A pergunta apanhou-me de surpresa, a meio do almoço. “Pai, o que é a melancolia?”. Talvez não fosse para me surpreender. Na noite anterior ofereci à Patrícia A Morte Melancólica do Rapaz Ostra e Outras Histórias. Foi ela que pediu.
Sobre o livro do Tim Burton escreverei mais tarde, quando eu próprio o tiver lido com a atenção devida. Hoje o tema é mesmo a melancolia e a minha tentativa de abordagem simplista à mesma.
– Pai, o que é a melancolia?
– É assim um tipo de tristeza, sem razão particular, sem uma causa aparente. Talvez nem seja bem tristeza. Uma insatisfação, um desejo de algo mais ainda que não se perceba o quê…
– Isso sou eu…
– O quê filha?
– Nada pai.
– Diz lá filha, a sério, não percebi…
– Isso sou eu pai. A melancolia…
As lágrimas não me vieram aos olhos no minuto pois sabia que teria muito que explicar mas sim, foi um daqueles momentos em que pensei se seria o caminho certo aquele que levamos… Foi só um minuto. O sorriso da miúda lembrou-me de mim, das viagens infindáveis no banco de trás, do quarto cheio de livros, da televisão que via deitado no chão e do quanto tudo isso me ajuda a ser quem sou. Assim como o conhecimento da melancolia a ajudará a ser a pessoa fantástica que sempre será.
Nível de lamechice: Astronómico. Mas que se lixe. As verdades são para ser ditas e se não as posso dizer aqui onde as direi?
Priceless!