Os medos são necessários. Há poucos dias atrás encontrei-me a explicar isto à filha de um grande amigo meu. Os medos são necessários.
É necessário que os tenhamos, de forma a que possamos aprender a conviver com eles, a superar os que devem ser superados, a respeitar os medos que devem ser superados.
Depois há os medos irracionais. E esses são, essencialmente, irracionais. Sem razão.
Ter medo do escuro, a nictofobia, só por si, é algo de irracional. Se existir uma razão para isso, então sim, terá sentido. Quando se diz às crianças que no escuro se esconde o papão, que nos escuro vivem as bruxas e os demónios, pudera, é natural que as crianças tenham medo do escuro… As crianças e não só.
Mas nestes casos, bem vistas as coisas, o medo não é do escuro mas sim das outras coisas que estupidamente se associam a este.
Como o medo do escuro, existe um sem numero de outros medos, irracionais, que atormentam as pessoas, muitas vezes desde a mais tenra idade e muitas vezes, ao longo de toda a vida.
Quando temos consciência dos mesmos podemos, digo eu que não sou psicólogo, tentar fazer algo para ultrapassar esses medos. Em criança, o confronto directo com as realidades que nos aterrorizam talvez não seja a melhor opção. Talvez faltem estruturas emocionais para amparar as emoções… Talvez, não sei.
Já em adulto, bem, se feito em consciência, não tenho nada a apontar. De peito aberto, inspira, diz lá o que te mede medo.
Os Teletubbies. Os Teletubbies metem medo.
Há já uns anos apresentei estas tenebrosas criaturas à minha filha de forma a que ela não fosse apanhada de supresa. Antes de lhas mostrar disse-lhe a minha opinião sobre elas e a relação de distância que assumidamente com elas quero manter.
A Patrícia sorriu, riu e depois, ao ver os Teletubbies, voltou a rir dizendo que era uma parvoíce, que os Teletubbies não faziam mal a ninguém.
Agora, finalmente, alguém viu o mesmo que eu, alguém percebeu e entendeu o medo que se esconde por trás daquelas criaturas que dão pelos nomes de Tinky-Winky, Dipsy, Laa-Laa e Po (que raio, até os nomes nos fazem tremer).
Obrigado Christopher G. Brown por o teres mostrado ao mundo neste video incrível. Obrigado por me teres levado a este confronto. Obrigado porque assim já há uma razão para este medo parvo, irracional.
Só o nome bastou para que a Susana soubesse que este espectáculo era a cara da Patrícia. Cabaret de Insectos: Dracularium Freak.
A verdade seja dita, a cara de todos nós. Gostamos de um bom momento em família, um teatro ao final da tarde e, quanto mais “estranho” for, melhor. Se a isso se juntar um espaço sui generis que ainda não conhecemos, está criada uma receita de sucesso.
E assim, a meio da tarde lá fomos nós ainda sem saber o que nos esperava. A Susana manteve o segredo, não nos deu nem uma pista sobre o quê nem sobre o onde.
“Mas mãe, então e almoço? Onde vamos almoçar?” perguntava a Patrícia já perto das 3 da tarde enquanto subíamos a Rua da Costa do Castelo. “Almoçamos por lá. Certamente há lá qualquer coisa para comer…”. O mistério continuava.
Chegámos então ao Teatro Taborda, espaço para nós completamente desconhecido mas onde desde 1870 se dá azo à arte.
Ficámos a saber que era teatro o que nos esperava. Uns cartazes logo na entrada davam o mote para o que nos esperava: Cabaret de Insectos: Dracularium Freak. Ainda era cedo e a vontade de tricar algo (trincar, dentadinhas, dracularium…) começava a apertar. Descemos uns quantos pisos, apreciando as magnificas salas e imponentes vistas que estas proporcionam sobre a cidade, e chegámos ao Café da Garagem. Um espaço cosy e bastante trendy (já chega de estrangeirismos ou posso continuar), onde a regra da decoração parece ser a de aproveitar o que a casa nos dá.
Frente a uma enorme janela, as mesas corridas de portas deitadas sobre cavaletes estavam prontas para nos receber. Que se come por ali?
A nossa escolha foi para umas saladas, muito bem servidas, e ainda para uma tábua de enchidos. Ficámos bem os três, ainda deixando algo por comer. A música complementava o ambiente com um swing muito 20’s que parecia encaixar perfeitamente no espirito dandy decadente (atenção ao sentido do termo) que ali se terá vivido um dia…
5 da tarde. Hora de Cabaret de Insectos: Dracularium Freak
Recebem-nos na magnifica sala alguns dos personagens que nos irão acompanhar em palco. Este já está pronto e só de o ver, ainda vazio de vida, facilmente se imagina que o que se vai seguir é o que o nome nos promete. Bem, pelo menos no que ao freak se refere.
