“O meu nome é Toby Ziegler e eu sou Director de Comunicação da Casa Branca…”

Era mesmo só isto que eu vos queria dizer. O filme não existe mas o Steve Holmes editou um trailer e foi o suficiente para me levar a escrever “Era mesmo só isto…”.

Se servir de razão para que vejam ou revejam The West Wing (e há muito boa gente que devia ver, de fio a pavio), já me dou por satisfeito.

Ora bem, nada de outro mundo. Nenhuma dissertação sobre o significado da amizade ou sobre o que são bons amigos. Primeiro porque amigos, tal como amizade, é só por si, um termo muito, muito subjectivo. Depois porque bons amigos é, por razões claras, forma de subjectivar ainda mais o termo.

Assim sendo, e porque é mesmo de bons amigos que vos quero falar, conto-vos um pequeno episódio. Para que este tenha algum sentido, há que deixar claro que não gosto de futebol, não conduzo, sou casado, pai de uma filha e, como diz um dos meus bons amigos (aliás, dizem uns quantos), um homem sério.

Pedro Rebelo, bons amigos e bons almoços
Quando falo da comida? Lá mais embaixo. Continuem a ler…

Onde estão os bons amigos?

Do nada, uma destas manhãs, num daqueles espaços digitais tão comuns nos dias de hoje, onde amigos e conhecidos se encontram para conversar, pergunto (eu ou um dos presentes, já não estou certo mas para o caso é irrelevante) se temos almoço, que é como quem diz, “então, almoçamos hoje?”. A resposta não se fez esperar e como de costume, veio no sentido de um valoroso “só falta decidir onde”.

Sobre o local onde se daria o repasto também não houve grande conversa. Entre todos, sabemos bem o que cada um mais aprecia e os apetites, normalmente, são expressos logo pela manhã cedo.

O encontro está marcado para certa hora, numa recôndita viela, para onde cada um de nós se dirige, dos vários cantos da cidade. O sitio é concorrido, muito concorrido ao que parece. É famoso pelas doses e aparentemente a fama vai além das lusas paragens. São mais que muitos lá dentro e outros tantos que se vão juntando à porta. Esperamos também, colocamos a conversa em dia, como se não tivéssemos conversado toda a manhã, e na manhã anterior, e outra e outra…

Mas isto é algo que fazemos com amigos certo? Conversamos frente a um bom prato de comida, com um copo de vinho na mão ou enquanto esperamos que cheguem. A comida, o vinho ou os amigos que tendem a chegar atrasados.

Mas e então, e com os bons amigos? Qual é a diferença?

Vá lá, ainda estão a bater nessa tecla? Os amigos são bons. Sempre. Não há maus amigos. É como os cumprimentos que desejamos no fim de cada missiva. “Ah e tal, com os meus melhores cumprimentos…”. Certo. Então e se não forem os melhores serão quais? Os piores? Ou só os cumprimentos, que não sendo tão bons como os melhores serão, bem, aceitáveis?

Mas aos meus amigos, como não chamar de bons amigos, aliás, dos melhores que pode haver entre essa estranha categoria de conhecidos a que chamamos de amigos?

Sim é certo que com eles já dei por mim a a esperar que o tempo passe nas ruas da Vila de Sintra a meio da noite, a fotografar semáforos na Baixa de Lisboa, já me encontrei a declamar guiões de Star Wars improvisados com conteúdo menos próprio e personagens insólitas na madrugada de Cascais, já senti o vibrar dos trilhos do eléctrico na minha orelha ao raiar do dia no Terreiro do Paço, já fiz uma série de coisas…

E neste almoço, saído do nada, de bacalhau com grão e carne com batatas fritas, regado com O Tal Vinho da Lixa (sim, é mesmo assim que se chama o vinho), fomos de Noam Chomsky ao Michel Foucault, passámos pelo pêndulo do dito é claro, e visitámos o Slavoj Žižek. Quando chegámos à Paz de Westfália pensámos que a coisa não passaria dali… O que haveria ainda de passar.

Falámos do Hitler (convenhamos, a Lei de Godwin diz que íamos lá parar de certeza, mais ainda considerando o tempo que estivemos à espera) e das eleições legislativas. Discutimos o estatuto de arguido e as medidas cautelares anteriores ao trânsito em julgado, assim como até onde estas poderiam interferir com a presunção de inocência. Falámos dos refugiados, dos nossos e dos outros. Falámos até de como nós, de quando em vez, nos refugiamos, assim, ao almoço.

E a sorte, garanto-vos, a sorte de alguém que nos estivesse a ouvir, chegou com a hora de voltar ao trabalho.

