mais do que uma vez aqui escrevi sobre Spooks (ou MI-5 como é conhecida nos Estados Unidos) aquela que talvez seja a melhor série televisiva de espionagem de todos os tempos (bem, pelo menos já foi considerada a 3ª melhor série dramática de todos os tempos em Inglaterra). Sou apreciador ferrenho. Disse-me agora um passarinho que Spooks resolveu dar o salto final para a ficção cientifica (sempre lá esteve com a ponta dos dedos dos pés) e avançar para Spooks: Code 9. Ainda não se sabe muito sobre esta nova série mas já se adianta que em 2013 encontraremos uma Londres pós-bomba nuclear e um MI-5  descentralizado. Os espiões já não são recrutados mas sim jovens que se candidatam para erguer o pais novamente.

Já começou a ser filmado. Venha depressa para a gente ver.

O debate do programa “Aqui e Agora” sobre “Os perigos da Internet” veio provar o serviço público que é a televisão mesmo que a privada. Revelou ao mundo de forma clara, pelo menos, mais um dos grande perigos da Internet: O Moita Flores.

As frases

  • (a Internet) … nem abro…
  • (os blogues) … são mundos de devassa, de violação, de violentação…
  • A democracia desnuda-se à sua destruição…

E não fica por ai…

A interacção

Moderador: “Quem bloga está a dizer “Vejam que bem que eu escrevo. Mandem-me os vossos comentários…”
Moita Flores: “Porque não têm a capacidade de fugir da solidão”

O próprio moderador começa então (bem, talvez o tenha demonstrado desde o inicio mas eu estava a ser simpático) a revelar o evangelista que há em si:

“Uma mulher que pediu o divorcio do marido, em vez de lhe cheirar a camisa ou de lhe ir à carteira, foi-lhe à net e descobriu uma infidelidade.”

Foi-lhe à net. Note-se o bold e só não se sublinha para não parecer um link. Foi-lhe à net é algo de memorável. E para evitar surpresas desagradáveis neste momento vou telefonar à minha mulher dizendo-lhe que não me vá à net. O diabo pode tecê-las e ela descobrir que de quando em vez eu falo com outras mulheres aqui por estes lados… Ups. Ela já sabe.

O programa

Quem não viu faça o favor de visitar a página do programa Aqui e Agora referente ao debate em questão. Serviu para alguma coisa? Para pouco. Infelizmente esse muito pouco é mau. Muito mau. Imagino todas as casas em que mães e pais cientes da razão televisiva ao ver o Moita a falar tão eloquentemente sobre os perigos deste novo mundo, gritaram da mesa da cozinha: “Carlinhos, sai do computador. Já. Desliga a porcaria da Internet”.

p.s. Caro Lourenço Medeiros, diz-me a verdade: Sabias que a tua peça ia acabar nisto? Já cá andas há uns anos para saber que era má ideia. Precisas de ajuda para educar (no bom sentido é claro) essa gente por ai?

Na estreia de Battlestar Galáctica ouviu-se pela voz de Patrick Macnee:

Há aqueles que acreditam que a vida aqui começou lá fora, longe, algures no Universo, com tribos de Humanos que podem ter sido os antepassados dos Egípcios ou dos Toltecs ou dos Maias. Acreditam que eles possam ter sido os arquitectos das Grandes Piramides ou as Civilizações Perdidas de Lemúria ou Atlântida. Alguns acreditam que possam ainda haver irmãos do Homem que lutam hoje, para sobreviver, longe, bem longe, algures entre as estrelas…

Perante estas palavras é difícil não pensar que estamos a assistir a algo de épico e majestoso.

Glen Larson, o criador de Battlestar Galáctica (há aqui debate mas fica para mais tarde), resolveu juntar dois mundos que até então se encontravam em dois pólos opostos da realidade cultural norte-americana: Ficção Cientifica e Religião. Larson queria fazer uma série televisiva que levasse toda a gente a gostar de Ficção Cientifica mas também a debater assuntos mais sérios. A sua intenção era mostrar alguma ciência mas de forma a que não fosse necessário um curso superior para a entender e por outro lado falar de filosofia sem deixar os seus espectadores a dormir. A Religião era o ponto de união. Disse Glen Larson numa entrevista da altura:

Galactica é o Génesis. É sobre as origens do Homem. E todo o tema e até as subtis influências nas roupas e adereços, muitas destas coisas apresentam uma grande semelhança com “Os 10 Mandamentos” e coisas do género(…).


