Perguntei um destes dias no Twitter, onde comer em Vila Franca de Xira. As respostas foram parcas mas uma referência em comum aparecia em destaque: O Forno. Ainda que sem grandes detalhes, só me diziam que por lá se comia bem…

Chegados a Vila Franca, arrumadas as malas no hotel, entendemos por bem ouvir uma ultima opinião e perguntámos à recepcionista por um bom sitio para comer. Tendo em conta a resposta, não havia lugar a dúvidas: O repasto dessa noite seria no restaurante O Forno.

A porta fechada deixava ver lá dentro três ou quatro mesas ocupadas. Uma familia estrangeira, um casalinho de uma certa idade, um jantar de negócios entre dois velhos amigos (assim parecia) e um comensal solitário. Havendo mesa para tão diversos gostos, era um bom sinal de que haveria mesa para nós também.

Bem vindos. Mesa pronta de pão, queijo, azeitonas e um prato de melão maduro e presunto. Ficámos pelo pão com manteiga que de quando em vez vinha brindado com pequenos pedaços de chouriço. Guloso quanto baste.

Com a farta carta que nos foi apresentada, o problema colocava-se na escolha e a interrogação a quem nos servia deu, como era de esperar, frutos proveitosos.

Um arroz de tamboril com gambas para primeiro prato e uma espetada de lombo de porco para segundo. Sem grandes delongas nos foi servido o arroz do tal peixe que em fartura e apresentava tal como as gambas que compunham o nome do prato. Muito boa dose de arroz solto e bem apurado, onde o gosto picante que se quer neste prato dava cartas pelo tão certo que estava. Por pouco se alvitrava a possibilidade de a refeição ficar se por ali de tão satisfeitos que estávamos mas em boa hora, quem acompanhava a mesa se acercou perguntando se se mantinha o restante pedido. A casa sabe o que serve. Mantém-se pois então.

Terminado o arroz de tamboril chega então a espetada. Servidos no espeto pendurado, generosos nacos de lombo de porco entremeados com umas rodelas de chouriço que os temperavam, deixavam pingar o excesso de sabor sobre uma cama de batatas fritas caseiras que se faziam acompanhar de um clássico molho cocktail e um extraordinário molho de manteiga e alho, verde pelo tempero da salsa. A carne em si? Tenra e muito saborosa.

Regou-se a refeição com outro dos nossos gostos clássicos, um Quinta de Cabriz Reserva pois não nos pareceu desajustado tendo em conta que outras escolhas da carta estavam talvez um pouco esticadas no preço.

Por difícil que fosse, tal repasto não se poderia ficar sem uma sobremesa. Entre doces clássicos da restauração nacional e fruta, resolvemos aceitar a sugestão da casa e arriscar “a especialidade”: Um pêssego descascado. Nada de mais se este não fosse tão saboroso e se não se fizesse acompanhar por duas enormes bolas de gelado e algumas folhas verdes cobertas de compota de morango. Um festim à vista e ao paladar também.

A única mancha da noite foi o já famoso e famigerado “garoto clarinho” que não só estava escuro como tinha o leite azedo. Conta acertada e desculpas presentes, a noite terminava ainda assim com a garantia de que voltaremos ao “O Forno” e que estas palavras seriam escritas. O seu a quem o merece.

Restaurante O Forno
Tipo de cozinha: Portuguesa
Horário: Das 12:00 às 15:15 ao almoço e das 19h00 às 22:00 para jantar.
Encerra à Terça-feira
Preço médio: 25€
Morada: Rua Doutor Miguel Bombarda 143
2600-195 VILA FRANCA DE XIRA
Telefone: +351 263 282 106

Entre conversas sobre as especialidades gastronómicas algarvias, um colega de trabalho disse-me há uns dias que devia visitar o restaurante «O Ideal».  Em Cabanas de Tavira, dizia ele, tens uma sopa no pão que é uma maravilha… Bem dito e melhor feito.

