Comentava alguém no Facebook e passo a citar:

…para todos os efeitos, no quadro da legislação nacional, o acto de estudar é considerado trabalho, sendo o estudante um trabalhador passivo.

Admito que não conheço tudo quanto é lei e como tal, se me puderem elucidar sobre o tema agradecia.

Pelo Código de Trabalho, o estudante é reconhecido no Capitulo I, Secção II, Subsecção VIII, artº 79 e seguintes mas enquanto trabalhador-estudante, figura bem definida e que, só por si, faz bem a distinção entre estudante e aquele que trabalha ao definir o estatuto de trabalhador-estudante diferenciando-o do estudante certo?

Imagino ainda algumas contrariedades provenientes da teoria (a ser somente uma teoria) do estudante ser um trabalhador. A ver: Lembro-me de estudar para o exame da 4ª classe (sim, eu fiz exame da 4ª classe). Teria o quê? 10 anos? Bem, era estudante. Não muito. Preferia ler banda desenhada e apanhei uns valentes acoites por causa disso mas, para os devidos efeitos, era estudante. Será exploração infantil aquilo que os pais fazem quando nos obrigam a estudar? Estará o Estado a incorrer em crime quando eleva a escolaridade obrigatória aos 16 anos? Uma vez que não vale a pena andar na escola se não se estudar (logo, se não se for estudante) e, ao mesmo tempo, não se pode trabalhar antes dos 16. É proibido por lei sabiam? Logo, se um estudante é um trabalhador… Bem, fico à espera que me elucidem sobre o assunto.

Eu não fiz greve. Ao chegar aos portões da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e já depois de ter estado por duas horas no meu trabalho, fui impedido de entrar pela porta principal. Tudo bem. Ao que me parece, não o poderiam fazer mas, não estamos aqui para chatear ninguém. Sem problema, viro costas e sigo para a entrada alternativa… Como não podia deixar de ser, alguém do “piquete” tinha que fazer um comentário jocoso… Podia ser só o que foi depois, um «podias ser solidário» mas não. Primeiro teve que vir o «és fraco».

Pois que não entendo. Onde é que está a fraqueza? Em não me assustar com um grupo de indivíduos com cara de poucos amigos (vá lá, alguns tinham acabado de acordar e outros talvez já estivessem de “piquete” desde manhã cedo. Entende-se.) que barravam a porta do estabelecimento de ensino onde queria entrar? Ou talvez a fraqueza estivesse em querer aproveitar, dar bom uso, ao dinheiro que pago anualmente para poder frequentar o tal estabelecimento de ensino. Pois… Homem que é homem borrifa-se nessas coisas… «Ah e tal, pagas e ainda vais pagar mais…». Pois. E por isso, o melhor que posso fazer é mesmo não ir às aulas (que paguei e pelas quais ainda vou pagar mais) e ficar à porta a tocar tambor…

Quando comecei a frequentar a FCSH, várias vezes ouvi «fascista», «capitalista» e coisas do género. Vantagens de entrar na cantina de fato e gravata. Um ano depois, aqueles que tinham interesse em conhecer-me, em saber porque raio ando eu de fato e gravata, já conhecem, já sabem. Muitos já sabem até quais os meus pontos de vista sobre a politica, a economia, a educação, a cultura, enfim, sobre a sociedade em geral. Já não ouço as tais palavras d’ordem (que valem pelo que valem, no fogo do momento).

Foi engraçado ouvir hoje alguém chamar-me «fura-greves». Principalmente porque ao que me pareceu, quem me chamou «fura-greves» mal tinha nascido quando eu fiz greve pela primeira vez. Dá-se o caso, curioso, de que quando nessa altura fiz greve, até já usava fato e gravata mas lembro-me como se fosse hoje, que nunca desrespeitei o direito de quem não a queria fazer. Aliás, haverá certamente muito boa gente, que concordando com a greve, quer gozar esse mesmo direito e não a faz.

O mais grave foi saber que houve alunos (e eventualmente professores) a quem foi dito à entrada da FCSH, que não havia aulas. Era mentira. E isso, é desrespeito.

Podem vir com mil e uma análises sobre Lady Gaga e sobre a musica que ela nos propõe. Há quem goste, há quem deteste e certamente haverá quem lhe fique indiferente mas, acredito que sejam poucos…

Como diz o Professor Jacinto Godinho, vale sempre a pena analisar um pouco mais a fundo, mesmo aquilo de que não se gosta. Nota de que não faço aqui juizos de valor sobre Lady Gaga ou sobre a sua musica.

A opinião que tenho sobre Lady Gaga, é por enquanto, reservada a mim mesmo.

Ainda assim, e analisando o videoclip de Paparazzi, entre mil e uma referências visuais, de Fritz Lang a Paris Hilton, há uma que me despertou particular atenção e, sobre a qual ainda não vi uma palavra escrita. Eventualmente, estarei a ver coisas onde elas não existem mas… E Lady Gaga como Pris, a replicante namorada de Roy Batty em Blade Runner?

Lady Gaga inpired by Pris?

Pris era um «pleasure model» certo? Criada para o entertenimento e prazer dos outros mas no entanto, era também uma manipuladora de homens com os seus encantos.

