santaaliancaAcabei finalmente de ler A Santa Aliança – Cinco Séculos de Espionangem do Vaticano. Este livro deve ter sofrido um pouco com o timing em que por cá apareceu. Talvez muita gente o tenha comprado na fúria d’O Código e depois ao verem do que realmente se tratava nem o leram pois não era o que procuravam. Outros talvez nem o tenham aberto precisamente por pensarem que se trata de mais um produto a sofrer do sindroma Código. levanto estas situações uma vez que já assisti a ambas. Já o escrevi antes e volto à carga: desiludam-se. Neste livro há mistérios, conspirações, crimes vários tais como esfaqueamentos, envenenamentos e mortos á bomba. Há de tudo. São mesmo cinco séculos de intricadas tramas em defesa da instituição. Mas não é romançe. É a realidade a terminar o relato já com Joseph Ratzinger como Bento XVI. É a realidade que nos mostra que o Sumo Pontifice tem uma missão não só com Deus mas também com o Estado. O seu Estado.

Este livro dá ainda a quem o lê, o prazer de pequenas pérolas como a curiosidade sobre o nome do Papa que sucedeu a Paulo VI. A 26 de Agosto de 1978 no segundo dia do conclave para eleger o novo Papa, depois de aceitar o cargo, perguntaram ao cardeal Albino Luciani qual o nome pelo qual queria ser tratado ao que ele respondeu João Paulo. Logo um dos outros cardeais disse “Ficarás então conhecido como João Paulo I” mas rápidamente se apercebeu do engano uma vez que a nomenclatura I só deverá ser usada quando da existência de um II. Mas o já Papa João Paulo I disse: “Que seja João Paulo I que o segundo virá em breve.”.

A nota que acompanha a contracapa do livro diz-nos quase tudo:

“Se o Papa ordena liquidar alguém na defesa da fé, faz-se isso sem fazer perguntas. Ele é a voz de Deus e nós [a Santa Aliança] somos a mão executor”.
Cardeal Paluzzo Paluzzi, chefe da Santa Aliança, século XVII

Estou a ler três livros ao mesmo tempo. E porquê? Porque quero desesperadamente voltar a ler com o prazer de ler e não só porque preciso (independentemente de precisar de ler para me sentir normal ou para aprender a trabalhar melhor com uma qualquer aplicação). Já troquei o laptop por um dos livros no tempo de viagem entre o deserto e Lisboa. Deixei os outros dois bem à mão cá por casa de forma a que possa tropeçar neles por onde quer que vá. Talvez a altura não seja a melhor tendo em conta todo o trabalho que tenho e alguns outros projectos pessoais em que me queria empenhar mas tem que ser. Há que manter a (dúbia) sanidade mental e para tal há que estabelecer prioridades e interesses. Mais dia menos dia tenho ai a Patricia a falar e a perguntar por este ou por aquele livro dos que estão aqui numa qualquer prateleira e não quero ficar sem saber o que lhe dizer (é uma boa desculpa não?)… Adiante…

O Cego de Sevilha é o que está cá em casa há mais tempo. Encantei-me por Robert Wilson com o seu Último acto em Lisboa e fui na conversa de um livreiro inglês que conheci o ano passado em Nerja. “The best thriller I’ve read in the last year was The blindman of Seville…”. Estava decidido. Comprei o livro assim que cheguei a Lisboa. Ainda não posso falar sobre o mesmo a não ser que o estilo da escrita é aquele que eu já conhecia e que me está a agradar.

A Santa Aliança é história. Na loucura dos Códigos e dos segredos, das conspirações de igrejas e seitas, eis que um autor peruano nos apresenta a história de uma verdadeira instituição, mostrando aquilo que se quis reservado durante vários séculos. Desiludam-se os cépticos. Trata-se de um estudo (e bastante bibliográfico) sobre os serviços secretos do Vaticano, desde a sua criação aos dias de hoje. Por vezes algumas pessoas parecem esqueçer que o Vaticano é um Estado e enquanto tal protege os seus interesses da mesma forma que os outros. Eric Fratinni é já famoso por outras obras que tocam temas sensiveis nomeadamente no campo da fé e da religião tais como Osama bin Laden, la espada de Alá (2001) ou Secretos Vaticanos (2003) e A Santa Aliança vem mostrar uma vez mais o gosto pela investigação deste autor.

Cryptonomicon. O nome é uma referência clara ao Necronomicom um livro inexistente criado nas obras de terror gótico de H.P. Lovecraft. Necronomicom seria assim, o “Livro dos nomes mortos” e por ai poderemos entender a referência à obra de Neal Stephenson que numa tradução livre do Grego seria “O Livro dos nomes escondidos”. Stephenson escreve Cryptonomicon à volta de códigos de encriptação. Viajamos mentalmente entre a Segunda Guerra Mundial e os dias de hoje, mas sempre em volta dos tais códigos. É um technothriller (não me parecendo por enquanto ubbergeek) mas não deixa de ser também, um livro de ficção histórica. Mais uma vez, guardarei os comentários para outra ocasião.

Então mas porque raio estive eu a escrever isto? Não é para dizer o que penso destes livros? Não. Escrevi porque me apeteceu dizer-vos (partindo do pressuposto que alguem chegou até aqui ao fundo) o que estava a ler. Nunca se sabe quando alguem está a ler ou já leu um deles e tem opiniões a dar, ideias a discutir… Ou talvez não tivesse outro assunto hoje.

E por onde andámos ontem? Se vos disser que perto da meia-noite ouviamos cantos gregorianos no mais emblematico monumento templário de Portugal ? E se vos disser que durante aproximadamente 6 horas, juntamente com algumas dezenas de pessoas, percorremos no Convento de Cristo, caminhos e salas cujas portas raramente se abrem aos visitantes em horario habitual?

