Vordak, O incompreensível

Porque há que estabelecer objectivos para a vida desde muito cedo…

Vende-se a versão original de Vordak the Incomprehensible: How to Grow Up and Rule the World na Amazon.

Está igualmente disponível o site de Vordak para quem o quiser conhecer melhor.

Entre fantásticos livros de piratas e relatórios da McKinsey, episódios duplos de Sherlock Holmes com o Jeremy Brett e noitadas de “The L Word” (porque raio insistem em contar as histórias das amigas lésbicas em dose dupla e quase de madrugada? Qual será a ideia?

  1. Para que as adolescentes de orientação sexual ainda por definir, ou bem definida, sem preocupações de maior relativas a horários da manhã seguinte possam ver a série sem interrupções de mães e pais incompreensivos?
  2. Para que jovens adultas de paixões assumidas se entreguem a histórias de sonho até altas horas e na manhã seguinte se sintam cansadas pela escolha que fizeram?
  3. Ou pura e simplesmente para lixar a cabeça a gajos como eu que gostam de ver séries de televisão?)

só o sono está em falta. Bem, não é a falta de sono mas sim a falta de dormir.

A pele já caiu (tal foi o escaldão) mas já ganhou cor novamente. O mar continua um espectáculo. Muito calmo, muito limpo, quente quanto baste. Mas garantidamente, tal como ler um livro, dormir uns minutos na praia é algo muito difícil de conseguir com uma criança de 4 anos.

Adiante. Normalmente não assisto aos telejornais dos canais generalistas portugueses. Não tenho paciência. Para apanhar uma noticia boa e realmente interessante (e não me venham com conversas de que o que não é interessante para uns é para outros que eu até sou capaz de aturar as noticias do futebol) é preciso passar por mil e uma histórias daquelas que nem ao menino Jesus lembra.

Quando estou de férias não tenho acesso à miríade de canais televisivos que tenho em casa e como tal, lá tenho que ver o que há mas mesmo assim, tento passar ao lado das mil e uma desgraças (o pais, entenda-se) que me mostram. Atenção: Não digo que não se noticie. Pelo contrário. O pais tem o direito de saber a vergonha em que se encontra (e sim, falo principalmente da segurança). Mas confesso que em férias tendo a esquecer (ou pelo menos tentar) todos os assaltos e mortes que por ai há.

É difícil quando ao fim de um dia de praia, quando nos metemos no carro para ir ao supermercado, a primeira noticia da radio é sobre um homem que, aqui perto, foi alvejado a tiro, dentro da esquadra da policia, quando apresentava uma queixa sobre alguém. E foi esse mesmo alguém que o alvejou.

Ainda a recompor o cérebro de tal visão (Tarantino, se algum dia leres isto toma nota que em Portugal crimes dentro das esquadras não são assim tão invulgares), levanto os olhos e logo ali, no cruzamento, o que parecia ser uma operação STOP não era. Os militares da GNR aparentemente já tinham parado quem queriam e guardavam-nos à beira da estrada de metralhadora em riste como quem dizia “se te mexes espeto-te um balázio…”.

Mas haverá alguma campanha de imagem capaz de pôr isto no lugar? É bom que apareça ai algum escândalo daqueles mesmo a sério ou o nosso Governo arrisca-se a ficar muito mal visto e quem sabe, descer nas sondagens… Ahhh… Pois. Portugal. Pois. Não.

Não se arrisca a nada porque maus são sempre os outros e quando chegar a hora será dos Magalhães e dos menos chumbos (Pudera. Os professores vêm-se gregos para reprovar um aluno por mais que este o mereça e para além disso já sabem que, se pensarem nisso o mais provável é apanharem uma carga de porrada se não dos pais, da própria criancinha que pensaram em chumbar) que toda a gente se irá lembrar…

Acho que vou voltar para a praia agora…