Um destes fins de tarde, com um casal amigo, numa praia sossegada perto de Altura, pesquisei na Internet e lá descobri o telefone d’ O Ideal. Eram 19 horas mas do outro lado da linha já nos diziam que reservas já só para depois das 21h30… E era uma terça-feira… Mas é Verão, o Sol deita-se mais tarde e é sempre uma boa razão para dar mais um mergulho.

Chegados a Cabanas de Tavira, damos connosco à porta do mesmo restaurante onde há uns anos atrás tentamos jantar com o Ricardo Bernardo e a Marta na noite em que os conhecemos. Não conseguimos mesa na altura, mas já dizia o Ricardo que era o melhor sitio para se comer por ali.

Chegada anunciada, não levou 5 minutos até que alguém gritasse à porta «A mesa dos 7 pode entrar!».

«O Ideal» é uma casa simples. À primeira vista, poderia facilmente passar por um café que serve refeições. Mas é mesmo só à primeira vista. Amesentados, vem a carta num instante enquanto ainda se ultima a mesa. Os ouvidos também comem e, da sopa no pão aos pasteis de polvo, as escolhas estavam quase feitas.

O que comemos n’O Ideal?

De entrada pedimos uns «Palitos de atum» com salada de feijão frade. Barriga de atum em tiras levemente panadas, com o dito do feijão servido fresco e bem temperado a acompanhar. Delicioso. Veio depois a famosa «Sopa do Mar», reservada logo ao telefone por sugestão da casa, é um deleite ao olhar, ao olfacto e ao palato. Num pão alentejano a que se cortou o topo e retirou o miolo, é servida uma sopa de peixe e marisco, cremosa e aveludada, muito rica em tudo o que anuncia.

Vieram por ultimo os igualmente celebrados «Pasteis de polvo com arroz de tomate». Os pasteis, próximos das muito famosas e nacionais «pataniscas», são de polvo cortado amiúde, cozinhado e posteriormente envolvido no polme indo à fritura. Serão escorridos ou secos convenientemente pois, ao contrário de muitas «pataniscas» que por ai se servem, estes pasteis não «pingavam» óleo de fritar. O arroz que os acompanhava, de tomate, «malandrinho», cozinhado ao ponto e com o tomate em dose certa, não denotando nem doce, nem acidez em demasia. Um esmero.

Restaurante O Ideal em Cabanas de Tavira

As doses, muito bem servidas, não deixaram vaga em nenhum dos comensais mas, ouvi por ai dizer, que a casa tem também um «doce de vinagre» que para a próxima não nos escapa.

O serviço foi, não só rápido, como prestável e atencioso, com um tom de simpatia que nem sempre se encontra pela restauração destas bandas.

O restaurante «O Ideal» passa a ser, garantidamente, um ponto obrigatório no Verão da família.

Restaurante O Ideal

Tipo de cozinha: Portuguesa
Horário: Encerra (a cozinha pelo menos) às 22h00 – Encerrado à Quarta-feira
Preço médio: 25€
Morada: Rua Infante D. Henrique, 15 – Cabanas de Tavira
Telefone: +351 281 370 232
Pagamento: Numerário / Cartões

Agosto já começou e como de costume, começa também a nossa deambulação pelos restaurantes de Lisboa, em busca de um bom jantar. Mais sofisticados ou mais populares, mais em conta ou, por vezes, mais esticados, tentamos visitar sítios que ainda não conhecemos, sítios que por uma razão ou outra, seriam mais difíceis de desfrutar com a Patrícia ou pelo menos, de desfrutar com o tempo e a calma a que as noites deste Agosto inspiram…

Ontem jantamos n’ O Bacalhoeiro. Com uma localização invejável, à mão de todos os turistas e ainda assim recatado quanto baste, O Bacalhoeiro divide portas e paredes com A Licorista ali na Rua dos Sapateiros, na Baixa de Lisboa logo a seguir ao Arco do Rossio.

