E o final de “Os Sopranos” é simplesmente o melhor que podia haver. Sim, gritei, esperneei, praguejei. Queria mais. Não se faz. Não se acaba assim a obra prima televisiva que é “Os Sopranos”. E depois, tal como a série, encontrei descanso (tal como a série) na consolação do saber de que foi assim porque tinha que ser. É o Eterno Retorno mais uma vez.

Atenção, este texto poderá conter “spoilers“. Ainda assim, e respeitosamente, quem não queira saber antecipadamente não leia. Eu tenho que o escrever.

Sopranos - Made in America - Ultimo Episodio

Passaram já anos desde que este episódio foi transmitido na televisão. Como em muitas coisas na vida (na minha vida pelo menos) tinha que haver uma razão para não o ter visto então. Agora veio na altura certa. A filosofia bate-nos à porta volta e não volta… Adiante.

É certo que nem toda a gente gosta de “Os Sopranos”.

Talvez seja preciso ver o Mundo de uma forma mais negra, de uma forma mais humana no sentido em que o Homem é o que é, por mais regras de moral que lhe imponham ou diga ter. Mas não é sobre “Os Sopranos” que aqui quero escrever. O que aqui me traz hoje é “Made in America“, o 86º e ultimo episódio desta série televisiva que marcará para sempre a historia da televisão.

Tornando curto o que pareceu muito mais longo do que realmente foi (e não, ninguém se queixou), o Tony Soprano visitou o tio Júnior, o AJ Soprano parece estar melhor com ele e com o Mundo, a Meadow finalmente acerta com o que quer da vida e lá estaciona o carro e a Carmela… Bem, a Carmela é ela mesma. Como sempre e só isso já deveria chegar para nos dar uma ideia do que estava para vir. E até o Agente Harris fica contente com a sua vingança feita pela mão pesada da Família DiMeo.

Este “Made in America” podia perfeitamente ser chamado de “American dream“.

Ainda assim, todos nós sabemos que o “American dream” não está livre da consciência. Ou pelo sangue derramado, pelas mulheres traídas, pelas porradas nos filhos… Temos ali um gato, a olhar para a fotografia do Christopher e que, mesmo enxotado para longe, repetidamente pelo Paulie Gualtieri (tal qual ultimo dos Moicanos, acaba como começa, lado a lado com o Chefe, os únicos que ainda se podem gabar de viver a velha guarda), volta sempre, a olhar para a fotografia… Não é fácil limpar a consciência. Mesmo para os (poucos) que o querem fazer…

Este sonho, feito na América, tem muito que ver com a família e a família, com a mãe… Janice é já Livia de quem fugiu. Até o tio Junior que pouco vê o viu e quando chamou Janice ao ver a foto da neta-sobrinha Nica, a mãe desta terá certamente pensado quanto tempo faltaria ainda para que a história se repetisse e Nica se tornasse assim a rebelde que ela foi um dia.

Até o grilo falante se foi, ainda que vivo, deixou de falar, o pouco, o acertado. Há quem diga que está em paz. Tony parece pensar assim quando se senta junto a Sil em coma, como quem visita um amigo só porque sim, porque a sua presença lhe faz bem.

Toda a gente percebe que estamos nos últimos minutos da série.

Não há margem para dúvidas. A musica começa a tocar. Normalmente, no fim dos anteriores 85 episódios, mais ou menos dramáticos, tivemos alguns segundos, vá lá, um minuto de musica a acompanhar a entrada para o genérico final.

Em “Made in America” esperamos calmamente por isso, que a tensão se acalme e a musica nos leve ao comando para o Stop final. Podia ser? Não. O Eterno Retorno está aqui mais uma vez. À medida que “Don’t Stop Believing” toca, quem vê a cena da família que se reúne ali, num tasco, que espera a batata frita, que tenta sem sorte estacionar correctamente, sente em crescendo que afinal, esta cena é mais do mesmo. A musica prolonga-se por um, dois, três minutos. A tensão aumenta em vez de diminuir. Caras entram, olhares que matam mesmo sendo dos mais simples, dos mais comuns que possam existir… Ou não matam afinal. Quatro minutos, cinco… “Oh, the movie never ends. It goes on and on and on and on …

Oito anos. Ou quase três meses. Todos os dias, noites, janela adentro…

Ali, em dez segundos de escuridão, sem som, antes dos créditos finais passarem pela ultima vez. Dez malditos segundos que me levantaram do sofá, que me fizeram desesperadamente procurar o comando e tentar perceber em que raio de botão teria eu carregado… Que raio. Só nós filmes…

Não. Não é bem assim. Não é só nos filmes. Na vida real também não se ouve a musica em background, também não desaparecem os protagonistas num fade… O que aconteceu? O de sempre. Mais uma mentira para eu, espectador, atento, membro da família, aceitar. É essa a regra para continuar vivo. Aceitar que amanhã há mais do mesmo. Foi assim desde o inicio. Tony para se justificar, Carmela para se manter, AJ para crescer, Meadow para se encontrar… Todos. E quem não aceita, morre.

Os que não morrem são os Tony’s, iguais a tantos nós, que acreditamos em sonhos do tipo “Made in America”.

Deve haver poucas coisas iguais… Noite, copos a mais. Lisboa e as suas luzes…

Apanhar um taxi e dizer: “Leve-me a casa”.

