Um destes dias a Patrícia pediu-me que lhe comprasse a revista Visão Júnior. Seguindo a ideia de que coisas para ler nunca são demais, lá lhe fiz a vontade e trouxe para casa o exemplar deste mês, o número 84.

Visão Júnior Elefante

Vista que estava, e lá lida à sua maneira, vai-se deitar e eu, como de costume, acompanho-a para a leitura de mais umas páginas das suas aventuras de vampiros. Ao voltar à sala, está a Susana a ler a Visão Júnior, mais precisamente, a secção de curiosidades do reino animal. Entre outras que me cita eis que vem esta:

Os elefantes dormem apenas duas horas por dia

Ora, a coisa podia ter ficado por ai mas, num toque de graça magistral por tão natural que foi, após um breve silêncio, a Susana levanta os olhos da revista e olhando para mim diz: “Amor, és quase um elefante.”

Sexy… Mas um pai (e um marido) vive para ouvir estas coisas… Lindas…

 

Digam-me que não é só no exemplar da revista Visão que tenho à frente, nº 906, 15 a 21 de Julho de 2010, que isto acontece. Quase quase lá e… Pois.

Há já muito que tenho a nítida impressão de que a revista Visão sofre de um qualquer problema ao qual, não encontrando melhor nome para o definir, chamo de «Quase lá» ou seja, estou a ler um artigo na dita revista, até está a ser interessante, seja pelo tema em questão ou pela forma como está escrito e, eis senão quando, sem qualquer aviso ou indicação, o artigo acaba. Assim. Sem mais nem menos.

Fica qualquer coisa por dizer. Sempre. A ideia com que fico é a de que, para ter a noticia por completo, terei que ver o jornal da noite na SIC e depois, finalizar a história na edição de Sábado do Expresso… Posso estar enganado…

Ora bem, na referida edição da Visão, na página122, começa um artigo intitulado «A morte e a donzela» sobre o mais recente filme de Roman Polanski. Na página 123 temos publicidade e o texto continua na página 124. E termina assim:

«Sempre com uma voracidade perfeccionista, sempre a recusar-se a olhar para trás, com fez nos Alpes, sobre esquis. A tentar não se deixar importunar por espetros do passado. Não se percebe porque o fez parar, então, este»

Tal e qual. Assim. sem mais nem menos. Não se percebe porque o fez parar, então, este, sei lá, editor? Gajo que faz a revisão aos textos? O que quer que seja?

Ficamos a saber, pela edição online da Visão, que a frase talvez acabasse com as palavras «fantasma vindo do presente». Infelizmente, nem assim podemos ter a certeza pois, ainda que parecido, o texto online não é bem igual ao texto da edição em papel. Só referindo o atrás citado trecho:

«Sempre com uma voracidade perfeccionista, sempre a recusar-se a olhar para trás, como fez nos Alpes, no ski. A tentar não se deixar importunar por espetros do passado. Não se percebe então porque o fez parar então este fantasma vindo do presente.»

Palavrinhas a mais, virgulas a menos… Enfim.

Eu sei que não sou a pessoa indicada para falar sobre virgulas, acentos e outras coisas que tais mas, que diacho, eu não sou a Visão certo?

A minha expressão ao chegar ao fim do artigo que tão interessante estava a achar (os meus parabéns à autora, Ana Margarida de Carvalho) foi: «Levaram à letra aquilo de estar quase lá e deixar a coisa a meio.».