Há para ai quem diga que de Espanha nem bom vento nem bom casamento… Ora bem, que venha então bom cinema de terror.

Dicatdo de António Chavarrías conta-nos a estória de um casal que resolve tomar a seu cargo uma jovem, filha de uma amigo que se tinha divorciado. A coisa parece levar-se, a jovem até vai ganhando boas cores mas, há qualquer um “je ne sais quoi” na pequena Joana que relembra Daniel de algo que no seu passado, pensava ele, tinha ficado enterrado.

Este é o filme que abre a 3ª Mostra de Cinema Fantástico promovida pelo Syfy Channel a decorrer entre hoje e Domingo no Cinema São Jorge em Lisboa.

Fica a nota que os apreciadores do género poderão ainda contar com vampiros em Stake Land, lobisomens em Lobos de Arga, cenas apocalípticas em Hell e fenómenos paranormais em The Innkeepers e Atrocious.

É verdade. Os Nazis estão de volta. E que melhor sitio para aparecerem (reaparecerem) do que Berlim? Será já no próximo dia 11 de Fevereiro que se apresenta no Festival Internacional de Cinema de Berlim, Berlinale, o filme Iron Sky, do realizador finlandês Timo Vuorensola.

A premissa: No final da Segunda Guerra Mundial, alguns cientistas Nazis conseguiram alcançar grandes avanços nas tecnologias anti-gravitacionais. A partir de uma base secreta na Antárctida lançaram uma nave que alcançou o lado negro da Lua onde desde então até ao ano de 2018, os cientistas e os seus descendentes estiveram a desenvolver uma frota espacial para voltar à Terra. E eles vão voltar!

Quão louco pode ser? Muito. De certeza.

Com vocês, Iron Sky Official Theatrical Trailer:

A frase «The World is sick. And we are the doctors!» é de uma genialidade brutal. Fica ainda um outro video, com o anuncio da apresentação do filme ao Mundo.

Efectivamente, parece-me que será mesmo isso. Poderia ter outro qualquer titulo. Posso eu estar muito enganado mas, de momento, é o que me parece ter sentido: Lana Del Rey. Born to Die.

Lana Del Rey by Chuck Grant Lana del Rey por Chuck Grant.

Conheci Lana Del Dey (a sua musica entenda-se) há uns tempos atrás, através de uma amiga dada a essas coisas da Filosofia e da alma e que, além de tudo o resto tem também um fantástico bom gosto musical. Como é seu costume, DJ Lady Bug enviou-me um tweet escrevendo algo do género «Ouve lá isto». Eu ouvi e o «isto» era o Video Games. Na altura ainda não se falava de Lana Del Rey, nem contra nem a favor… Ainda mal o mundo reparara nos lábios da jovem…

Gostei. Como não gostar? A musica corria em fundo (sim, que no trabalho, trabalha-se) e dava uma olhada de quando em quando ao videoclip (posso escrever teledisco?). é certo que à segunda já não fui capaz de ver o teledisco aos bocadinhos. Aquilo é para ser visto de fio a pavio. Indie? Tenho duvidas.

Perguntei à Susana se conhecia. Ela ouve muito mais musica nova do que eu. Nada. Lana Del Rey, ilustre desconhecida.

De repente a bolha estoura. Não se fala noutra coisa. A miúda é fantástica. «gangsta Nancy Sinatra» escrevem. Lana Del Rey vai ao Saturday Night Live e tem aquela que é imediatamente intitulada de «a pior performance de sempre no palco do SNL». Segue-se outra entrevista em que sai a meio perante uma pergunta difícil (eventualmente embaraçosa). A trama adensa-se. A opacificação da personagem é condição sine qua non para a imagem de femme fatale. Femme fatale do século XXI note-se. Bem mais nova, bem mais ingénua ou melhor, aparentando maior ingenuidade…

O tão esperado CD chega ao mercado. Born to Die. Há por ai quem diga (leia-se quase tudo quanto é critico) que é mesmo essa a intenção. Nascer para morrer. Produto quase instantâneo, de duração muito inferior a qualquer pudim Mandarim. Nascer para morrer. Passar ao lado do campo da memória, enchendo os bolsos a uns quantos. Há por ai quem diga que é mesmo essa a intenção.

