Pedro Rebelo outra vez a revisitar o Walter Benjamin

Fazer as coisas “ficarem mais próximas” é uma preocupação tão apaixonada das massas modernas como a sua tendência a superar o caráter único de todos os factos através da sua reprodutibilidade. A cada dia fica mais irresistível a necessidade de possuir o objeto, tão perto quanto possível, na imagem, ou antes, na sua cópia, na sua reprodução. A cada dia fica mais nítida a diferença entre a reprodução, como ela nos é oferecida pelas revistas ilustradas e pelas atualidades cinematográficas, e a imagem. Nesta, a unidade e a durabilidade se associam tão intimamente como, na reprodução, a transitoriedade e a repetibilidade.

Walter Benjamin

Sendo um desabafo meu, poderia ser esperado que tivesse um intento, um claro objectivo, radicalmente, um alvo.

Não tem. Não agora, não aqui. Serve essencialmente para me lembrar que não desisto, para me lembrar que aprendi cedo que o poder se conquista e que, mesmo que várias formas possam contribuir para tal, umas terão mais valor que outras e dependerá dessas o respeito que o poder nos merece, logo, a força do mesmo.

 

Porque tenho a impressão de que não me vejo livre do Walter Benjamin tão cedo.

Porque tenho a impressão de que não me quero ver livre do Walter Benjamin.

Porque ontem, numa reflexão sobre o dito, me estiquei até mais não.

Porque acho que o Walter Benjamin queria dizer muito mais do que o que disse.

Porque sim.

Porque muito ainda há a dizer. De certeza.