Ontem foi dia de compras. Bem, pelo menos duas. Uma para a Patrícia. Dora e o Mapa dos Contos de Fadas. A sério. Não perguntem. Eu nem sabia quem era a Dora. Mas pai babado, a filha pediu e até não custa assim tanto e lá o fui comprar. Aproveitei e comprei também “O Voo do Corvo”.

O Voo do Corvo

Já várias vezes tinha pensado comprar este livro e por uma razão ou outra ainda não tinha calhado. Desta vez é que foi. O folhear das páginas foi mais que suficiente para me encantar com o seu estilo de desenho assim a dar para o cinemático, grandes planos e aquela sensação de still images (que por incrível que possa parecer, não é comum na banda desenhada)… Estamos na Paris ocupada da Segunda Grande Guerra. O dia começa com Jeanne numa cela de esquadra policial quando se dá conta de que antes presa pela policia francesa do que apanhada pelos alemães…

Jean Pierre Gibrat é um dos mais conceituados autores de BD dos nossos dias com prémios vários (aliás, o segundo tomo desta obra foi vencedor do Prémio de Desenho no 33º festival de Angoulême) e este é daqueles livros em que se pode entender porquê. Podem descobrir um pouco mais lendo esta entrevista ao autor (nota: a entrevista está em francês mas podem sempre usar o Google Translate.)

Upss. Mais uma vez, dias a fio sem escrever… Montes de coisas novas ao mesmo tempo e depois é no que dá, descura-se a escrita. Espero que isto mude muito em breve. Adiante. As novidades:
Mundo Mix 2007 Este Sábado fomos ao Mundo Mix. Já lá tínhamos ido o ano passado altura em que conhecemos pessoalmente o João (lembram-se do VisitanteX?) e a Isa (da Isamachine) e como gostámos da coisa decidimos lá voltar este ano. Mais expositores do que o ano passado, aparentemente mais bem organizada e muita, muita coisa engraçada. Não, não é uma festa hippie como alguns colegas meus me referiram, aliás, a Susana encontrou lá um dos seus administradores e não me pareceu que fosse parte integrante do movimento Flower Power. Um novo colar, uma nova mala e um Cappucino mais tarde saímos do Castelo de São Jorge eram já 22h00. Ao que parece a festa continuaria num famoso bar de Lisboa mas não era a nossa onda… Descemos à Baixa, subimos a Rua dos Fanqueiros e já à queima-roupa (fechava às 23h00) entrámos na Casa da Mó, um restaurante relativamente novo ali na Rua Condes Monsanto, e com muito bom aspecto. Sim, é verdade. Existe um restaurante aberto na Baixa de Lisboa ao Sábado às onze da noite. Tendo em consideração que a maioria dos Clientes estava já a abandonar o recinto optámos por não nos alongar nas escolhas gastronómicas e pedimos o que nos pareceu mais simples: O bife à Mó e a costeleta de novilho. Note-se que não por falta de outros pratos. A lista era extensa e bem dividida entre carnes, peixes e especialidades alentejanas (as quais ficarão certamente para outra ocasião). Pois que ambos os pratos escolhidos vinham muito bem servidos e saborosos como se esperavam. O serviço muito atencioso também agradou. O espaço é bem engraçado (traça Pombalina, mobília italiana) e parece viver muito de Clientela estrangeira (a proximidade dos hotéis a tal ajudará). Não bebemos vinho e não comemos sobremesa (a sério que estávamos já satisfeitos) mas mesmo assim o preço não foi baixinho. Não é certamente para todos os dias mas há que experimentar novamente.

E mais coisas? Comprei finalmente a primeira parte da série televisiva V. V A Mini SérieLembram-se dela? Lagartos e humanos? Já tinha em tempos encomendado da Australia a V The Final Battle pensando que se tratava da série completa. Não era. Já os lagartos estavam na Terra e a Resistência em força… Muito tempo se passou e nunca mais me lembrei de tal coisa até que um destes dias vi uma promoção na FNAC em que a edição que eu tinha comprado estava a um preço muito, muito baixo. Questionei o empregado sobre a primeira parte da série e, – ó Portugal, Portugal – não foi editada por cá. Encomendei V the mini series na Amazon e já cá canta. Agora é só ter tempo para rever a série na totalidade.

Mas as compras não se ficaram por aqui. Comprei também o livro New York Interiors. Acreditem, há gente para tudo. A editora já nos foi habituando a ver das maiores excentricidades e este livro não deixa o crédito em mãos alheias. A casa do Donal Trump é um exemplo mas também lá podem ficar a conhecer a casa do lider dos famigerados Hell’s Angels em Nova Iorque… Para quem gosta de casas. Para quem adora Nova Iorque.

Um destes dias numa livraria entretive-me pela zona das revistas e entristeci ao folhear algumas daquelas revistas que comprava há uns anos atrás (Creative Arts, Photoshop User, Creative Design entre outras) e a verificar que estavam recheadas de coisas novas e muito interessantes e das quais não ando muito a par. Hoje, noutra livraria eis que a minha frente estava New Design: Tokyo – The Edge of Graphic Design. Comprei. É design, é gráfico, é Japão… É muito bom. Há já muito tempo que não investia em inspiração. Tinha chegado aquela fase em que pensava “mas porque raio ando a gastar tanto dinheiro se não lhe dou uso?”. Má escolha. O dinheiro gastei-o de qualquer forma e fiquei a sentir falta das formas, das cores… Aos poucos a inspiração pode voltar a dar as caras por aqui… Ainda não perdi a esperança.