A certa altura, entre o folhado de doce de ovos e o leite creme queimado ao momento (tal qual cena digna de um qualquer filme sobre a guerra do Vietname), nada mais me restou dizer para além de “que orgulho e gosto tenho, em ter tão bons amigos“. Ainda deu para mais um brinde, aos amigos. Que nunca nos faltem, que nunca desapareçam das nossas vidas, nem dos nossos almoços que, vidas à parte, são também muito importantes.

Este post é para vocês amigos, aqueles que estiveram neste almoço e todos os outros que tantas vezes comigo se sentaram à mesa.

Em altura de eleições, esta é uma pergunta que se ouve com alguma regularidade: O Facebook influencia a opinião nas eleições?

Sim, o Facebook passou a ser mais um dos membros do Conselho Consultivo de cada família, de cada instituição. Cada vez mais parece ser um elemento fundamental na formação da opinião, principalmente, da opinião pública.

No debate A estratégia digital dos partidos políticos portugueses, promovido pela Restart – Instituto de Criatividade, Artes e Novas Tecnologias, essa foi uma das questões levantadas. O Facebook influencia a opinião nas eleições? Terá o poder de mudar o sentido de voto?

Facebook Influencia eleições - Fotografia de Hugo Fernandes
Fotografia descaradamente retirada do feed do Hugo Fernandes. Visitem-no em imhugo.com

Os departamentos de Comunicação e de Ciências Políticas e Relações Internacionais da Universidade de Delaware, publicaram esta semana no Journal of Experimental Political Science um estudo intitulado Interactivity between Candidates and Citizens on a Social Networking Site: Effects on Perceptions and Vote Intentions onde comprovam que, quando os utilizadores do Facebook vêem comentários favoráveis sobre um determinado político, as suas opiniões são influenciadas positivamente e, quando vêem comentários negativos sobre determinado político, existe um efeito negativo.

Mas afinal, o Facebook influencia ou não?

Este estudo parece ser somente um comprovar científico de um quase lugar comum, o de que nos deixamos influenciar pela opinião dos outros, mas se levarmos à letra a questão do estudo ou seja, o efeito Facebook, se o Facebook influencia a opinião nas eleições, sobre um determinado político, ou seja, se não pensarmos na nossa opinião mas sim no que o Facebook pode fazer (e note-se, eu digo “pode” e não “faz”), então esse estudo é realmente pertinente, mais ainda, em época de eleições.

À pergunta colocada ontem no debate, sobre o poder do Facebook, sobre se o Facebook influencia efectivamente ou pode influenciar a intenção de voto, eu respondi que antes de mais deveríamos repensar a questão ou seja, deveríamos perguntar se a nossa opinião poderá mudar, ser formada, considerando as opiniões e informações em geral difundidas no Facebook.

Dizer que o Facebook tem poder para o fazer, é admitir que está para além das nossas mãos, que a decisão não seria nossa. No entanto, deixei igualmente a nota: Sim, o Facebook tem poder para tal. O Facebook pode influenciar a opinião nas eleições. Recordei o estudo Experimental evidence of massive-scale emotional contagion through social networks” sobre o qual escrevi aqui, onde um equipa de cientistas do Facebook manipulou o conteúdo recebido por cerca de 700.000 (setecentos mil) utilizadores da rede para comprovar até que ponto estas manipulações iriam influenciar o estado emocional dos utilizadores.

Na altura perguntei:

Se é possível o Facebook manipular o feed de noticias de 700.000 utilizadores, o que o impede de manipular o feed de noticias de 5 milhões (aproximadamente o numero de utilizadores do Facebook em Portugal) ou de todos os utilizadores?

E agora pergunto:

Se nós sabemos já que é possível controlar o que aparece no feed e se sabemos também que a opinião, nomeadamente a opinião política, é mutável em conformidade com a informação que recebemos nesse mesmo feed então, o que impede o Facebook de literalmente nos dizer em quem votar?

Se quiserem, o Facebook influencia!

Aqui sim, nesse cenário (que está longe da ficção, que está longe da teoria da conspiração) o Facebook influencia efectivamente a opinião nas eleições, aqui sim, o Facebook tem poder.

Como já referi acima, eu não digo que o Facebook o faz. Deixo só a nota para que nos lembremos que o Facebook o pode fazer.

Regressa hoje a série House of Cards. Há quem se admire quando houve dizer “O ser Humano é intrinsecamente mau.”. Há quem discorde e há até quem se revolte, indignado.

House of Cards nova temporada

De entre estes, há quem veja House of Cards. E há quem chegue junto a mim, depois de ver e ouvir Kevin Spacey como Frank Underwood, e me diga “já percebi o que querias dizer… Mas aquilo é ficção…”.

