Comentei há uns dias atrás, sobre um post no A Source of Inspiration, que o Armando Alves nos lembrava que, ainda que indivíduos sociais, nós somos antes de mais, indivíduos. Temo que muita gente se esteja a esquecer disso. Vou particularizar.

Tirando algumas situações muitos especificas tais como a Novela Barclays ou o paradigmático caso de A Letra L (sobre o qual ainda muito se escreverá), aqui o browserd.com raramente foi alvo de grandes avalanches de comentários. Tal como em muitos outros blogs pessoais, as visitas vão passando, algumas lendo, e algumas comentando mas são mais as que passam do que as que lêem e mais estas do que as que comentam.

O valor dos comentários

É certo que como autor, me interrogo por vezes, porque raio alguns dos meus textos sobre temas eventualmente mais polémicos não provocam comentários ou porque outros aparentemente sem grande “profundidade”, dão origem a verdadeiras tiradas de mestre comentador… Ainda assim, não faço disso uma questão existencial. É assim porque sim e, como não estou nisto para ganhar dinheiro, não me preocupo muito. Comenta quem quer, neste espaço que é meu.

Já tinha por hábito divulgar no Facebook, assim como no Twitter, cada texto ou fotografia que aqui publicava, através de um link e uma pequena nota. Quem tinha interesse em ler, clicava no link e visitava o site.

Na boa tradição da hipertextualidade, pelo milagre dos links, muitas vezes, quem vinha atrás de uma fotografia da Scarlett Johansson, acabava a ler um texto sobre Woody Allen e dai a um livro sobre filosofia era um pulo (ou um clique)…

Os posts do blog no Facebook.

Há uns tempos atrás, usufruindo das possibilidades dadas pelo Facebook, passei a replicar os posts do browserd.com, nas Notas dessa rede. Com um desfasamento temporal incerto (que o Facebook é o maior nestas coisas da incerteza), umas vezes algumas horas, outras vezes vários dias depois, os posts do browserd.com lá aparecem no Facebook, das minhas Notas, para o meu Mural e deste para todos os meus “amigos”. Comment Frenzy on the Way… É ver os comentários a aparecer. E os Like e… Pois. E é isso.

Convenhamos, eu gosto de comentários. É saudável comentar e responder a quem comenta mas, e o meu site, o meu blog?

Quantas vezes chega alguém perto e mim e me diz «… aquele teu texto do Facebook…» referindo-se claramente a um qualquer texto que escrevi no browserd.com? São muitas acreditem. Deusas, eu escrevo esses textos no meu blog e não no Facebook. Eles são replicados no Facebook.

O meu blog é a minha casa, o meu castelo. O Facebook é o café da rua, o bar da esquina.

Perguntava-me o Bruno Amaral um destes dias, porque não fazia eu como ele, e publicava só links no Facebook? Eu entendi o que quis dizer. Ele por vezes publica por lá mais que isso. Um pequeno desabafo, uma nota solta, um qualquer Call to Action mais imediato, faz sentido. Mas os textos do meu blog? Definitivamente, esses vão voltar ao meu blog. E os links para os textos, esses vão para o Facebook, para o Twitter e para todos os outros sítios onde houver quem eventualmente os queira ler. E comentar.

18 thoughts on “O Blog e o Facebook. Decisões.

  1. Caraças, uma discussão num blog como não via há muito tempo! :D

    Agora mais a sério e começando por agradecer a menção; Já repararam que estamos a ter a mesma conversa que tínhamos há uns anos sobre as feeds rss?

    Ora se publicava o excerto e obrigava o leitor a ir ao blog ou então partilhávamos a feed completa para ele poder ler tal como achasse melhor.

    A diferença é que a feed rss não nos tira a interacção e os comentários, o facebook praticamente toma posse do conteúdo que lá publicamos.

    Gosto e vou sempre gostar dos blogs, porque obrigam a um diálogo em pé de igualdade e porque só se faz um bom blog com muito trabalho e dedicação.

  2. Excelente artigo, sobretudo numa fase em que o Facebook “ameaça” a continuidade dos blogs, como os conhecemos.

    Pessoalmente, não sou fã do FB, embora utilize para divulgar o meu blog, sem grande sucesso acrescente-se :)

    Sou fã do formato microblog, aka Twitter, mas nem esse espaço me retira o prazer e a vontade de escrever e publicar artigos no Portal Pessoal.

    Continua a ser o meu projecto, o meu canto, onde posso falar sobre temas que me fascinam ou que me irritam profundamente. O Twitter serve essencialmente para rants e o FB… bem… para me lembrar dos aniversários dos amigos.

    Espero que continues a partilhar neste espaço os teus pontos de vista, que eu continuarei a visitar assiduamente e a comentar sempre que o entender.

  3. Olá Pedro.

    Temo que a cultura de conteúdos em modo snack tenho prejudicado os blogs de modo irremediável. Gosto de pessoas como tu, que escrevem sobre o importante e sobre o acessório. Sobre o gourmet e sobre a tasca. Sobre o universo e sobre as pulgas do seu gato. E fazem-no com cuidado e a seu tempo, sem preocupação por Likes ou se ultrapassa os 140 carateres.

    E isso o Facebook e o Twitter nunca vão tirar aos blogs. Tal como as pessoas, os blogs merecem ser não apenas pesquisados, mas sobretudo encontrados. Ir de “uma fotografia da Scarlett Johansson a acabar a ler um texto sobre Woody Allen” e saber que a pessoa que escreve as linhas partilha algo connosco.

    Acabo com uma frase que tenho que publicar na forma de foto, acerca do meu já jurássico blog:

    “You don’t get a PageRank 6 blog without making a few friends”

  4. Eu tenho um blog e sinto exactamente o mesmo… Várias vezes pensei em acabar com o blog e começar a publicar tudo no facebook.

    Mas rapidamente mudo de ideias…. Não é a mesma coisa e não tem a mesma magia! =)

  5. confesso que publico os posts como notes, e percebo o teu ponto de vista… mas não sinto o que tu sentes. o facebook continua a ser dos sites que mais gente traz ao meu blog, e no fundo penso nele como um agregador de conteúdo, uma espécie de leitor rss para quem não se dá ao trabalho, ou não conhece o blog mas que me tem na sua lista de “amigos”. são pessoas que normalmente não veriam o meu blog, nem subscreveriam a feed rss… uma espécie “added bonus” de leitores. o conteúdo continua a ser o essencial (mais do que o nome do blog) e se chegar a mais gente, melhor.

    e tal como me chateia que as pessoas decidam partilhar apenas parte da feed rss (é unsubscribe garantido, a não ser que o conteúdo seja mesmo muito bom), também me irrita que me obriguem a clicar num link para ver o conteúdo quando não há necessidade disso – a maior parte das vezes não me dou ao trabalho. como imagino que haja mais como eu, partilho o texto todo e pronto.

    a ti, vou continuar a seguir-te no google reader! :)

  6. Ana, a diferença entre o rss e o facebook é que partilhar o texto completo no facebook não vai poupar mais um clique ao leitor.

    Com a feed de rss completa isso Ja acontece, com o bónus de se poder ré-utilizar o conteúdo para outros fins.

    E olha que eu Ja sigo o meia de leite pela rss feed há uns tempos :)

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