O Professor Jorge Rosa lançou-me este desafio no Livro das Trombinhas: Listar 10 livros que tenham mudado a minha vida. Ora bem, eu quase sou capaz de afirmar que todos os livros que li mudaram a minha vida mas, como a vida é feita de escolhas, e estas por vezes são limitadas a um determinado numero de opções, aqui fica uma lista de 10 livros, pela ordem em que entraram na minha vida.
10 livros que mudaram a minha vida
- Watchmen de Alan Moore e Dave Gibbons. Aos 13 anos, entre mil heróis desenhados em papel, surge um (ainda hoje a dúvida: Herói? Anti-Herói? Vilão?) que me diz: “My name is Ozymandias, king of kings: Look on my works, ye Mighty, and despair!“. Eu estava conquistado. Quem não estaria?
- As Minhas Aventuras Na República Portuguesa de Miguel Esteves Cardoso. Na noite em que fiz 15 anos, em 1988, recebi de uma amiga da minha mãe uma prenda sui generis. Uma folha a4, fotocopiada. No titulo podia ler-se “A Aventura dos 15 Anos”. Nessa noite percebi que gostava de ler assim e, mais importante ainda, que queria um dia escrever assim. Dois anos mais tarde comprava o livro. Até hoje, comprei-os todos.
- Para Além de Bem e Mal de Friedrich Nietzsche, que me trouxe alivio e companhia, afastando ao mesmo tempo uma estranheza imensa, feita revolta, diziam eles, sem sentido.
- Requiem: uma alucinação de António Tabucchi. Num período complicado (quando não há períodos complicados naquela idade, parece que não se está verdadeiramente a viver a vida) uma amiga ofereceu-me este livro. Juntei-me de novo a Lisboa, voltei a ver o rio que me separava dela não como um obstáculo mas como um caminho a fazer para chegar ao outro lado. Chegado a esta margem passei a sentir cada rua, cada viela, cada tasca como minha, como parte de quem queria ser. Ainda cá vivo. Ainda o leio. Obrigado Karina.
- The Hacker Crackdown de Bruce Sterling, porque tinha acabado de me ligar à Internet em casa quando me caiu nas mãos e me ajudou a abrir os olhos para ver melhor o futuro que ai vinha, mesmo relatando o recente passado.
- O Estranho Caso do Dr. Jekyll e de Mr. Hyde, por ainda hoje me lembrar que, impotentes perante ela ou únicos senhores capazes de dominar a besta, cabe a nós a decisão.
- Wilt de Tom Sharpe, porque com ele ri frente a um livro como nunca tinha rido antes e com ele conheci um dos meus autores favoritos.
- A Pele do Tambor de Arturo Perez-Reverte. Vaticano, computadores, assassinos… A Susana ofereceu-me este livro sabendo que eu iria adorar. Adorei. Porque muito além do thriller de aeroporto, Perez-Reverte (de quem leio quase tudo desde então) mostra nos seus personagens e histórias, um pessimismo que me é familiar e um reconhecimento de que, ainda que assim seja, a vida é para ser vivida.
- As Flores do Mal de Baudelaire, que me levaram às visões de uma decadência real, que existiu (existirá ainda?) e que o autor (tal como eu também decidi fazer um dia) resolveu aceitar. É uma inevitabilidade. Que seja então. Mas com a consciência de tal, que a aproveitemos da melhor forma.
- Ficções de Jorge Luis Borges, porque me fez viajar por mundos possíveis como nunca antes as letras tinham conseguido. Porque li cada página como quem estuda um movimento de Xadrez, pensando em tudo quanto virá depois, convencido de que tudo está já escrito (Umberto, diz lá a verdade, era Borges o teu leitor visado não era?).
E vocês? Que livros vos mudaram a vida? Que livros lembram ainda hoje?
Então, por ordem cronológica: 1. Epopeia de Gilgamesh; 2. Odisseia – Homero ; 3. Bíblia (apesar de não ser religioso); 4. Morte de Artur – T. Mallory; 5. Os Lusíadas – Camões; 6. A Relíquia – Eça; 7. Siddartha – H. Hesse; 8. O Senhor dos Anéis – Tolkien; 9. Fernão Capelo Gaivota – R. Bach; 10. Crónicas de Gelo e de Fogo (ou Guerra dos Tronos) – G. R. R. Martin
Boas Nuno, bem vindo aqui ao sitio… Grande lista sim senhor. E que bom foi lembrar Fernão Capelo Gaivota, efectivamente, um marco inesquecível para quem o leu na altura certa (ainda que o conceito de altura certa para ler um livro possa – e deva – variar). Lembro-me de o ler e reler… E outros…
Boas memórias sim senhor…
Quanto à Bíblia… Raios. Falha minha… Ainda não consegui. Já tentei, mas ainda não consegui.
Pedro, quanto à Bíblia, a parte mais difícil são as primeiras duas mil páginas. A partir daí… “piece of cake”!