Alguém se lembra de R. M. Renfield? Bram Stocker apresentou-nos este curioso personagem em Dracula e a Companhia de Teatro de Marionetas A Tarumba volta a apontar-lhe as luzes da ribalta em Cabaret de Insectos: Dracularium Freak. E sim, terá mesmo as luzes apontadas num fantástico espectáculo de dança, daqueles de fazer abanar o esqueleto…
Mas Renfield, criador original do Cabaret de Insectos: Dracularium Freak, é apenas um de entre os muitos aterradores encantos deste espectáculo. Sim ó incautos. Preparem as vossas crianças, as que há em vós e as pequeninas ao vosso lado também, para a mortal dança de amor (ou será só sexo, puro, cru, brutal?) da Archimantis Latistyla. Preparem-se para sentir as mais básicas emoções à flor da pele perante a quente dança oriental das Blattas Orientalis ou a sensualidade dos movimentos (Deusas, que movimentos) de um grupo de Titanacris Albipes.
Sublime. Cabaret de Insectos: Dracularium Freak é sublime.
Uma experiência artística é certo, mas que no caso deste que vos escreve, foi de artista em nome próprio quando de repente me encontro em palco, “Senhor De Barbas”, e entre cartas e baratas vejo a magia acontecer frente aos meus olhos… Aos meus e aos da família, que não é todos os dias que me podem ver em palco…
Se não vos contei muito? Claro que não. Não posso. Como dizem os artistas d’A Tarumba, “Mais não podemos revelar, a não ser que vamos assombrar a vossa imaginação!… Senhoras e senhores, coloquem os cintos e os vossos mosquiteiros, o espectáculo vai começar!”
Até dia 1 de Fevereiro, de Quinta a Sábado às 21h30 e ao Domingo às 17h, Cabaret de Insectos: Dracularium Freak no Teatro Taborda.
Porque é um tema recorrente e que muito preocupa todos quantos pensam numa presença digital, não posso deixar de aqui focar o tema das ofensas nas redes sociais.
Perguntando ao Google, encontrarão certamente milhares de páginas entre artigos, blog posts, white papers e outros mais, onde o tema das ofensas nas redes sociais é o assunto principal. Numa realidade do instante, onde tudo é tão rápido, por vezes há quem pense que as ofensas nas redes sociais podem passar impunes.
“Ninguém viu”, “Já esqueceram” ou “Não tem likes” são expressões que surgem por vezes perante uma publicação menos própria, não reflectida, ofensiva. Normalmente seguidas de “Dá para apagar?”. Não dá. E esse é efectivamente um dos pontos de valor deste meu post:
Não se apagam as ofensas nas redes sociais.
Apaga-se o tweet, apaga-se o blog post, a publicação no Facebook ou a fotografia do Instagram mas, acreditem, não se apagam as ofensas nas redes sociais. Haverá sempre quem lembre, haverá sempre quem tenha feito o print screen. Quem tenha partilhado, quem tenha feito o retweet.
O outro ponto de valor deste post é dar-vos a conhecer o fantástico Dites-le avec des fleurs. Porque ditas com flores, até as ofensas nas redes sociais se levam de forma diferente.
Não sei se a vossa mãe concordaria (caso conheça a rede social em questão) mas vejam, que quadro lindo não daria esta imagem, para colocar na sala, mesmo ao lado do Menino da Lágrima?
p.s. Eu vi a tua mãe no Tinder. Para bom entendedor, meia palavra basta.
Bohemian Rhapsody é uma das mais reconhecidas músicas no mundo. E é um reconhecimento merecido. Star Wars é um dos filmes mais reconhecidos no mundo, e ainda que as opiniões possam divergir, também penso que é um reconhecimento merecido. Uma Bohemian Rhapsody: Versão Star Wars parece-me um desenvolvimento lógico.
Os alunos da Faculty of the Digital Video Program na University of Advancing Technology em Tempe, Arizona, criaram este video que rapidamente se tornou um sucesso contando já com cerca de 1.600.000 visualizações só no Youtube.
Que sirva de inspiração a outros alunos, de outras faculdades, que também estudam coisas como video e cinema… Sim, nem tudo tem que ser em torno do pré-Realismo Socialista ou da Nouvelle Vague francesa…