Esta aproximação à Religião não será completamente inocente. Larson era um conhecido crente na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (SUD) – muito influente nos Estados Unidos da América (o estado de Utah foi fundados pelos Mormons, os crentes nesta igreja) – e ele coloca nitidamente muito da sua crença nesta sua obra e isso vê-se até na base da história quando esta nos é apresentada num cenário pós-apocalíptico onde os sobreviventes partem na busca de uma terra prometida. Também o Livro de Mormon se passa historicamente quando o profeta Lehi tem uma visão da destruição de Jerusalém e consegue deixar a cidade com a sua família antes da desgraça. Mas vejamos mais exemplos desta aliança improvável…

a) As 12 Colónias foram fundadas pelas 12 Tribos de Kobol. terá existido uma 13ª colónia que se terá perdido das restantes, chegando a Terra e colonizando este planeta. No Livro de Mormon, aquando do exilio das Tribos de Israel, o profeta Lehi partiu de Jerusalém (cerca de 600 anos antes de Cristo) com alguns dos membros da tribo de José em direcção ao que hoje conhecemos como América.

b) Num dos episódios da série é revelada a origem de toda a Humanidade: Kobol. Kobol é nitidamente um anagrama de Kolob que para os crentes da SUD é a estrela mais próxima da casa de Deus. Existe ainda uma outra referência muito clara a esta ligação. Em certa altura é referida a nave “Estrela de Kobol” como o local onde se fazem as negociações entre Humanos e Cylons para chegar ao Armistício.

c) As Leis Universais são um conceito igualmente comum a Battlestar Galáctica e a SUD. Na série, toda a gente está sujeita a estas Leis que proclamam a liberdade de escolha como principio máximo de todas as coisas. Até aquele que é a representação do Mal, o Conde Iblis) só poderia controlar aqueles que de livre vontade aceitassem o seu domínio. Segundo a Criação na visão da SUD, o demónio terá sido expulso do reino dos Céus porque queria interferir com o livre arbítrio do Homem.

d) Também existe esta ligação entre Battlestar Galáctica e a SUD em situações de representatividade mais física como seja o caso da cena do casamento de Apollo e Serina. As palavras de Adama “(…) a união entre este Homem e esta Mulher não só para agora mas para todas as eternidades (…)” são quase uma citação das palavras proferidas na celebração dos casamentos na SUD quando se declara a união selada “para todo o sempre e para toda a eternidade”.

Há ainda quem defenda que Glen Larson impôs a Battlestar Galáctica conceitos religiosos de forma bem mais radical principalmente a partir do episódio “Guerra dos Deuses”. É neste episódio que surge a figura do Conde Iblis e rapidamente o espectador atento repara que a voz do Conde é a voz do Líder Imperial dos Cylons. Do ponto de vista mais radical, em ultima analise, os Cylons são assim, obra do demónio uma vez que este é personificado no Conde. Para Ivan Wolfe (que prepara actualmente uns capítulos sobre o tema para um livro a sair brevemente) por exemplo, é neste momento que se estabelece a base metafisica de toda a série. No entanto Ivan Wolfe é Mormon e eu não sou. É meu entendimento que a batalha pela sobrevivência Humana apresentada na Battlestar Galáctica tem efectivamente como base moral o Bem sobre o Mal mas dai a entender esta guerra como uma representação da necessidade de avanço espiritual da alma Humana…

Talvez esteja aqui o verdadeiro segredo da série original de Battlestar Galáctica. Os conceitos defendidos pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias são muito próximos do ideal de paz e amor que o Mundo procurava nos finais da década de 70. O Flower Power tinha já passado para segundo plano mas as necessidades espirituais de um Mundo recentemente marcado por guerras sangrentas (o conflito no Vietname tinha terminado há pouco) e na constante sombra da Guerra Fria mantinham-se como dantes. Tudo o que pudesse mostrar esperança era bem-vindo.

Este post surge na continuação de Battlestar Galactica – Parte I e continuará em breve no Battlestar Galactica – Parte III

Prt.sc is in the house. Agora as mais recentes do agregador (tanto que se fala deles ultimamente) que nasceu do Planeta Asterisco e do qual este vosso faz parte, estão ali na sidebar à distancia de um clique.

Este fim-de-semana descobrimos mais uma série que nos despertou interesse: Cane. A história da família Duque, cubana, com um negócio de rum e açúcar na solarenga Florida. dentro do género drama familiar que por ai tem aparecido, agradou-nos imenso. A seguir atentamente nos próximos tempos…

E por falar em séries, serei só eu a estar viciado em Life? Bem, pelo que mostra o Tv.Com não sou mas por cá não tenho lido muito sobre o tema. Há já muito (sei lá, desde Dexter) que não me agarrava assim a uma história “normal”… Life conta-nos a historia de um policia que esteve alguns anos preso acusado injustamente de um crime brutal. Ao sair da prisão por o declararem inocente e com uma fortuna de indemnização no bolso, estranhamente, volta ao activo na força policial mas com uma filosofia de vida muito diferente. E com uma hidden agenda também.