Vejam o videoclip e digam de vossa justiça.

Estávamos em 1991. Sim, alguns de vós, meus colegas de faculdade que por aqui passam, ainda não tinham nascido. Como escrevia, estávamos em 1991 quando me cruzei com Heidegger pela primeira vez. Entra pela sala de aula adentro (com óbvia permissão da Sra. Professora Isabel Freitas pois seria impensável alguém entrar numa sala de aula dela sem a sua permissão) uma criatura, que não me lembrando do nome, me causou uma daquelas sensações de estranheza inexplicáveis.

O jovem aluno de Filosofia que nos vinha falar de Heidegger carregava o semblante amorfo de alguém a quem as drogas tinham claramente causado algum dano psicológico.

Não as drogas que ele tivesse experimentado – não precisava, era aluno de Filosofia – mas sim as que os pais ou talvez até os avós, tinham certamente consumido em excesso. Foi o que pensei… E ainda ele não tinha começado a falar…

O tema que na altura nos ocupou as horas seguintes foi a Desilusão de Heidegger. Lembro-me como se fosse hoje, a forma como nos foi explicado que a desilusão seria uma coisa boa, seria, ao contrário do que o senso comum e a aculturação nos ensina, o fim da ilusão, logo, o encontro da verdade, logo uma coisa boa. Conseguem certamente imaginar, não só a boa impressão com que fiquei de Heidegger, mas também, a quantidade de vezes que nos últimos 20 anos usei esta referência…

Eis que chega 2010. Chega também Arte e Comunicação, uma cadeira da opção de Comunicação Cultura e Artes do curso de Ciências da Comunicação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Dizem que quem corre por gosto não cansa. Há ditados parvos, parvos, parvos.. Chega Heidegger e «The Question Concerning Technology».

A prata é aquilo de que é feito um cálice de prata. Enquanto uma matéria determinada, a prata responde pelo cálice. Este deve à prata aquilo de que consta e é feito. O utensílio sacrificial não se deve, porém, apenas à prata. No cálice, o que se deve à prata aparece na figura de cálice e não de um broche ou anel. O utensílio do sacrifício deve também o que é ao perfil de cálice. Tanto a prata, em que entra o perfil do cálice, como o perfil, em que a prata aparece, respondem, cada uma, a seu modo, pelo utensílio do sacrifício.

Temo agora, e eu não sou de grandes temores (ainda hoje não estou certo de que o ser humano seja na sua essência uma criatura de bem), que alguém ao olhar para mim, ponha em causa a sobriedade dos meus pais ou avós. Fica a declaração de que, tanto quanto sei, não eram dados a cenas ilegais e nunca participaram em testes para farmacêuticas…

Faz hoje  um ano que vos contava aqui sobre o começo da minha grande aventura académica… Bem, não se trata só de uma aventura académica mas sim, de uma grande, uma das maiores, aventuras da minha vida… É claro que nunca me passou pela cabeça que esta coisa de voltar à Universidade aos 35 anos (sim, que então ainda não tinha feito os 36) não fosse ter impacto em tudo o que me rodeia mas, tenho que admitir, não pensei que o impacto fosse tão grande. Adiante.

O regresso à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

A primeira semana já se passou. Entre as praxes do costume (que admito, pelo que vi até não são das piores) e a barulheira tremenda a que as mesmas dão origem, lá conseguiram alguns corajosos professores, dar as aulas aos poucos presentes que lá apareciam (alunos Erasmus na sua grande maioria, ainda que «grande» dificilmente seja o termo mais correcto).

Para muitos dos alunos que como eu, vão agora para o 2º ano, é tempo de ajustes. Há incertezas sobre as opções de especialização a seguir, dentro destas, quais as cadeiras a fazer enfim, é tempo de experimentar. Tenho visto quem pule de Filosofia do Conhecimento para Teoria das Relações Internacionais, de História das Artes não Ocidentais para Metodologia do Trabalho Cientifico e por ai adiante nas conjugações mais bizarras que se possam imaginar. Depois ajustam-se horários, há cadeiras que se sobrepõem. E há ainda os que buscam aquela cadeira, aquela, tem mesmo que ser aquela, que não custa nada e todos passam… Sempre dá uns créditos…

Pois. Mas para a semana que vem, há que atinar de vez. Os semestres agora são de 3 meses e não nos devemos dar ao luxo de os deixar passar sem proveito.

Jornalismo? Cinema e Televisão? Comunicação Estratégica? Cultura e Artes?

Pela minha parte, a coisa está mais que decidida. O percurso a fazer, a opção está escolhida. Para muitos, a menos óbvia. Para quem me conhece, é a que tem sentido (Faz sentido? Tem sentido? Socorro Professor Mourão…).

Fica para depois que agora não tenho tempo…

Serve este só para vos dizer, que este homem era um senhor… E para quem gosta de fotografia, deve ser quase indispensável. Há que ler Walter Benjamin, e depois, concordar ou não. Mas há que o ler…

A Modernidade - Walter Benjamin

A Modernidade, Obras escolhidas de Walter Benjamin com edição e tradução de João Barreto, pela Assírio & Alvim.

Nota: A ler com atenção a “Pequena história da fotografia”.