Escreveu o sociólogo Alberto Gonçalves na ultima página da revista Sábado de 12 de Julho deste ano:
Nas nações civilizadas, apenas se chama “doutores” aos médicos, não porque se queira cobri-los de honrarias, mas porque é esse o nome do respectivo ofício.
E mais à frente, sendo certo que se referia aos políticos mas tomando a liberdade de alargar o sentido a grande parte da população nacional de “doutores”:
…a única coisa pior do que recusar o “dr.” é nem sequer ter um “dr.” para recusar. Dai a popularidade das licenciaturas obtidas ou tentadas por métodos que um bárbaro estranharia e que este encantador país ergueu a prática corrente.
Terminava o sociólogo desta maneira:
Quanto mais essencial é o título, menos interessa aquilo a que o título respeita: a veneração da forma resume o conteúdo a uma irrelevância Como Portugal, no fundo. E, graças a tantos equívocos e trafulhices similares, “no fundo” é a expressão exacta.
Não é meu hábito fazer posts exclusivamente à base de citações mas neste caso, e por tantas razões que a razão (ou o bom senso) me inibe de aqui expor, este fica assim.
Deixo-vos também o citado artigo, completo, do Alberto Simões. Espero que o autor não leve a mal.