Com os recentes anúncios televisivos da Planeta DeAgostini a Galáctica voltou a ser noticia em Portugal. Battlestar Galactica já era muito falada mas por um grupo restrito de fans devotos (mais à frente veremos porque devotos é o termo certo) que acompanharam a série à medida que esta ia sendo exibida por esse mundo fora e, mais recentemente, através das edições em DVD á venda em Portugal e principalmente no estrangeiro.

Apesar de Battlestar Galactica ser uma série nova, para as pessoas da minha geração será quase impensável não referir a série original mais ainda porque a série actual transporta consigo muito do espírito que elevou a série original ao estatuto de série de culto.


Galáctica nasceu como uma estrela num firmamento que crescia na altura. Com o sucesso de Star Wars em 1977, a ficção cientifica estava a tornar-se mais popular saindo do nicho de “estranhos” a que até então pertencia. Surge Galáctica. Contando com um elenco de luxo como Lorne Greene como Comandante Adama (comandante da Galáctica e Presidente do Conselho), Richard Hatch como Apollo (filho de Adama, lider do Esquadrão Azul), Dirk Benedict como Starbuck (tenente no Esquadrão Azul, melhor amigo de Apollo), Herbert Jefferson Jr. como Boomer (também membro do Esquadrão Azul e o génio da electrónica), Terry Carter como Coronel Tigh (o segundo na cadeia de comando da nave) e Maren Jensen como Athena (filha de Adama e também piloto) entre muitos outros, Galactica garantia desde a génese ser um sucesso. O episódio piloto é o mais caro episódio de televisão feito até então. Foram duas horas de estrondoso sucesso alcançando ratings como poucas vezes tinham sido vistos.

Aquilo que estava inicialmente previsto para ser uma série de 3 tele-filmes rapidamente evoluiu para uma série televisiva mas que mesmo assim estreou nos cinemas do Canadá, do Japão e em muitos países da Europa. Só para o Canadá a Universal comprou 80 cópias do episódio piloto estreando Galáctica em mais salas de cinema do que “Tubarão” que tinha na altura cerca de 50 ou 60 cópias em distribuição. No Japão Galáctica ultrapassou “Brilhantina” nas salas de cinema.

O episódio piloto estreia na ABC a 17 de Setembro de 1978 e os espectadores tiveram acesso a algumas cenas extra que não constavam das versões para cinema. Seguiram-se 20 episódios no total de 24 horas que foram transmitidos durante os 8 meses seguintes.

Apesar de toda esta grandiosidade e de um orçamento de 1 milhão de dólares por episódio as audiências diminuiram logo durante a primeira temporada e a série acaba por ser cancelada em 29 de Abril de 1979 com o último episódio “A mão de Deus”. Ironia do destino, nesse mesmo ano Galáctica ganha o prémio da melhor série dramática. Sobre o tema, Dirk Benedict (Starbuck) escreveria mais tarde no seu livro “Confessions of a Kamikaze Cowboy”:

… fosse por que razão fosse. Battlestar Galáctica não foi capaz de acompanhar o seu lançamento como blockbuster. Os níveis de audiência baixaram e finalmente estagnaram num nível que teria sido suficiente para qualquer outra série televisiva se manter no ar. Mas não para um projecto que tinha escrito “Numero Um” na testa e que era como tal considerado por todos ainda meses antes do seu lançamento. Qualquer coisa que não o topo era próximo demais do fundo e logo não era suficientemente bom.

Também Glen Larson disse numa outra ocasião:

Penso que nós (com o cancelamento) demos um gigantesco passo atrás para a ficção cientifica. Nós tínhamos a rara oportunidade de verdadeiramente abrirmos a fronteira e falar sobre o que poderá acontecer lá fora no espaço. Não tem que ser tudo sobre robots e máquinas voadoras.

Esta primeira série fez desde o inicio fans fervorosos que não ficaram nada satisfeitos com a decisão da ABC. Tanta foi a pressão sobre a estação que em 1980 vai para o ar Galáctica 1980 mas esta só dura 10 episódios. Pouco empenho da estação e uma produção muito fraca terão sido os principais motivos. Ainda assim, o culto estava para ficar. A Galáctica estava destinada a não desaparecer.

Entre aqueles que mais defendiam o espírito da Galáctica estava Richard Hatch o actor que desempenhava na série o papel de Apollo filho do Comandante Adama. Para tentar convencer potenciais investidores e os estúdios de televisão norte-americanos, Richard Hatch produziu um filme que, com a ajuda dos principais intervenientes da série e com espectaculares efeitos especiais, veio criar mais uma lenda deste verdadeiro novo Universo. Ainda assim, a série não regressaria aos canais de televisão.

Mas qual seria o segredo de Galáctica para causar tão fortes paixões? O que estaria por detrás daqueles cenários, naves e robots que não deixava que se perdesse um episódio?