Tendo sido posto para vários dos meus almoços nestes mais recentes dias, já conhecia a casa e as pessoas que por lá nos servem. Ia à confiança com a comida, sabendo que de forma alguma seria mal servido.

Há diferenças porém entre o almoço e o jantar. A lista ao almoço é mais terra à terra, mais rica em variedade de entre aquela a que se convencionou chamar de «cozinha portuguesa». Entre as Tiras de Choco Frito e o Polvo à Lagareiro passando pelos Pianos Grelhados e os Calamares fritos, há de tudo um pouco variando de dia para dia. A ementa de noite deixava transparecer a ausência do Lisboeta por aquelas bandas, deixando a carta com as apostas mais seguras de carne e peixe grelhados na hora e com as opções do almoço já quase todas riscadas. Ainda assim, é de entrar.

restaurante O Bacalhoeiro

E de entrar à entrada, é um pulo e esta chega na forma de uma muito boa salada de polvo. Bem composta e bem servida (muito bem servida numa dose para dois) estava o dito primo do Paul cozido ao ponto certo. Nem rijo nem mole, quase al dente. Bem temperada, sem gordura a mais mas deixando ainda assim o gosto do molhar o pão, e com o vinagre a marcar presença, sem chamar lágrimas aos olhos.

A escolha recaiu sobre a picanha grelhada. A carne muito saborosa, 3 generosas fatias em cada prato, talvez com um rebordo gordo a merecer aparo mas, que ainda assim não chocava. A batata frita caseira e um nico de arroz branco compunham o resto. Já fazem parte.

O vinho foi o da casa, em jarro pequeno (que era só para mim e ainda assim foi muito), sem qualquer identificação para além da cor que me dizia ser tinto. Admiravelmente, bebeu-se bem só sofrendo pelo calor que se fazia sentir e que, não deixava melhor apreciar a beberagem.

As sobremesas foram por mim muito elogiadas à Susana que ia já de olho no Cheesecake de Manga e Laranja que lhe referi após anterior incursão de almoço. Vindo de mim que nem tão pouco gosto de Manga, era natural a curiosidade. Eu optei pelo seguro e pedi o Bolo de Bolacha. Na casa há dois. Um mais seco que será «o normal» e um outro a que chamam «de café». Sou assumidamente fã do primeiro mas o quente da noite pedia algo mais cremoso e pedi o de café. Doses muito além do generosas (a minha ficou por acabar no prato), pecaram no Cheesecake que precisava de estar mais enqueijado (cheese algém?) e onde a Manga, segundo a Susana que no fruto em causa sou parco de gostos, só lá estava em cor.

Quase que em jeito de adivinhação, termina em beleza o repasto com o famigerado garoto, clarinho, só leite quente com uma gota de café, a chegar à mesa tal e qual foi pedido: Clarinho. Só com uma gota de café (mereceu mais uma roubada à minha chávena). E vinha quente…

É de notar o serviço na casa. Muito atencioso e cuidado. Não se esperem ali luxos ou mordomias de maior. Espere-se sim boa comida e uma relação preço qualidade que não se encontra facilmente nesta zona de Lisboa. De qualquer forma, a experimentar, passem por lá ao almoço. A experiência é diferente.

Restaurante O Bacalhoeiro
Tipo de cozinha: Portuguesa
Horário: Das 12:00 às 15:00 ao almoço e das 19h00 às 22:00 para jantar.
Preço médio: 15€
Morada:Rua dos Sapateiros, 222 e 224
Telefone: +351 21 343 14 15
Pagamento: Numerário / Cartões

Já há pela web uma série de reviews ao restaurante Sofisticato mas mais uma não faz mal e além do mais todas as que por ai aparecem referem as pizzas. Fica a nota: Não há pizzas na actual ementa do Sofisticato. Não há nem fazem falta. Mas isso mais adiante.