Imaginam Guilherme de Baskerville gritando “Adso! Adso!” em desespero ao ver que arde “… a maior biblioteca de toda a Cristandade.”? Pois podem imaginar. E podem ver também. Lembram-se de vos ter falado dos Fatias de Cá? Pois foram eles que representaram o famoso texto de Umberto Eco O Nome da Rosa (se não leram o livro ao menos viram o filme certo?), transformando o Convento de Cristo numa abadia algures em Italia onde misteriosamente frades Beneditinos morriam que nem tordos e onde Franciscanos e Dominicanos (chamados pelos primeiros de Cães do Senhor – Domini Cannis) se reuniram uma noite para, numa farsa monumental, se abrir a porta ao Papa João XXII de forma a que este pudesse (pouco faltou) considerar hereges os seguidores de São Francisco de Assis.

Enquanto isto se passa e Guilherme desvenda o mistério das mortes, somos levados a comer cinco ou seis vezes entre frutos secos, canja e arroz com carne, terminando com bolos vários, fatias de tomar e café. Tudo isto regado a tinto, por vezes quente (e que bom que era), ajudava a (re)criar o ambiente. Tudo, mas tudo bom. Muito bom. Vamos certamente continuar a acompanhar as aventuras de Carlos Carvalheiro e companhia e tentar fazer com que muitos mais amigos nos sigam. Da primeira vez fomos quatro. Desta vez fomos treze. Da próxima quantos iremos?

O Nome da Rosa (The name of the Rose)

O Nome da Rosa
versão teatral a partir do texto de Umberto Eco
Convento de Cristo – Tomar
Domingos às 18h18m
Interdito a menores de 12 anos e a portadores de telemóvel

Da nossa passagem por Tomar há ainda a referir o repasto de almoço tardio que nos foi servido pela Sra. Maria no restaurante “O Petisco”. Os secretos de porco no brasa abundantes e apetitosos, o pão e o vinho da casa (outro jarro e o teatro era logo ali) e os miminhos (tanto doce de ovo meu Deus) a finalizar deixaram-nos com vontade de lá ir provar outras especialidades da casa. A repetir certamente.

O Petisco
Rua Centro Republicano, 105
Telf. 249 324 422
2300 Tomar

É da Battlestar Galactica que estou a falar. A terceira season só terá inicio em Outubro deste ano. Estava a ser usado para esta série o mesmo modelo de transmissão que fez (e continua a fazer) sucesso com Stargate: Toma lá 10 ou onze episódios, espera dois ou três meses e leva lá o resto. Season terminada. Por alguma razão que o Sci-Fi Channel não revelou, a proxima season será apresentada de uma só vez e para tal é preciso algum tempo. Até Outubro. Não bastava já a espera por novos episódios de Prison Break

Já que estou numa de séries mais uma novidade sobre Lost (esta toda a gente conheçe certo?). Ao que parece num dos últimos episódios aparece por breves instantes um livro chamado “The Third Policeman“. Trata-se de uma obra surrealista de Flann O’Brien que vendeu mais de 10.000 cópias nos EUA após esta pequena “aparição”. A equipa de produção da série é a primeira a dizer que não é por acaso que o livro a aparecer é aquele. Aparentemente a leitura deste dará muito mais material para teorizar sobre a ilha onde tudo acontece. Mais não digo a não ser que o livro foi publicado pela primeira vez em 1940.

E mais um fim-de-semana que se passou. E então? E então dois livros de banda desenhada. Dois registos diferentes, duas razões diferentes e dois estados de espirito diferentes. Um só prazer. Ler boa banda desenhada.

Começo por “O mensageiro da Morte”. Trata-se de um album de Spirou e Fantasio (L’Ankou como titulo original) pubilcado pela Editorial Pública em 1982 para o Circulo de Leitores e republicado mais tarde, em 1985, no Jornal da BD entre os números 161 a 168. É Spirou de Fournier (original de 1978). Entretenimento com uma dose de cultura geral que baste para conhecermos uma personagem da mitologia da Bretanha… Comprado por 5 euros numa loja de livros em 2ª mão ali para os lados do Convento do Carmo, juntou-se à estante como um dos poucos públicado por cá e que ainda não tenho. Se alguem tiver por ai coisas destas e que se queira desfazer delas, avise.

Blacksad - Red Soul - CoverO segundo é coisa diferente. Blacksad – Alma Vermelha (Âme Rouge). Uma prenda de Natal da Susana que dificilmente poderia ser melhor escolhida. Estão a imaginar um film noir? Daqueles com o Bogart, gabardines e muitos, muitos borsalinos? Agora imaginem isso mas com animais antropomorficos como personagens principais. Não se iludam. Apesar das cabeças de animais em cima de fatos impecavelmente desenhados e vestidos justos, nós estamos na América dos 40 (século passado, pós WWII) e ninguem tem dúvidas disso. A politica (e as suas intrigas) está lá assim como o crime e a paixão. Está lá tudo. Apesar desta Alma ser já o 3º tomo de Blacksad, não me encontrei obrigado a ler os dois anteriores. A não ser por uma razão: Porque sim. Porque gostei muito. Porque é muito bom. Porque o trabalho de Juan Diaz Canales e Juanjo Guarnido é referência a partir de agora cá em casa…

E que mais? A cadeira tipo escritório cá de casa já foi… Cumprindo fielmente a sua função desde 1999, agora que viu a mesa ir, estava na altura dela ir também. Já foi. Em seu lugar fica uma nova cadeira velha, pau e veludo… Tem tudo a ver… E ainda por cima é confortável… Que se pode pedir mais?