Michael Crichton NextAcabei de ler Next, o mais recente livro de Michael Crichton que redescobri após a leitura de State of Fear. Também em Next apanhei uma pequena desilusão ao chegar ao fim do livro. Mais uma vez Michael Crichton leva o livro num constante crescendo para me dar um fim (ainda que não tão esperado como o de State of Fear) simples e não muito aprofundado. Queria mais. No entanto, o mais impressionante disto é que, mesmo assim, mal posso esperar para deitar a mão noutro livro do autor. Leitura fast paced como há algum tempo não via. Daquela que me faz perder a paragem do Metro e descer na próxima.

Já deu para perceber que o Michael Crichton é do género que pega num assunto que o esteja a interessar de momento, investiga-o até mais não e depois pimba: sai um livro estilo tecno-thriller. Em Next volta a um tema já por si abordado anteriormente em Jurassic Park: A genética. Aqui, tal como no livro dos dinossauros, há um interesse financeiro na trama mas enquanto no anterior titulo era a industria do divertimento quem mexia os cientistas aqui é a ideia do total aproveitamento do ADN para as mais variadas formas de exploração comercial. Os genes aqui são brinquedos com que se brinca e por vezes de forma um pouco irresponsável.


Neste livro existem muitas histórias diferentes que se relacionam na sua complexidade e se nos são apresentados alguns dos personagens tipo de Crichton este também nos supreende com alguns dos mais notáveis que já criou. O milionário filantropo e o empresário de sucesso são prato certo. Temos ainda o cientista de genética mas homem de fé e com uma queda notável para a politica. Junte-se uma advogada, gira, mãe solteira e mulher d’armas ainda que não pareça e a coisa começa a aquecer. Uma pitinha, quer dizer, uma pitada de juventude com uma miuda de 16 anos que experimenta tratamentos de fertilidade a troco de uns dolares para comprar implantes mamários. Perversão em dose certa com um segurança que ora come a mulher do patrão ora sonha com as cheerleader fresquinhas dos clubes locais. Adicione-se para finalizar um chimpanzé com origens por demais reveladoras para o resto da história de forma que não as irei contar aqui e Gerard, um papagaio que sabe fazer contas, imitar shotguns (caçadeira tipica de filmes americanos) e, a cereja ou melhor, a metade do morango em cima do bolo, imita na perfeição os sons de um marido a receber calorosamente a amante quando a mulher está fora em trabalho… Cozinhado de complexidade elevada.

Next faz-nos rir e ao mesmo tempo faz-nos pensar também no uso comercial abusivo que a ciência pode ter. Faz ainda pensar no quão dificil deve ser fazer leis quando o tema é tão fortemente rodeado de questões éticas e morais mas ao mesmo tempo de vital importância para o futuro da Humanidade.

Tal como o próprio Crichton escreve, “… este livro é ficção exeptuando as partes que não o são.”.

p.s. Querem saber o que é que isto tem que ver com as loiras? É favor ler o livro. Está à venda na Amazon por £10.79

State of Fear coverTenho estado a cumprir um dos objectivos que tracei para o ano de 2007: Ler um livro por mês. Acabei agora de ler “State of Fear” de Michael Crichton que por cá foi editado com o nome de Estado de Pânico. Foi mais uma das minhas compras nova-iorquinas e posso dizer, muito bem comprado. Gostei muito do que li. Não lia Michael Crichton desde “Congo” que li há uns bons 18 ou 19 anos atrás e foi como se nunca o tivesse lido. É certo que Michael Crichton também me tem acompanhado ao logo destes anos seja através de filmes como Jurassic Park e Disclosure ou pela já incontornável referência televisiva que é E.R. (Serviço de Urgência) mas um livro é sempre um livro e este achei-o muito bom. A sério. Sendo que não tenho muito tempo livre para leitura, este foi daqueles livros que me levava a ler mesmo quando em pé numa qualquer carruagem de metro fosse pela manhã ou ao final do dia.

O autor faz um bom uso do seu background cientifico (estamos a falar de uma licenciatura em Medicina de Harvard) quer nos temas que aborda quer na forma como documenta os factos e neste caso em particular os factos são muitos. Mas vamos por partes. State of Fear fala-nos do fenómeno do aquecimento global e do verdadeiro mercado que se criou à sua volta dando-nos a entender que este tipo de mercados se cria à volta de muitos mais fenómenos do género. Aqui etá um livro de conspirações globais em que os maus da fita não são os Estados Unidos, a CIA ou o Vaticano. Neste livro espelha-se uma realidade em que muita gente já pensou mas que não se fala porque até nem fica nada bem… Falar mal dos ecologistas? Justificar o degelo? Informar que Quioto não perdeu grande coisa por não ter sido subscrito pelos Estado Unidos (sim, informar)? Nem sei como não houve para ai manifestações a quererem queimar o homem na fogueira…

Aqui temos terroristas. Verdes, tecnológicos e de armas automáticas em punho. Ora estamos no meio do gelo, numa plataforma de investigação com tecnologia NASA ao dispor, ora estamos numa ilha tropical com canibais em transe. Viajamos entre Paris, Malásia, Vancouver e Tóquio. E tudo tão real. Quase que os sentimos. E os diálogos??? Autênticas palestras que nos deixam agarrados a cada frase esperando a outra que vem a seguir… Tal como escrevi acima, gostei. Muito. É certo que por vezes me encontrei a pensar que já sabia o fim,e era verdade, que sabia como se iria desenrolar certa situação, e era também verdade mas sinceramente, entre a minha percepção e a confirmação textual da mesma mais mil situações se colocavam elevando assim a fasquia do desafio.

Venha o próximo.