Sofisticato. Em Santos. E sim, é sofisticado. Basta passar à porta para perceber mas assim que se passa “pela” porta acabam-se as dúvidas caso existam. Recebidos à chegada pela encantadora Sara e pelo não menos simpático Samuel, é-nos indicada a nossa mesa. Foi reservada a de canto ao fundo da sala. Boa escolha para uma noite descontraída e disponível.

Restaurante SofisticatoA sala só por si é um luxo. Um ambiente cosy, moderno, linhas direitas com toques de dourado a darem a pitada de classy que a casa inspira. As vigas de ferro à mostra são colmatadas com meia pintura a roxo mostrando uma robustez com gosto. As mesas são cuidadosamente apresentadas, o padrão da toalha batendo com o padrão do guardanapo e que prazer é fugir ao guardanapo branco. Nada contra é certo mas, uma cor, um padrão, é sempre bom para variar. Aqui foi.

A ementa é-nos apresentada numa moldura dourada. Os luxos não devem ser modestos. E a sofisticação com classe é um luxo a merecer nada menos que uma moldura dourada. Outra moldura vem à mesa com a carta de vinhos. Uma nota para esta onde maioritariamente se apresentam vinhos italianos sendo de contar com dois ou três portugueses e duas escolhas a copo (uma de tinto e uma de branco) que não constam da carta. Não será porém preocupante pois em caso de desconhecimento a explicação e conselho de qual o melhor vinho para acompanhar determinado prato é prontamente dada.

Para a mesa o azeite balsâmico e o pão para entreter mas mesmo sem ele ficaríamos contentes. Guloso por demais, valeu o rápido serviço ou mais teria sido comido o que roubava espaço ao prazer das iguarias por vir.

De entrada um Carpaccio dello Chef, finas fatias de novilho cru, com pequenas lascas de cogumelos frescos, queijo parmesão, cortes de aipo e molho de mostarda em grão. Acreditem, entendidos ou não, deixem lá a rúcula para os coelhos. Entre o aipo e a mostarda venha o diabo e escolha. Uma combinação de outro mundo.

Para a mesa vieram também as Polpette di Parmigiano e antes que as apresentem digo-vos já que só por si, estas bolinhas davam uma excelente refeição. São umas almôndegas, de bom tamanho, panadas, de queijo fumado, queijo parmesão e fiambre. Em dose grande para entrada, estas densas iguarias são de um ligeiro picante (dever-se-à ao queijo fumado) que vai tomando conta do paladar aos poucos. Tal como referi atrás, só por si, uma refeição.

A cada prato entrado a apresentação devida e o cruzar de conversas é constante. Quer a Sara quer o Samuel são bons conversadores e com noção dos timings. A casa é evidenciada mas acima de tudo fala-se da experiência da mesa, do comer, do beber e do estar.

Eis os pratos principais. Risotto Verde. De grão graúdo com espargos silvestres e espinafres, alho francês em boa dose e um toque de manjericão. Verde sem qualquer dúvida. Consistência ideal, o prato mais não mostra porque risotto é risotto. Muito bom e fica a dica: Um só toque de decoração. Não distrai do conteúdo e ajuda aos olhos que como sabemos, também comem.

No SofisticatoE é chegada a vez do Spaghetti Neri Alla Astice que é como quem diz, um prato de esparguete negro, meio lavagante aberto e com casca, algumas gambas (estas descascadas como pede o bom senso), boa dosagem de ameijoas frescas e limpas e muito tomate cherry, flambeado em brandy e vinho branco. A experiência do marisco com a massa é, infelizmente, pouco usual por terras lusas mas, tal como nos disse o Chef, Alessio Carrer, não é fácil cozinhar esta mistura, tem “segreto“. E uma coisa é certa, funciona. E de que maneira.