É nessa altura que penso em todos os argumentos que poderia utilizar para demonstrar mais claramente o meu ponto de vista. Mas depois, sou eu que penso em Frank Underwood e no seu papel em House of Cards. Termino quase sempre com um sorriso e um canónico (certamente mais no entendimento de quem o ouve do que no meu) “Está bem.”

Por cá, podem acompanhar House of Cards no canal TV Séries e este primeiro episódio da 3ª temporada será exibido já este sábado, 28, pelas 21 horas.

 

Comentava alguém no Facebook e passo a citar:

…para todos os efeitos, no quadro da legislação nacional, o acto de estudar é considerado trabalho, sendo o estudante um trabalhador passivo.

Admito que não conheço tudo quanto é lei e como tal, se me puderem elucidar sobre o tema agradecia.

Pelo Código de Trabalho, o estudante é reconhecido no Capitulo I, Secção II, Subsecção VIII, artº 79 e seguintes mas enquanto trabalhador-estudante, figura bem definida e que, só por si, faz bem a distinção entre estudante e aquele que trabalha ao definir o estatuto de trabalhador-estudante diferenciando-o do estudante certo?

Imagino ainda algumas contrariedades provenientes da teoria (a ser somente uma teoria) do estudante ser um trabalhador. A ver: Lembro-me de estudar para o exame da 4ª classe (sim, eu fiz exame da 4ª classe). Teria o quê? 10 anos? Bem, era estudante. Não muito. Preferia ler banda desenhada e apanhei uns valentes acoites por causa disso mas, para os devidos efeitos, era estudante. Será exploração infantil aquilo que os pais fazem quando nos obrigam a estudar? Estará o Estado a incorrer em crime quando eleva a escolaridade obrigatória aos 16 anos? Uma vez que não vale a pena andar na escola se não se estudar (logo, se não se for estudante) e, ao mesmo tempo, não se pode trabalhar antes dos 16. É proibido por lei sabiam? Logo, se um estudante é um trabalhador… Bem, fico à espera que me elucidem sobre o assunto.

Eu não fiz greve. Ao chegar aos portões da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e já depois de ter estado por duas horas no meu trabalho, fui impedido de entrar pela porta principal. Tudo bem. Ao que me parece, não o poderiam fazer mas, não estamos aqui para chatear ninguém. Sem problema, viro costas e sigo para a entrada alternativa… Como não podia deixar de ser, alguém do “piquete” tinha que fazer um comentário jocoso… Podia ser só o que foi depois, um «podias ser solidário» mas não. Primeiro teve que vir o «és fraco».

Pois que não entendo. Onde é que está a fraqueza? Em não me assustar com um grupo de indivíduos com cara de poucos amigos (vá lá, alguns tinham acabado de acordar e outros talvez já estivessem de “piquete” desde manhã cedo. Entende-se.) que barravam a porta do estabelecimento de ensino onde queria entrar? Ou talvez a fraqueza estivesse em querer aproveitar, dar bom uso, ao dinheiro que pago anualmente para poder frequentar o tal estabelecimento de ensino. Pois… Homem que é homem borrifa-se nessas coisas… «Ah e tal, pagas e ainda vais pagar mais…». Pois. E por isso, o melhor que posso fazer é mesmo não ir às aulas (que paguei e pelas quais ainda vou pagar mais) e ficar à porta a tocar tambor…

Quando comecei a frequentar a FCSH, várias vezes ouvi «fascista», «capitalista» e coisas do género. Vantagens de entrar na cantina de fato e gravata. Um ano depois, aqueles que tinham interesse em conhecer-me, em saber porque raio ando eu de fato e gravata, já conhecem, já sabem. Muitos já sabem até quais os meus pontos de vista sobre a politica, a economia, a educação, a cultura, enfim, sobre a sociedade em geral. Já não ouço as tais palavras d’ordem (que valem pelo que valem, no fogo do momento).

Foi engraçado ouvir hoje alguém chamar-me «fura-greves». Principalmente porque ao que me pareceu, quem me chamou «fura-greves» mal tinha nascido quando eu fiz greve pela primeira vez. Dá-se o caso, curioso, de que quando nessa altura fiz greve, até já usava fato e gravata mas lembro-me como se fosse hoje, que nunca desrespeitei o direito de quem não a queria fazer. Aliás, haverá certamente muito boa gente, que concordando com a greve, quer gozar esse mesmo direito e não a faz.

O mais grave foi saber que houve alunos (e eventualmente professores) a quem foi dito à entrada da FCSH, que não havia aulas. Era mentira. E isso, é desrespeito.