo que as noitadas no Bairro, as ganzas na esplanada (ouvi dizer ok?) ou manter um perfil no Hi5 não são bem os meus mundos mas, grosso modo, não me lembro de ter estado sentado à mesa com colegas, onde houvesse algum constrangimento ou falta de tema. Com maior ou menor maturidade (convenhamos, há alguns casos gritantes), as conversas acabam sempre em bom porto.

Por ultimo, nesta breve análise, o tema que me foi referido mais vezes: “Mas que raio vais lá tu aprender? E ainda por cima, em Ciências da Comunicação…”. Tanta coisa…

Só como exemplo, encantei-me por Howard Becker e o seu Outsiders e passei a interessar-me, de forma completamente diferente pelo risco, depois de ler o Risk da Deborah Lupton. A cibernética ganhou um novo significado e os robots nunca mais serão os mesmos depois de ler o The Human Use of Human Beings: Cybernetics and Society do Wiener.

Relembrei Umberto Eco, e  entre paixões, descobri uma imagem de Cristo no Blade Runner (e não é como estão a pensar). Passei a ver as fotografias com outros olhos, depois de ler Walter Benjamin e de conhecer a sua aura. Com Foucault passei a pensar na observação atenta ao invés de só observar e com Adriano Rodrigues voltei a lembrar o valor das histórias de vida. Acham pouco para um semestre? E fica tanto por dizer…

Concluindo, a aventura universitária continua. A minha filha diz-me pela manhã “Boa escola…” logo seguido de um “… e bom trabalho.” . Que melhor incentivo posso querer?

E eis que é o dia do regresso ao emprego depois de 3 semanas e 3 dias de férias. E desta feita com um gosto especial pois precisamente estes últimos 3 dias foram os dias de regresso a um mundo de onde já tinha partido há muito: A Universidade.

Já não será novidade para muita gente (coisas do Twitter, do Facebook e até do post anterior a este) mas ainda assim aqui fica: Fui admitido ao ensino superior publico mais precisamente ao curso de Ciências da Comunicação na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Até aqui nada de mais não fosse um pequeno detalhe: O curso em questão é leccionado em horário diurno. Bem, ainda assim nada de mais não fosse o pequeno pormenor de eu trabalhar durante o dia.


Mas que raio de ideia a tua – perguntarão alguns – de te inscreveres num curso diurno. Pois que tinha mesmo que ser. Confesso que quando o fiz nem tampouco imaginava o horário do curso mas tinha uma coisa como certa: O curso que eu queria era o de Ciências da Comunicação e a faculdade onde o queria fazer era a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Nova.

Processos Mais23 e candidaturas à parte, eis que as aulas começaram e os 3 últimos dias serviram essencialmente para conhecer os colegas e o corpo docente assim como para apresentar a uns e outros a minha situação particular. Certo de que não serei o primeiro e certamente também não serei o ultimo mas que diacho, não é uma situação muito comum certo?

Pela faculdade a coisa correu bem. Os professores não levantaram impedimentos, alguns sugeriram estratégias e explicaram até as diferenças relevantes da situação de Trabalhador-Estudante. Quanto aos colegas, ainda que tenha conhecido poucos (a grande maioria estava por lá mas entretidos com a já costumeira e tradicional praxe), depois de uma primeira abordagem em que o fato e gravata e a barba branca davam aso a uma certa distância, lá se revelaram boa gente (espero que eles tenham pensado o mesmo a meu respeito) com quem partilhar os próximos anos por ali…

Hoje é dia de saber como será pelo trabalho. Legalidades à parte, não sendo uma situação comum acredito que não seja fácil de gerir mas ainda assim estou confiante de que se chegará a bom porto.

Certeza tenho uma: Consegui lá entrar e dali só vou sair com o objectivo cumprido ou seja, curso feito.

Esperam-se novidades…