Infelizmente era o único a beber (entenda-se beber como beber e não provar que foi o que fez a Susana) e seria quase sacrilégio pedir uma garrafa de um qualquer dos italianos da carta e deixar por meio (o quente da noite não chamava a grande aventuras etílicas) e assim sendo optei pelas sugestões do copo sendo que provei um Fiuza 3 Castas para o branco e um Quinta da Alorna para o tinto. Acompanharam devidamente sem um qualquer encanto especial mas seria esperado. A refeição pedia algo mais no liquido e garantidamente a próxima visita ao Sofisticato vai proporcionar tal momento.

Para sobremesa, porque apesar de satisfeito uma refeição deste calibre não podia fechar sem uma sobremesa, a escolha recaiu sobre a Panna Cotta com molho de frutos vermelhos. De entre as opções a mais leve ainda que havia por lá uns pêssegos que ficaram a tilintar mas que da próxima não escapam. A Panna Cotta estava especialmente boa, com uma textura e densidade que há muito não provava em tal doce e completamente em sintonia com a espessura do molho.

A refeição terminou como de costume com um café e um garoto que, não vindo tão claro como o requerido, pela excelência do serviço, simpatia e qualidade da comida, não mereceu novo pedido. A acompanhar dois cálices de Limoncello, oferta da casa, para complementar o gostinho a Itália.

Resumindo, a experiência no Sofisticato foi verdadeiramente boa. A disponibilidade da casa serviu para criar relação o que é particularmente interessante neste tipo de restaurantes em que, com alguma familiaridade se descobrem facilmente pérolas escondidas da carta. A sugerir e voltar garantidamente.

Restaurante Sofisticato
Tipo de cozinha: Italiana / Toque de autor
Horário: De terça a quinta e Domingo, das 18:30 às 23:00 – Sexta e Sábado, das 18:30 às 24:00
Preço médio: 35€
Morada: Rua São João da Mata 27, 1200-846 LISBOA
Telefone: +351 213 965 377
Pagamento: Numerário / Cartões

Fim de tarde de Domingo. A ideia de ir conhecer A Taberna Ideal já cá morava e esta parecia ser uma boa oportunidade. Uma taberna, uma verdadeira taberna era o melhor que poderia acontecer aos comensais que acabavam de ter uma muito má experiência num exemplo de sucesso na restauração Lisboeta mas sobre esse assunto falará quando entender o meu amigo Ricardo. Hoje aqui, é A Taberna Ideal a estrela. Bem, não à Estrela mas em Santos (desculpem o trocadilho mas estava mesmo aqui à mão).

A nossa mesaChegados à Rua da Esperança 112 vimos de imediato que a casa estava já quase cheia. Desde logo bom indicador. Domingo de Agosto em Lisboa e restaurante cheio ou só de fama ou a comida tem mesmo que ser boa.

Fomos recebidos à porta pela Tânia a quem explicamos o infortúnio de não termos reserva (ficamos assim: se telefonarem para lá e vos atender o voice mail, não desistam, liguem novamente) e que de imediato se prontificou a ver se ainda por lá havia um cantinho para nós. Um chega daqui aperta dali, por nós sem problema, ficamos na mesa do canto. Era para dois mas com boa vontade, bom petisco e bom vinho cabem quatro à vontadinha.

A Taberna Ideal não é bem uma taberna no que toca ao seu ambiente e até mesmo estilo visual.

Imaginem-na mais (enquanto lá não vão) como a sala de estar da avó que quando esta vai à missa, o avô transforma em tasca p’rós amigos. Ai está. A Taberna Ideal. Entre mesas e cadeiras sem par, mármores e madeiras bem usadas e faianças entre a flor e o cavalinho eis que nos é apresentada a casa. Na sala temos a Tânia, o Rafael e a Cláudia. Na cozinha, de mão cheia, a Susana. A ementa, bem meus amigos (sim, que ali facilmente nos sentimos em casa de amigos), está frente aos vossos olhos, escrita pelas paredes à vossa volta.

