Algumas obras de referência sobre escrever para a web

Voltar a recordar coisas boas que se escreveram sobre o tema Escrever para a Web. Tive o prazer de conhecer os autores (autoras por acaso) de qualquer uma destas obras. Reconheço-lhes a autoridade no tema e respeito o seu trabalho.

Agora, o meu trabalho…

Há já muitos, muitos anos (vantagens da idade, poder escrever tais coisas) que as palavras de Nietzsche me acompanham. Não um texto, um livro em particular, ainda que possa ter as minhas preferências, mas as palavras em geral, o que me deixou escrito num todo…

Disse-me em tempos uma professora de saudosa memória: “Nietzsche pode destruir-te rapaz, dar cabo de ti…”. Na altura, com todo o ímpeto da juventude, sorria como que dizendo “ou fará de mim melhor homem.”.

Beyond Good and Evil

Os anos passam, essa ilusão real a que não escapamos ou melhor escrevendo, a que nos entregamos mesmo que por vezes sem o querer, e as palavras do pensador regressam a cada ponto que se sente marcante. Se me pergunto sobre o dito momento, saltam as palavras d’ A Vontade de Poder que me gritam: ‹‹Toda a acção é necessariamente mal conhecida…››.

Os anos passam e de repente, dou por mim a pensar que talvez Karl Jaspers tivesse razão quando dizia que em Nietzsche era possível encontrar em cada julgamento o seu oposto e relembro então Para Além de Bem e Mal:

Quem não quer ver o que há de elevado num homem olha com maior agudeza para aquilo que nele é baixo e superficial e assim se revela a si mesmo.

É bastante mau! Sempre a velha história! Quando se acaba de construir a casa nota-se que, ao construí-la, sem dar por isso, se aprendeu algo que simplesmente se devia ter sabido absolutamente antes de começar a construir. O eterno e maçador ‹‹tarde de mais!››. A melancolia de todo o terminado!…

Os homens de profunda tristeza denunciam-se quando são felizes: têm um modo de pegar na felicidade como se quisessem esmagá-la e sufucá-la, por ciúme, ah, e sabem bem de mais que lhes foge!

Ontem ao chegar a casa, esperava-me a Patrícia com o habitual sorriso nos lábios. É uma das coisas boas de ser pai, isto dos sorrisos… Estava eu no quarto quando ela a preparar-se para tomar banho, salta de repente para cima da minha cama e diz:

Estás a ver pai? É bom quando nos divertimos. Mas os adultos às vezes não se divertem… É só trabalho, trabalho…

Como a conversa foi dali ao Fernando Pessoa confesso que já não sei mas, uma vez mais, esta rapariga não pára de me surpreender. Ainda na cama, lemos os dois um pouco da Ode Triunfal. O ritmo de Álvaro de Campos impressionava-a e ao mesmo tempo fazia com que esperasse por mais…

Quis mostrar-lhe que nem todos os Pessoas são assim. Disse-me que já sabia ou já teria eu esquecido a exposição do Fernando Pessoa que fomos ver?

Saltei da cama e enquanto ela ficava a tentar apanhar o jeito às máquina infernais da Ode Triunfal, fui à sala procurar O Livro do Desassossego.

Patrícia a ler Fernando Pessoa - Pedro Rebelo

O meu desejo é fugir. Fugir ao que conheço, fugir ao que é meu, fugir ao que amo. Desejo partir – não para as índias impossíveis, ou para as grandes ilhas ao Sul de tudo, mas para o lugar qualquer – aldeia ou ermo – que tenha em si o não ser este lugar. Quero não ver mais estes rostos, estes hábitos e estes dias. Quero repousar, alheio, do meu fingimento orgânico. Quero sentir o sono chegar como vida, e não como repouso. Uma cabana à beira-mar, uma caverna, até, no socalco rugoso de uma serra, me pode dar isto. Infelizmente, só a minha vontade mo não pode dar.

Serviu também de historia de embalar… E que bem sabe quando já deitada, coberta e aninhada, a ouço dizer:

Somos mesmo parecidos pai.

 

A pergunta apanhou-me de surpresa, a meio do almoço. “Pai, o que é a melancolia?”. Talvez não fosse para me surpreender. Na noite anterior ofereci à Patrícia A Morte Melancólica do Rapaz Ostra e Outras Histórias. Foi ela que pediu.

O que é a melancolia

Sobre o livro do Tim Burton escreverei mais tarde, quando eu próprio o tiver lido com a atenção devida. Hoje o tema é mesmo a melancolia e a minha tentativa de abordagem simplista à mesma.

– Pai, o que é a melancolia?
– É assim um tipo de tristeza, sem razão particular, sem uma causa aparente. Talvez nem seja bem tristeza. Uma insatisfação, um desejo de algo mais ainda que não se perceba o quê…
– Isso sou eu…
– O quê filha?
– Nada pai.
– Diz lá filha, a sério, não percebi…
– Isso sou eu pai. A melancolia…

As lágrimas não me vieram aos olhos no minuto pois sabia que teria muito que explicar mas sim, foi um daqueles momentos em que pensei se seria o caminho certo aquele que levamos… Foi só um minuto. O sorriso da miúda lembrou-me de mim, das viagens infindáveis no banco de trás, do quarto cheio de livros, da televisão que via deitado no chão e do quanto tudo isso me ajuda a ser quem sou. Assim como o conhecimento da melancolia a  ajudará a ser a pessoa fantástica que sempre será.

Nível de lamechice: Astronómico. Mas que se lixe. As verdades são para ser ditas e se não as posso dizer aqui onde as direi?

Dizem para ai que é o fim do mundo… 2012 e os Maias e mais não sei o quê. O fim do mundo não tem nada que ver com isso. Star Trek meets Dr. Who. Isso sim é o fim do mundo.

Star Trek meets Dr. Who comics

Já que falei em Borgs no post anterior, fica a referência ao que entendo como Ultimate Geekery: a equipa de Star Trek TNG (The Next Generation) junta-se ao Dr. Who para combater a ameaça dos Borg e dos Cybermen.

Ora digam lá que não é algo de outro mundo?

Já vai no segundo numero (eu aguardo ansiosamente pela edição de compilação capa rija que deve sair um dia – deve não deve) deste comic da IDW o que prova que a loucura é efectivamente uma condição partilhada.

Capa do 2 numero da aventura Star Trek TNG meets Dr. Who

Há mais imagens e outros detalhes do crossover Star Trek Dr. Who no site Star Trek. com

Nota para um futuro próximo: Patrícia, um destes dias atacamos o Dr. Who parece-te bem?