Chega outro teledisco: Born to Die. E pronto. Estoura a bolha outra vez. Desta feita, a minha e não a dos críticos. Se Video Games já me cheirava a Lynch (fui de Blue Velvet a Twin Peaks, passando pela casa de partida e recordando Julee Cruise como bónus), Born to Die veio lembrar-me de que a humanidade se encontra num movimento cíclico e que o perímetro do mesmo é cada vez mais pequeno. Lynch all over again, que por sua vez foi a Oz (e talvez nunca mais tenha voltado, enviando de lá a uma série de duendes, ou anões, instruções para continuar a sua obra) e nunca deixou de piscar o olho a Dali.

Em Born to Die Lana diz-nos a certa altura que «Sometimes love is not enough». Ela está certa. Este disco precisa de um pouco mais. Só amor não chega. Diz-nos que «The road is long». E pronto. Chegámos. A estrada. Lana Del Rey não é uma Laura Dern e na estrada de Born to Die faltam os tijolos dourados que Lynch lá deixou…

«Come and take a walk on the wild side» parece ser um convite a recusar quando nos é feito tão além. Ninguém refere o «Wild Side» sem um sorriso, nem que matreiro, nos lábios. Ou até um sorriso à Joker. Tem lábios para isso a miúda.

Até os tigres lá estão. Num sonho em que a abelha, abandonando a romã, talvez tenha picado a jovem Lana levando esta a decidir manter uma pose de quem não acordou. Se não acordou é porque a abelha não lhe picou e os tigres podem continuar ali, mesmo ao lado, quase a dormir, com ela. Só Lynch levaria os tigres do Dali a dar tal reviravolta.

«Don’t make me sad, don’t make me cry» diz ela com uma voz entre o cigarro e o caramelo. «Let’s go get high». Já tínhamos percebido.

p.s. E nem vamos falar de Blue Jeans onde a coisa vai mais pela onda do «I will love you till the end of time/ I would wait a million years»…

Pronto. Está dito. Fosse eu um rapaz com juízo e começaria uma petição online intitulada:

“Queremos uma vaga para o Pedro Rebelo na cadeira Literatura e Cinema: Literatura Britânica e Norte-Americana no Ecrã da FCSH”

Que mais não fosse seria porque, uma cadeira que tem na sua bibliografia e filmografia obrigatória o Do Androids Dream of Electric Sheeps e o Blade Runner é uma cadeira que eu tenho mesmo que fazer…

Certo, está bem. Também lá está o Sense and Sensibility mas, vejam: The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde e The Great Gatsby… Diacho. O que há para não gostar?

Não sei se já referi mas, lembro-me agora… Blade Runner? A sério?

Eu sei, eu sei… Devia ter feito a inscrição na cadeira atempadamente. Por isso, e como referência a outra grande obra que podia perfeitamente ser incluída no programa (só não é certamente porque se trata de literatura Italiana), penitenziagite

A sério… Tratasse-se de um livro de Asterix e garanto-vos que estaria agora a prometer levar meias lajes daqui a Roma ou a suplicar bastonadas mesmo sem ter deixado cair o meu pedacinho de pão no tacho do queijo…

Era uma petição bonita não? Capaz de recolher umas quantas assinaturas… E depois, logo de seguida, fazia outra para que a cadeira mudasse de sala, porque aquela onde é leccionada actualmente, convenhamos, não leva mais gente… Nem em pé…

Literatura e cinema

Vibrador. A palavra ainda hoje faz virar cabeças, desvia olhares e, frequentemente, é motivo de alguma estranha reprovação. Talvez agora deixe de ser.

Muitos talvez não saibam mas os vibradores já por cá andam desde o século XIX (e na altura, como quase tudo então, funcionavam a vapor) e não se prevê que desapareçam tão cedo… Ok, desviem essas mentes pecaminosas desta ultima observação…

Pois é precisamente da invenção dos vibradores, da “necessidade” que a sociedade tinha, para a “cura” da histeria feminina, que nos fala Hysteria, uma comédia a estrear no TIFF (Toronto International Film Festival).

Preparem-se para pérolas como “Não há mãos suficientes para fazer este trabalho” , “Prazer, não tem nada a ver com isto, posso assegurar” ou ainda espanadores eléctricos que só por si fazem a festa… Obviamente, gemidos e senhoras de pernas abertas também não faltam mas sempre com a maior da decência…

Por enquanto, fica o trailer e a esperança de que o filme não demore a chegar por cá.

Nota de rodapé: A minha colega da frente, Georgia Zavorgianou, a grega para os amigos, acabou de me chamar ingrato porque não escrevi aqui sobre quem me mostrou este video. Pronto. Redimi-me. Foi ela.