A janela meio aberta e o vento bate forte… “Não se importa que eu ponha musica não?”. Claro que não. Aliás, ajuda de certeza.

Nem por isso… Os rádios dos táxis tendem a acertar.

Haverá certamente coisas melhores. Muitas. Coisas piores algumas também. Coisas iguais? Pois que não sei….

Convenhamos, podia estar a chover e ai a coisa era diferente…

Certo. Já está escrito em todo o lado. Já toda a gente sabe mas aparentemente, e acreditem que sei do que vos escrevo, não é demais escrever novamente: A gripe H1N1 transmite-se de pessoa para pessoa.

Se vos disserem o contrário, respeitosamente refiram as mais variadas fontes que confirmam: A gripe h1n1 transmite-se de pessoa para pessoa. Se não puder ser assim tão respeitosamente então que não seja mas não deixem que informações perigosas como essa sejam propagadas pela população em geral. Ainda que seja papel do Estado informar o cidadão sobre este tipo de ameaças publicas é um dever de cada um de nós evitar que informações erradas que podem representar um perigo para a saúde publica sejam transmitidas.

O Portal da Saúde do Ministério da Saúde de Portugal, directamente referenciado pelo site da Organização Mundial de Saúde informa:

Como se infectam as pessoas com o novo vírus da Gripe A(H1N1)v?

O modo de transmissão do novo vírus da Gripe A(H1N1)v é idêntico ao da gripe sazonal. O vírus transmite-se de pessoa para pessoa através de gotículas libertadas quando uma pessoa fala, tosse ou espirra. Os contactos mais próximos (a menos de 1 metro) com uma pessoa infectada podem representar, por isso, uma situação de risco. O contágio pode também verificar-se indirectamente quando há contacto com gotículas ou outras secreções do nariz e da garganta de uma pessoa infectada – por exemplo, através do contacto com maçanetas das portas, superfícies de utilização pública, etc. Os estudos demonstram que o vírus da gripe pode sobreviver durante várias horas nas superfícies e, por isso, é importante mantê-las limpas, utilizando os produtos domésticos habituais de limpeza e desinfecção.

Ainda que na sua fase 1 não houvesse evidências de que o vírus da gripe H1N1 se transmitiria entre humanos, desde o seu segundo estágio que tal se comprovou e não devemos esquecer que a Organização Mundial de Saúde já declarou oficialmente a entrada na fase 6, a mais avançada. Veja aqui o documento onde se descrevem os vários estágios ou fases da gripe H1N1.

Não há falta de informação mas como bem sabemos, há muitas razões que podem levar à manipulação da mesma e num caso como este, falamos da escala global, não será de todo mal pensado escutar as autoridades mundiais principalmente tendo em conta que estas se encontram em concordância sobre o tema.

Detalhe poster h1n1 organizacao mundial saude

Foi-me dito directamente, por um médico em quem confio plenamente (diacho, confio nas mãos dele a saúde da minha filha) que qualquer médico em seu perfeito juízo não poderá afirmar o contrário: A gripe H1N1 transmite-se de pessoa a pessoa.

Não se trata de gerar o pânico muito pelo contrário. Uma população bem informada poderá muito mais facilmente lidar com a situação, utilizando os meios disponibilizados para o efeito, não recorrendo fisicamente e ao mais pequeno sinal de alarme às urgências dos hospitais, não esgotando o suprimento de anti-gripais das farmácias da vizinhança. Trata-se de ser responsável.

Linhas cruzadas, cruzamentos… Podiam ser tijolos, dourados. Podia ser que se os seguisse, lá ao fundo, estivesse o feiticeiro ou quem sabe, Elphaba a bruxa, verde, que afinal não era assim tão má… Podia ser.

Afinal, foi (deverei lamentar-me por isso?) só mais uma deambulação pelas madrugadas desta cidade que adoro mas de que aos poucos anseio ter saudade…

Linhas Cruzadas, Madrugadas, Oz

p.s. O original desta fotografia pode ser visto em grande no Flickr

Sim, a musica dos Stranglers chama-se Golden Brown e há altura foi polémica o suficiente mas o titulo deste artigo, ainda que tendo visto a sua criação ser acompanhada mentalmente pela voz de Hugh Cornwell, está efectivamente mais relacionado com a fotografia abaixo e para ser mais correcto seria Gold and Brown mas enfim, o efeito não seria o mesmo…

Golden Brown by Pedro Rebelo

A fotografia foi tirada na madrugada do dia 21 de Junho (Sábado para Domingo passado) frente ao Arco da Rua Augusta em Lisboa. Na altura afinavam-se máquinas, tripés e lentes para a hora que se aproximava onde 9 marmanjos andariam por aquelas bandas em busca da sombra certa ou da luz mais desgarrada para o #4amProject (podem ver aqui todas as minhas contribuições).

A coisa acabou por não me correr assim tão bem (e já ouvi mais quem se queixasse do mesmo) mas e então? Entre amigos, boa gente, risos e piadas parvas, Pez dispensers e garrafas de ginja alemã… Quase a nascer o Sol ali para os lados do rio e há ainda quem quase deitado, mesmo no meio da estrada, insista no brilho perfeito…

Esse fica para mais tarde. Por hoje fica esta, a Golden Brown

p.s. Podem ouvir a musica e ver o videoclip original de Golden Brown aqui no Youtube.