Tenho estado a ler (entre um monte infindável de outras coisas) “Everything Bad is Good for You – Why Popular Culture is Making Us Smarter” (Tudo o que é mau é bom para ti – Porque é que a cultura popular nos está a tornar mais espertos) de Steve Johnson e sinceramente acho que talvez seja um dos melhores livros que tenho lido ultimamente.

Televisão demais com violência a mais, jogos de computador demais com violência a mais, musica a mais com violência a mais… Tudo é demais e com violência a mais. Bem, talvez a coisa não seja completamente má.

Steve Johnson tenta (e consegue) mostrar como a complexidade por trás da aparente futilidade atribuida à chamada “cultura de massas”, é na realidade tão ou mais desafiante e mentalmente estimulante do que muito do que é transmitido e “impingido” na transmissão cultural “convencional”.

E exemplifica:

Há alguns anos atrás decidi introduzir o meu sobrinho de sete anos de idade às maravilhas do Sim City 2000, o lendário simulador de cidades(…). Uma hora depois, eu estava concentrado em recuperar uma determinada zona industrial da minha cidade e estudava as minhas várias opções quando o meu sobrinho disse: “Penso que devemos baixar os impostos industriais.” Ele disse isto com a mesma naturalidade e confiança com que poderia ter dito “Acho que temos que matar o gajo mau”(…). O meu sobrinho estaria a dormir em 5 minutos se tivesse numa sala de aula sobre estudos urbanos mas de alguma forma, uma hora a jogar SimCity 2000 ensinou-lhe que impostos elevados em áreas industriais são um impedimento ao desenvolvimento.

Steve Johnson mostra-nos que os jogos de computador evoluiram no sentido de se compararem à realidade ou seja, o seu primeiro objectivo é cada vez mais levar o jogador a perceber qual é o objectivo o que não é mais ao fim e ao cabo do que a nossa vivência do dia a dia. Os jogadores hoje são levados a explorar e a testarem várias hipóteses de forma a conseguirem perceber o jogo e avançar no mesmo…

E ainda não cheguei ao capitulo sobre televisão.

Agora pensem nas infindáveis horas que passamos com Lost ou com 24 e imaginem a ginástica cerebral a que nos obrigamos para relacionar as 5, 6, 7 ou mais histórias que se desenrolam em cada episódio. O esforço despendido para relacionar essas mesmas histórias com os episódios anteriores…

Este post não é uma análise a “Everything Bad is Good for You – Why Popular Culture is Making Us Smarter” . tal como referi no inicio, tenho estado a ler, ainda não o acabei. De qualquer forma, apeteceu-me deixar a nota, o livro é fantástico.

3 thoughts on “Coisas más que afinal são coisas boas.

  1. Aqui está um dos géneros de livros que gosto de ler (nunca fui muito de ler romances etc)
    vou ver se o leio este verão, despertaste-me o interesse.

  2. Não tem nada a ver com isto, mas a que raio de feztival foste tu!??! Até tiras fotos ao Secante André!!!!!

  3. Snakk3, ainda bem. Essa é a principal razão pela qual escrevo (bem, uma das principais): despertar interesses.

    SS, fica para outro post. Assim que tiver tempo.

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