Diz-nos a Tânia que por ali se prega o espírito da partilha e que para quatro à mesa nos aconselha uma tiborna, dois petiscos e dois pratos. Que assim seja então e para entrada venha assim uma tiborna de queijo de cabra com alecrim e mel.Tiborna de queijo de cabra com alecrim e mel Este tão esquecido appetizer (gostaram?) adorado em tempos pelas gentes do Sul do pais apresentou-se aos olhos com a mesma cara que ao paladar: Lindo.

Para a mesa veio ao mesmo tempo, servidos em dose abundante, os ovos mexidos com alheira da casa sobre farta fatia de pão. Saborosos os primeiros e não menos a segunda. Tudo no ponto (e nem sempre é fácil quando se misturam enchidos ao ovo). A mesa ainda sem espaço e já esperavam por nós as migas de camarão. Ainda que não as imagine ao balcão de uma qualquer tasca a acompanhar um copito de 3, aqui ficaram muito, muito bem. Eles estavam mesmo por lá…

Depois chegaram então os pratos principais. O rei da noite dava pelo nome de Cachaço de porco preto com migas de batata. A acompanhar vinha ainda uma salada de alface envinagrada q.b. (que o porco preto tem o seu quê…). Cachaço de porco com migas de batataTudo delicioso. As migas com a textura correcta e a peça de carne a desfazer-se na boca. Dizia-se por ali que o mais provável era pedir segunda dose de tão bom que estava.

O segundo prato foi uma adaptação livre e como tal um pouco mais demorada do pedido original. Ao ver que não havia mais massa fresca foi-nos questionado se estaríamos interessados noutro prato ou na mesma massa com camarões mas deixando a parte da fresca para outro dia. Venha de lá esse esparguete que fica a fresca para a próxima. Ora o esparguete normal tem um tempo de cozedura um pouco (simpático não?) maior do que a massa fresca. Valeu a espera. Cozido al dente, com os camarões descascados, bem salteada e com muita salsa. Uma vez mais, bastante satisfeitos.

Tudo isto foi regado a Quinta de Cabriz Tinto Reserva de 2005. Havia muito por onde escolher no campo vinícola e boa surpresa, muito vinho servido a copo. Venham mais casas Lisboetas a adoptar esta medida que todos nós agradecemos.

As sobremesas

Bolo de Cacau, Crumble de Maçã e Salame de Frutos SecosEstranhávamos não ver por ali qualquer referência às sobremesas. Bem procurávamos e, aparentemente, podíamos continuar a procurar… Uma vez mais a Tânia deu a dica: Crumble de Maçã, Bolo de Cacau ou Salame de Frutos Secos coberto com chocolate derretido (receita da avó, abençoada avó). Qualquer um dos propostos nos fazia pensar que a soma das partes seria algo de quase divinal. Assim foi. Foi-nos proposto uma combinação dos três que de imediato aceitamos e bem-dita a hora. O crocante do Crumble, o suave do cacau e o diferente, muito diferente salame… Fantástico.

A prova dos nove, aquela que já aterroriza algumas casas menos dadas a coisas simples, o garoto muito, muito clarinho, só leite quente com uma gota de café. Eis que chega perfeito à mesa. E não há cá pacotinhos de açúcar que na casa da minha falecida avó também não havia dessas modernices. Uma bonboneira de vidro com açúcar amarelo que também adoça e não faz tanto mal.

Finalizando, A Taberna Ideal fez nessa noite de Domingo novos amigos, daqueles que prometem voltar. E de preferência em breve que ainda lá há muito a experimentar.

Restaurante A Taberna Ideal
Tipo de cozinha: Portuguesa / Petiscos tradicionais com um toque urbano
Horário: De terça a sexta, das 19:00 às 02:00 – Sábado e domingo, das 13:30 às 02:00
Preço médio: 20€
Morada: Rua da Esperança 112-114, 1200-658 LISBOA
Telefone: +351 213 962 744
Pagamento: Numerário / ???